terça-feira, 19 de julho de 2011
Um legado de positividades
O amarelo dos girassóis o espera em seu próximo caminho. Esse foi o plano traçado por Cleomar Brandi pouco antes de partir. Foi com a certeza de que lutou pela vida até onde pôde. Disso tenham todos a mesma certeza. Mas chegou sua hora. O mistério da morte o atravessou dessa vez, depois, é claro, de várias tentativas em vão.
“Tô indo, Negão”. Foi o que me disse num dos últimos momentos de lucidez plena. E eu vi que estava mesmo. Era ali o senhor dos tempos. O espírito platinado. O cavaleiro blindado. O homem ungido sob a capa de Oxalá. Foi-se o amigo, o irmão, o companheiro, o mestre. Ficaram todas as lições possíveis.
Nesse mundo de Deus, Cleomar amou e foi amado por muitos e muitas. Incompreendido por poucos. Geralmente, homens ciumentos que não entendiam quase nada sobre a arte da conquista feminina. Nada de poesia. Nada de boemia. E tudo isso sim, território extremamente dominado por ele.
O que sei é que Cleomar cumpriu aqui sua missão de ensinamentos. Jamais deixou de lado a mala da dignidade, da tolerância, do afeto, da compreensão, da grandeza espiritual. Era um ser preciso. Calcado na escola da resistência. Vivia sob os afagos da família, dos amigos, dos seus amores carnais. E se alimentava de luz.
Na maioria das vezes, o álcool foi seu fiel companheiro na dor física. Quase ninguém percebia isso, mas as exageradas doses de conhaque ou uísque eram uma tentativa de camuflar incômodos dificilmente suportáveis por qualquer um de nós. No entanto, a ternura era elemento imprescindível nessas horas também. A poesia o tornava um gigante. E disso ele tinha a exata noção.
Claro que vamos derramar lágrimas um, dois, três dias. Vamos chorar de tristeza, sim. Mas depois disso teremos a dimensão do seu legado. Viver intensamente cada instante.
Saber driblar obstáculos com sapiência. Acreditar em tudo o que fazemos de correto. Estender a mão sempre que possível. Mas acima de tudo, dar crédito ao amor, à amizade. Isso é o que importa na vida.
Ficarão as lembranças, Cleomar. Com elas, a certeza de que poderemos sempre brindar à vida em seu nome, mesmo que distante de nós. Até porque, apenas foi-se o corpo cansado de um guerreiro, mas ficou um gigantesco legado de positividades para que possamos prosseguir carregando nossas pedras. Adeus, Cleomar.
Gilson Sousa
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Bacana, Gilson, realmente você mostra o Cleomar verdadeiro. Convive com ele e mesmo não conviveno intençamente com ele nos últimos tempos conseguir extrair muito desta figura muito importante para o jornalismo e a cultura sergipana. Pra mim fica a pureza.
ResponderExcluirQue Deus o ilumine nestes caminhos da desencarnação. Abraços amigo.
Antônio Leite
Realmente Gilson, é uma pena perder uma pessoa desse porte. Soube ontem da morte dele e acompanhei cada instante. Só não fui ao Cemitério por conta das minhas atividades diárias. Você deve está muito triste, afinal de contas, convivia com ele nos momentos alegres e tristes, mas força meu amigo! Infelizmente, a morte é a única certeza que temos na vida.
ResponderExcluirIsaac
Gilson,
ResponderExcluirDesejo-lhe que chore todas as lágrimas possíveis.
Derrame cada momento de prazer e felicidade que você passou com seu maior amigo.
Esse ato de amor lhe dará discernimento para plantar todas as boas sementes que você colheu junto de sua brilhante lanterna.
Abraços!
Venancio
Bacana, cara! Bacana! Faça-me um favor, se tiver a última crônica de Cleomar digitada, manda pra mim.
ResponderExcluirAgradeço.
Abs
George
Oi meu amigo.
ResponderExcluirQuando soube da notícia, apenas ontem pelo jornal, só lebrei d vc...
bjus
Eliene
Lindo, Gilsinho, penso exatamente assim, fiquemos com o legado extraordinário que Cleo nos deixou e façamos jus a ele.
ResponderExcluirbjo grande, Monica
Bom dia, Gilson. Adorei o texto. Bjs
ResponderExcluirSusyane Noronha
Seu texto tá muito bom. Devo publicá-lo também.
ResponderExcluirJozailto
Lindas palavras... cheias de carinho, ternura e amor. bj manu
ResponderExcluirObrigado por dividir essa experiência de vida.
ResponderExcluirJoelma
Gilson, foi o texto mais exato sobre Cleo que li até agora. Eu assinaria embaixo. Só uma pessoa que o conhecia tão bem e o amava com a mesma intensidade esreveria algo assim... Emocionante.
ResponderExcluirUm abraço, Gilson.
Arlinda Carvalho
Lindas Palavras ! Aliás, tudo que se faz com Amor se torna lindo, e o resumo de tudo que vc escreveu é Amor, Amor de amigo, de irmão ... Lamento a sua dor !bjOs !
ResponderExcluirÍris Fabianna !
Que lindo, amigo!
ResponderExcluirEstou aqui, viu? Meio debilitada, mas com força suficiente para aguentar sua dor.
Beijo no coração.
Beatriz Allan
Sinto pela perda dessa iluminada alma e grande amigo que foi, o qual, infelizmente, não teve o privilégio de conhecer pessoalmente... Sinto pela dor que comprimi seu coração e espírito neste momento... Sinto pelas longas risadas que não poderão dar mais juntos... Os céus por onde não voarão mais... Mas, alegro-me! Pois, não tão valioso quanto o contato, porém importante, ficaram as LEMBRANÇAS. Lembranças essas que jamais serão apagadas... E que sublimemente explicam a "sorte" da presença desse SER em sua vida... As pessoas não surgem por acaso , do nada em nossas vidas. Sempre, sempre, mas digo sempre mesmo elas trazem um propósito que ambos descobrirão juntos no semear de cada dia. Seja por uma decada ou apenas uma primavera. O que experienciou e o que aprendeu ao lado deste grande HOMEM é o que se leva da vida.
ResponderExcluirQueria muito te dar um abraço forte e te descansar por, pelo menos, alguns instantes... FORÇA!
Ingrid Evans.
Porra negão, me emocionei com o seu texto. Do caralho!!!! Abs.
ResponderExcluirPaulo Lobo
Chega um momento que não dar para fugir do destino de todos nós. Que Deus, o absorva dos seus possíveis pecados, e o conduza ao seu merecido descanso. E você negão, é um grande amigo.
ResponderExcluirAbs
Jilvan
Que linda mensagem, Gilson!
ResponderExcluirSuas palavras... com elas entendi a importância desse Grande Homem em sua vida. Que exemplo de Vida Bem Vivida!!!!
Fico a imaginar a honra em ter um Homem desse como amigo... arrependo-me de não tê-lo conhecido...
Gilmeire