quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010 a todos nós!


Acordei hoje ligando a mente e despejando uma espécie de retrospectiva 2009 de minha vida e as coisas que aconteceram ao meu redor nos últimos 365 dias. Um exercício bacana. Um desafio memorial em busca das alegrias, angústias, conquistas, perdas, enfim.
Para meu alívio, a conclusão é que nada saiu do eixo nesse ano que se finda. É claro que certos tropeços me arrebataram. Mas os acertos, as conquistas, as aberturas, as confirmações... tudo isso falou mais alto.
Portanto, a hora é de agradecer a Deus pela vida vitoriosa, torcer por um 2010 mais promissor ainda e desejar aos amigos e afins uma nova etapa de sucessos na plenitude. Que venha o Ano Novo. Que venham os desafios. Assim como eu, acredito que todos nós estaremos prontos para atravessá-los de maneira digna e eficaz.

Gilson Sousa

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Momento Baudeleire: revisitando a dor


“Apenas é igual a outro quem prova sê-lo e apenas é digno da liberdade quem a sabe conquistar”
Charles Baudelaire


2009 terminava ainda naquela semana e já entrava para a história dele como um ano daqueles que nem fede nem cheira. Era a primeira das décadas do novo século indo embora. E ele sem nunca ter tido turma nenhuma. Sempre amargo. Anos após anos. Aliás, achava que o mundo era hipócrita demais para cultivar convivências. E talvez por isso não queria celebrar coisa alguma. “Adeus 2009”, bastava-lhe dizer.
Naquela noite, enquanto pessoas incomuns planejavam festas, a cabeça dele estava a mil. Sempre questionando condutas alheias. Sempre se penitenciando não se sabe por quê. A única clareza é que era avesso a pessoas. Décadas e décadas se passando. Olhos de traíras rondando sua vida. Mentes inúteis e até bestas demais se apresentando no dia a dia. Nada de contento. As horas passando e 2009 indo pra bem longe de sua história.
Quem sabe nessa nova década algo mude. Ou até mesmo no aproximado 2010. Ano do Tigre, segundo os chineses. Mas pelo visto, ele não acredita em nada. Pessoas o assustam. “Mentes bestas”, repete. Faz questão de fracassar em tudo. Até porque não acredita em quase nada mesmo. Talvez nele, quem sabe. Mas precisa fugir disso. Fugir dele e do mundo mergulhado em hipocrisias. Precisa logo. É quase quinta-feira, e essa festa não lhe parece trazer novidades.

Gilson Sousa

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Copo virado


Foi aquilo que você tinha previsto. Exatamente aquilo. Quando entrei no bar, ainda cedo, ninguém me percebeu. E eu fui o primeiro a me sentir ausente de mim mesmo. Sem o sorriso de antes. Sem a certeza do abraço. Sem braço também. Por um instante fiquei acuado. Mas esse álcool é desbravador. Bastou um instante mais sólido e eu comecei a lacrimejar. Pensei em você, pensei no mundo.
Foi tudo o que eu não esperava um dia. As paredes do coração desmoronando e eu sem poder fazer nada. Agora o bar estava repleto de fantasmas. Todos querendo me embriagar. E eu acuado, ainda. Procurando você, mas sem querer olhar pra você. Na vitrola, Chico Buarque cantarolava uma melodia triste. Na minha vitrine, um homem esquálido, sem pé, sem graça, sem cabeça.
Foi aí que eu me apavorei. Exatamente como você tinha previsto. Desabei quando você entrou no bar esbanjando paixão. Não mais por mim. Mas por quem, ao que parece, soube segurar na sua mão. Eu não. Procurei apenas mergulhar no meu copo. Olhei pra mim mesma e me percebi. Virei e quando fui embora, deu ainda para ouvir o Chico dizer: “Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas depois, como era de costume, obedeci”.

