Durante anos de amizade e certa cumplicidade com Cleomar Brandi, que faleceu em julho do ano passado, sempre ouvi histórias e mais histórias de um lugar chamado Ipiaú, sua terra natal. Sem dúvida, era um nome novo para todos os aracajuanos, até porque a Bahia tem mais de 400 municípios e ninguém é obrigado a conhecer um por um. Mas Ipiaú caiu no gosto da gente por conta justamente, é claro, da devoção de Cleomar ao torrão natal.
Dito isso, na semana passada, um dia antes do aniversário de nascimento do velho amigo que se foi, arrumei a mochila e parti rumo a Ipiaú, coisa de mais ou menos uns 700 quilômetros daqui. E haja paisagem pela janela do ônibus da Gontijo até Ilhéus, destino mais próximo. Mas enfim, depois de quase 12 horas de viagem, cheguei a Ipiaú. Uma típica cidade do interior brasileiro. Tem de tudo um pouco. Vasculhei o território de ponta a ponta. Pisei em solo de Cleomar.
Andei pela rua 2 de Julho, na qual ele e seus irmãos nasceram e viveram a infância; passeei pela praça Ruy Barbosa, ponto da cidade que marcou a gurizada; percorri as margens do rio das Contas, a maior referência da infância de Cleomar; conversei com muita gente da cidade, bebi cerveja gelada nos barzinhos do centro; fiz amizade com o jornalista local Zé Américo; e até concedi entrevista na rádio Educadora de Ipiaú. Ou seja, uma viagem proveitosa.
A cidade onde nasceu Cleomar Brandi, cravada na região cacaueira da Bahia, é pequena e organizada. Tem um excelente povo devoto de São Roque, um comércio respeitável e uma acolhida que não faz inveja a cidade alguma da Bahia. Tudo do jeito que Cleomar preconizava. Aliás, saí de lá com a informação de que nosso Cleomar Brandi (e deles também) vai virar nome de rua na cidade. Uma homenagem justa a um filho ilustre. Vida longa a Ipiaú.
Gilson Sousa