sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Thiago Neves vale muito mais que um hospital


Você tem ideia de quanto vale o dinheiro que carrega no bolso, na carteira ou mesmo na conta bancária? Nem eu. O que sei é que nesse sistema capitalista cada vez mais perdemos a noção de valores. Tanto na ética, na moral, nos costumes, quanto na economia, na sobrevivência.
Digo isso porque fiquei estarrecido – não é de agora – com certos valores financeiros gastos com o futebol brasileiro. E olha que não me refiro ao topo da tabela. Nem muito menos ao pagamento de altíssimos salários de jogadores e técnicos. Mas ontem mesmo li matéria nos jornais dizendo que o Flamengo deverá desembolsar cerca de R$ 18 milhões para contar com o jogador Thiago Neves na temporada 2012. Esse é o valor a ser pago pelo passe que pertence a um time da Arábia. Em seguida, li outra matéria dizendo que o governo do Estado de Sergipe gastou R$ 15.936.019,55 para construir um hospital regional em Estância. E aí?
Aí que a cabeça entrou em parafuso. É claro que o futebol é uma instituição importante para o povo brasileiro. É uma espécie de ópio. Mas há tempos estamos supervalorizando as coisas por aqui. Não é justo investir tanto dinheiro assim para um cara jogar bola. Justo é gastar na construção de um hospital, de uma escola. Ou não? Mas quem é que vai ligar para isso, né.
Em tempo: o hospital regional de Estância inaugurado ontem conta com 107 leitos para internamentos, com salas divididas para adultos, pediatria, UTI, isolamento e puerpério (pós-parto). Como nos padrões internacionais, trabalha com as áreas vermelha, amarela e verde. Possui ainda um bem equipado Centro Cirúrgico com salas para cirurgias, partos, pré-parto e recuperação pós-anestésico. Quanto ao jogador do Flamengo, Thiago Neves, sequer vai ajudar o time a conquistar uma vaga na Libertadores da América do ano que vem. Mas deixe isso para lá.

Gilson Sousa

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O país das faculdades perebentas


A desvairada sede do governo brasileiro em oferecer vagas em cursos de nível superior país afora, está mostrando sua verdadeira cara e obtendo seus reais efeitos. Após mais uma desastrosa avaliação dos cursos através do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que mede o rendimento dos alunos de graduação, ingressantes e concluintes, o Ministério da Educação (MEC) achou por bem punir com medida cautelar 60 faculdades que tiveram o Índice Geral de Cursos (IGC) abaixo de 1,45 em 2010 e conceitos insatisfatórios (1 e 2) nos dois anos anteriores. Algo vergonhoso no mundo do ensino superior.
Sergipe não teve nenhuma de suas faculdades incluídas nesta lista de 60, mas em compensação, na avaliação deste ano, apenas a UFS e Unit obtiveram nora 3, de um total de 5. As demais, entre elas Pio Décimo, Fanese e Fama, ficaram com 2. Ou seja, nada vai bem no ensino superior local. E por que isso acontece? Porque o ensino superior virou uma mercadoria. Para o governo, o que interessa é o número alto de gente matriculada nas instituições. A qualidade do ensino/aprendizagem é o que menos importa. Importa mesmo é sair dizendo mundo afora que ‘tantos milhões’ de jovens brasileiros frequentam o ensino superior. Isso sim pega bem.
Enquanto essa tragédia persiste, constatamos por aí a formação de péssimos profissionais da área de saúde, horríveis advogados, inacreditáveis professores e até espantosos engenheiros. E aí querem chamar esse país de desenvolvido. A propósito, nessa historia toda de reprovação de faculdades, doeu mesmo foi ver o nome de uma das instituições ´perebas’ do Rio de Janeiro incluído na lista: Faculdade Machado de Assis (Fama-RJ), com nota 1,36. “Nosso mestre da literatura, o velho bruxo das letras, não merecia tal decepção”, diria o leitor.
Quanto às punições, segundo o MEC, as instituições incluídas na lista ficam proibidas de aumentar a oferta de vagas em seus cursos de graduação e pós-graduações lato sensu, têm suspensos os recredenciamentos e autorizações de cursos (processos que validam os diplomas dos alunos) e irão ficar sob supervisão do ministério até que sanem as deficiências. Bem feito.

Gilson Sousa

sábado, 19 de novembro de 2011

Atenção: beber cerveja todo dia faz bem e combate até diabetes


Tá vendo aí! Os meus amigos Chico Ribeiro, Cirleide Souza, Adiberto Souza, Isaac, Matheus e tantos outros estão corretíssimos. Beber cerveja todo dia é uma maravilha. E quem disse isso foram respeitados pesquisadores espanhóis após um estudo realizado com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos. Segundo os especialistas, tomar uma caneca da bebida por dia combate diabetes, evita ganho de peso e previne contra hipertensão. Além de ter graduação alcoólica baixa, a cerveja contém ainda ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio - nutrientes que protegem o sistema cardiovascular. Tá ruim, é?
Como se não bastasse a boa notícia, os estudiosos espanhóis dizem que a cerveja não é a responsável pelo aumento da gordura abdominal. A culpa, na verdade, seria dos aperitivos gordurosos, como salgadinhos e frituras, que grande parte das pessoas consome junto à bebida. E a gente bem sabe disso. “Nesse estudo, nós conseguimos banir alguns mitos. Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral”, confirma a médica Rosa Lamuela, uma das responsáveis pela pesquisa feita em parceria entre a Universidade de Barcelona, o Hospital Clínico de Barcelona e o Instituto Carlos III de Madri.
No caso da gente, cervejeiros convictos, aponto somente um possível problema: nunca ficamos apenas numa única caneca diária. Mas até acho que isso ajuda no fortalecimento dos benefícios. Portanto, como bem disse o cronista Xico Sá, “bebo muito e escrevo socialmente”. Vou ali tomar a minha caneca de hoje.