Gilson Sousa

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Impostos desumanos


Ainda me espanta a voracidade com que esse governo federal arrecada impostos da população e setores produtivos. Estamos carecas de saber que nós brasileiros dormimos sob o peso de uma das maiores cargas tributárias do mundo. E cadê a tal contrapartida? “Quem vê morre”, como diria minha mãe Marita.
Pois bem. Nesta semana dei de cara com uma notícia dessas que deixa a gente perplexo. “A arrecadação federal no mês de novembro superou em R$ 10 bilhões a do mesmo mês do ano passado, R$ 53,6 bilhões, um resultado recorde para o mês”, dizia o texto. “Esse resultado reflete o nível de atividade da economia e pode garantir o cumprimento da meta de superávit primário, de 2,5% do PIB para este ano, o que era considerado impossível por causa da crise e das desonerações promovidas pelo governo para diversos setores”, continuava.
Paralelamente, vi reportagem na televisão mostrando que vários hospitais brasileiros irão deixar de atender pacientes em tratamento de hemodiálise porque o repasse do SUS não cobre as despesas. Aí o Ministério da Saúde logo se apressou em dizer que não podia fazer nada, pois já envia o que pode aos hospitais. É mole?. A gente vive mesmo num país de idiotas.
E enquanto isso, as mordomias governamentais se espalham pelo Brasil afora. É muita gente botando banca e ostentando riqueza com o dinheiro alheio. Esteja este em cuecas, meias ou bolsos de paletós. A farra é sempre grande. A solapada também. Pois enquanto os bilhões de impostos seguem rumos incertos, sem querer generalizar nada, certas ‘mordidas’ fazem com que as estradas continuam esburacadas, milhares de pessoas continuem vivendo sem saneamento básico, outra grande parcela sem acesso à moradia digna, enfim....


Gilson Sousa

domingo, 20 de dezembro de 2009

Nosso verão será mesmo dos outros. Paciência!


Por mais que eu queira ser um aracajuano bairrista, não dá para dizer que o governo pode ‘vender’ turisticamente o verão de Sergipe chamando o povo de fora para ver shows de Amorosa, Patrícia Polayne ou Maria Scombona na programação cultural à beira da praia. Seria pedir demais. Ninguém lá fora ouviu falar dessas criaturas, apesar de serem bons artistas. Aí cria-se aquele dilema: ou não são conhecidos porque não têm espaço na mídia nacional ou não têm o que mostrar e portanto não são conhecidos. Resultado: não atraem ninguém.
Tenho parentes e amigos no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Goiânia. Sempre que me perguntam sobre programação de shows no verão sou obrigado a dizer que por aqui vão estar Daniela Mercury, Vanessa da Mata, Olodum, Lenine, Margareth Menezes, Dudu Nobre, Carlinhos Brow, Skank, J. Quest, Martinália e Detonautas. Tudo artista de fora do Estado. Uma tristeza para a gente, mas é o que a realidade nos impõe.
A propósito, quero dizer que tirando o nome do inquieto Carlinhos Brow, temos aqui em Sergipe artistas no mesmo nível dos demais citados. Não no nível de mídia, como já coloquei, mas no nível de talento. Para compor, para tocar e para interpretar. Basta dar ouvidos a Pantera, Paulo Lobo, Joésia Ramos, Nino Karva, Minho San Liver, Rubens Lisboa, Cata Luzes, João Ventura e tantos outros. Mas quem é que já ouviu falar nesse povo, não é verdade?
Então que venha o verão 2010 patrocinado pelo poder público. Com seus artistas forasteiros recebendo cachês milionários e muitas vezes torcendo o nariz para o público local. É o que temos e o que merecemos, por ora. Um dia, quem sabe, não precisaremos mais contratar atores globais, com cachês astronômicos, para divulgar a imagem de governos na televisão. Um dia, quem sabe, olharemos para o próprio umbigo, não como meros bairristas, mas sim como defensores de uma cultura local. Uma cultura própria, quem sabe.

Gilson Sousa

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jornalistas profissionais: esperança renovada

Está no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj):
PEC dos Jornalistas é aprovada na CCJC do Senado

A PEC 33/09, que restitui a exigência do diploma de jornalista, foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta quarta-feira (02/12). A PEC, de autoria do senador Valadares, foi aprovada por 20 votos contra dois. Posicionaram-se contra apenas os senadores Demóstenes Torres (DEM/GO) e ACM Júnior (DEM/BA). A matéria agora segue para apreciação em plenário.
“Os patrões vieram para a disputa e jogaram pesado”, conta o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. Prova disto foi o acompanhamento da reunião da CCJC pelo próprio presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Daniel Slaviero, que, antecedendo os debates, fez um corpo-a-corpo junto aos parlamentares, inclusive distribuindo panfleto da entidade.
Para Murillo, a presença de representantes do empresariado reforçou o que a FENAJ já vinha apontando, que a questão do diploma não está ligada às liberdades de expressão e de imprensa, mas sim às relações trabalhistas entre empregados e patrões. “Foi mais uma vitória importante do movimento pela qualificação do jornalismo”, disse o presidente da FENAJ. “Mas ainda temos muito trabalho pela frente”, completou, controlando o tom comemorativo de outros dirigentes da entidade e de Sindicatos de Jornalistas que o acompanhavam.
Nesta semana deve ocorrer, ainda, uma reunião entre os autores e relatores das PECs que tramitam na Câmara dos Deputados e do Senado, juntamente com a coordenação da Frente Parlamentar em Defesa do Diploma e com dirigentes da FENAJ. O objetivo da reunião é estabelecer ações para que a tramitação das matérias avance ainda mais em 2009.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Praia e Rocha: tudo a ver


Tenho acompanhado de perto a repercussão da proposta lançada ao público pelo colega jornalista Dílson Ramos (www.dilsonramos.blogspot.com) sobre uma possível mudança de nome na rodovia que beira as praias de Aruana, Robalo e Mosqueiro, em Aracaju. Até agora chama-se José Sarney, em homenagem ao senador cuja reputação é colocada à prova a todo instante. Todavia, a intenção de boa parte dos aracajuanos é mudar o nome, e a proposta de Dílson aponta para o nome de Gilvan Rocha.
Rocha, para quem não sabe, foi um brilhante senador oposicionista por Sergipe na época em que o país vivia dominado por uma ditadura militar. Passou por longe da corrupção. Nasceu em Propriá, foi médico e professor universitário, brilhante orador. Pertencia aos quadros do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e aqui em Sergipe superou nas urnas a Arena e sua maior liderança, Leandro Maciel. Portanto, a homenagem a Gilvan Rocha, em substituição ao indesejável Sarney, seria bem justa, caso o governo estadual se sensibilizasse com a causa. Atualmente, é bom frisar, existe apenas um condomínio do PAR, na Farolândia, com o nome dele. Muito pouco, considerando o porte do personagem.
A propósito, bastava o governo cumprir o que determina a lei. Isso porque as homenagens a pessoas vivas contrariam o disposto na Lei 6.454/77 e os próprios princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além da Resolução 497, de 20 de fevereiro de 2006, do Conselho da Justiça Federal (...). A legislação é claríssima: "é proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas jurídicas da Administração indireta". Aí, muita coisa teria que mudar também nesse país afora.
Portanto, ficaria até mais legal, mais audível, falar em Praia do Rocha, ao invés de Sarney, como muita gente já se habituou ao citar algo sobre aquela região. Praia do Rocha. Vamos lá. Não tem rocha alguma na região da Aruana até o Mosqueiro, mas isso acabaria aguçando mais ainda a curiosidade de turistas que ficariam doidinhos em saber de onde veio esse tal Rocha no nome da praia. É ou não é?. Pense bem.


Gilson Sousa