Gilson Sousa

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Paraíso dos corruptos


E a corrupção não dá trégua nesse país. Parece até que está no sangue do brasileiro que se envolve com política. Principalmente naqueles que são ordenadores de despesas. Isso, é claro, respeitando as exceções. Que são muito poucas, aliás.
Ainda bem que temos uma imprensa investigativa e corajosa na maioria das vezes. Afinal, em apenas 11 meses de governo da presidenta Dilma Rousseff, seis ministros já caíram. E o sétimo está a caminho. Podem anotar.
Segundo a imprensa, a "faxina" comandada na Esplanada dos Ministérios já derrubou Pedro Novais (PMDB-MA) do Turismo, Wagner Rossi (PMDB-SP) da Agricultura, Antonio Palocci (PT-SP) da Casa Civil, Alfredo Nascimento (PR-AM) dos Transportes, Nelson Jobim (PMDB-RS) da Defesa, e Orlando Silva (PCdoB) do Esporte. De todos, apenas Jobim não caiu após denúncias de corrupção. Ele se afastou após a repercussão negativa provocada por declarações polêmicas sobre o governo e colegas de ministério.
O próximo da lista deverá ser Carlos Lupi (PDT) do Trabalho. Quase todos os que caíram por envolvimento em corrupção eram integrantes do grupo de ministros herdados da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, há tempos tinha gente metendo a mão no dinheiro público. Fosse no Japão, muitos deles davam um tiro de revólver na própria cabeça. Mas no Brasil, sabe como é que é, né. Até parece que o crime compensa.

Gilson Sousa

domingo, 6 de novembro de 2011

Morte de cinegrafista no Rio é um alerta aos jornalistas


Lamentável a morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, ocorrida neste domingo enquanto exercia sua atividade profissional no Rio de Janeiro. Bem sei do risco que representa à vida essa nossa profissão de jornalista. Ainda mais em cidades violentas como o Rio, onde a imprensa tem a missão de acompanhar de perto os conflitos entre bandidos e polícia. E foi justamente num desses conflitos que Gelson Domingos perdeu a vida.
Mesmo usando um colete à prova de balas, durante a cobertura da operação policial na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste da cidade, o cinegrafista acabou sendo atingido por um tiro de fuzil que ultrapassou sua proteção. “Foi muito rápido. Ele foi atingido pelos disparos e caiu imediatamente. Não deu nem para tirá-lo da viela. Homens do Bope começaram a atirar contra o grupo. Fiquei no meio do fogo cruzado e deitei no chão. Gelson em nenhum momento parou de filmar. Ele filmou quem o matou”, relatou o repórter Ernani Alves, colega da TV Bandeirantes.
Aqui em Sergipe os riscos na profissão de jornalista não chegam a ser assustadores, mas nunca é bom descuidar. Lembro que em meados da década de 1990, quando eu trabalhava como repórter no jornal Cinform, cheguei a correr de tiros de revólver disparados contra nossa equipe dentro de um laranjal em Boquim. Na ocasião, em companhia do sindicalista Carlos Gato, que pouco tempo depois foi assassinado, eu e o repórter fotográfico Marcos Lopes fazíamos uma reportagem sobre o trabalho infantil nos laranjais da região Centro-sul de Sergipe. Ainda bem que saímos ilesos daquela.
Quanto ao repórter cinematográfico Gelson Domingos, que tinha 46 anos de idade, resta-nos lastimar pela morte, mas também cobrar das empresas de comunicação e entidades da área mais atenção ao profissional que coloca sua vida em risco sempre que vai em busca da melhor imagem, da melhor informação a ser passada para o mundo. Com tanta temeridade em jogo, fica claro que os profissionais da imprensa no Brasil precisam se proteger muito mais, e isso depende de investimentos e treinamentos. O alerta já foi dado.

Gilson Sousa

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A celebração do Domeq


Anota a cultura oriental que no dia de finados, a melhor homenagem que podemos fazer aos entes que se foram daqui, é oferecer-lhes um alimento que era muito apreciado em vida. No caso do nosso eterno amigo/irmão Cleomar Brandi, o incomparável Chico Ribeiro Neto, seu irmão de sangue, não pensou duas vezes. Foi lá no bar de Simeão, comprou uma dose de conhaque Domeq, acondicionou numa garrafinha plástica, pediu um copo descartável e veio para mim com a missão:
- Gilson, não estarei aqui em Aracaju no dia de finados. Mas peço que vá no cemitério e deixe essa dose de Domeq ao lado do túmulo de Babalu (Cleomar). Se o coveiro beber, acho que ele vai ficar feliz. Se não beber, é capaz de ele mesmo voltar pra fazer isso!
Dito e feito. Com uma vela na mão, a garrafa com o conhaque na outra, fui direto à sepultura 14173 na Colina da Saudade. Muita gente ao redor olhava curiosa o ritual etílico pós-vida mundana. Mas ninguém ousava dizer nada. Rapidinho, como um daqueles garçons eficientes que tanto agradavam Cleomar, postei a dose ao pé do túmulo. Tentei acender a vela, mas o vento não deixou, fiz uma oração, agradeci a Oxalá por Ele estar entre nós e me despedi mais uma vez do meu amigo. Minutos depois, tratei de enviar a mensagem ao celular de Chico:
“Tarefa dada, tarefa cumprida. Babalu deve estar agora saboreando essa dose, esteja onde estiver”.

Gilson Sousa