segunda-feira, 29 de junho de 2009

A caminho da praia


Amaral Cavalcante (folhadapraia.se@gmail.com)


Quero viver perto do mar! Transferir-me para o sem-fim da praia e escancarar-me ao sol da Atalaia. Quero deixar o mormaço da cidade com suas ruas bêbadas de piche. A maresia grudada nos cabelos, quero mergulhar toda manhã sete ondas rasteiras, orando ao sortilégio da imensidão. Quero viver percustando o mar que banha a humanidade, esse mundão de água e valentia, esse lugar de ninguém. Do mar, eu quero o sal da vida.
- Vou me mudar para a Atalaia!
Nos idos sessenta a praia de Atalaia era um lugar distante, nos cafundós de Aracaju. Alguns ricos mantinham lá suas casas de veraneio, mas o povão tinha de enfrentar a marinete aos domingos - um frege alucinante de quebra-coco e suores – para alcançar as delícias da praia. “Banhistas”, era chamada assim a patuléia! O ponto de embarque ficava no oitão da Alfândega, na pracinha General Valadão. Filas e filas em qualquer domingo ensolarado, uma alegre profusão de gente humilde com seus teréns malajambrados, no empurra-empurra que nóis gosta!
E a quem se aboletava lá dentro, na escassa marinete da Bonfim, o purgatório: como arrumar o cesto de camarão, a prancha de pegar jacaré, as câmaras de ar para boiar em pneumáticas performances? As comidinhas nos bocapius, o rádio portátil, a esteira de junco pra não melar o fundilho na areia e os frascos de azeite de dendê com essência de maçã para se bronzear, tudo havia de caber.
Tirando essa aglomeração que se passava unicamente aos domingos, a Atalaia restava na semana como o grande mocó dos amantes, para levar a paquera às novidades do mar e suas possibilidades eróticas. Muito cabaço se foi e muita história ficou pra contar.
Seu Caboclinho mesmo, o último dos “nativos” que ainda teima por aqui com o seu bar de peixe frito, conta para quem quiser a história da fulana que se assustou com o manguaço, a brochada do playboy, e o espetacular “engate” daquela filha de gente grande que casou depois com um bunda-mole qualquer. Quem não se lembra desse acontecido que nos rendeu um frenesi de fofoca? Foi-não-foi e já apareceu gente que testemunhou o escândalo, dando conta de que o casal que se engatara na Atalaia teve que ser transportado na carroceria de uma caminhonete para o Hospital Cirurgia, onde, aos cuidados médicos e a custa de injeções calmantes, ploft!, conseguiu desengatar-se. Ela, moça de família tradicional; ele, um imberbe qualquer de pau descomunal e reticente.
Também foi aqui na Atalaia que um grande estelionatário armou – para desgosto das autoridades provincianas - o golpe da “Ova de Camarão” e com ele ridicularizou os nossos brios de cidade moderna, no afã do desenvolvimento industrial. Nesses idos, quem cuidava disso por aqui era o CONDESE, criado pelo Dr. Aloísio de Campos, economista, planejador emérito e grande figura! O galego de fala enrolada convenceu os técnicos de que se desperdiçava em nossas praias a riqueza industrializável da ova de camarão e, para melhor convencimento, levou-os a mastigar a areia da Atalaia: - “Isto é ouro puro, sinta o gosto! Vamos exportar para o mundo!”. Foi-se para as Bahamas com um saco de dinheiro emprestado pelo Banese a perder de vista, e babau.
Mas eu queria porque queria a imensidão do mar. Acontece que a Atalaia era, então, muito estreita para o meu desbunde: ia do Vaqueiro ao Salva Vidas, a cem metros de onde desaguava a marinete. Lá estava no final de tudo o velho Salva Vidas, uma torre circular que abrigava aos domingos, debaixo de si, a família aracajuana e suas impolutas virgens. Local resguardado, onde se esvaíam as possibilidades de interação entre os veranistas e a patuléia. Lá exibia a última moda em maiôs e costumes a moçada inexpugnável da sociedade: coxas carnudas, bundas de quilo e meio, peitinhos juvenis apontando o céu. Credo em cruz se um de nós, egresso das marinetes da Bomfim, ousasse se chegar ali com qualquer chamego.
Em chegando à Atalaia, era mister a qualquer um se dividir: quem com putas ia pro lado de lá do Mirachula – um cabaré que ficava onde hoje é o Hotel Beira Mar – e quem com família se espremia entre o “Vaqueiro” e o exíguo Salva Vidas. Assim era o permitido.
Só arrumei casa na praia nos idos de setenta. Foi na Rua Luiz Chagas onde dividi morada com Ilma Fontes - a Danada - e Ioya Wursh, o seu amor de então. Comigo foi morar o belo Erê, com quem vivi de amor por quatrocentos anos, curtindo o doce eflúvio do mar.
Hoje, vivo bem aqui em casa e o mar é meu moleque de recados: “Vai ali à África levar noticias de mim”. Ele vai. “Corre, vai pegar um caramujo de sol que eu quero assoprar”. Ele vai, e volta estrondando mundo aos meus pés - meu cão de espumas.
O bar do Caboclinho, bem pertinho, ainda é prestigiado por barrigudos do futebol dominical e pescadores antigos na banca ao lado, onde se vende peixe fresco toda quinta-feira. E Caboclinho ainda pesca uma cerveja estupidamente gelada quando eu chego lá, com meus mistérios antigos e minha velhice recém conquistada.
Eu vivo muito bem aqui, na Atalaia.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Queda feia


O fato é mais que relevante. Antes de ontem, ao saber que seria realizada uma manifestação de estudantes e profissionais de comunicação aracajuanos por causa da decisão do STF em relação ao diploma de jornalistas, uma moça prestes a pegar o canudo da Unit ligou para um diretor do Sindijor e disparou sua queixa:

- O sindicato deveria entrar na justiça com um recurso contra o Supremo. É isso o que eu acho!, esbravejou a tal.

Incrédulo, o diretor sindical respondeu demonstrando ser um homem paciente:

- Mas é justamente por essas e outras que a exigência do diploma caiu, moça!, limitou-se a dizer o resignado jornalista.

Fazer mais o quê, né?


Gilson Sousa - Foto: Infonet

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Brancos" pobres, coitados

Fernando Conceição, jornalista, professor da Ufba, pesquisador-visitante da Freie
Universität Berlim (Alemanha)


Karl Marx não esperava por esta. O filósofo da luta de classes como motor da história e eleitor do proletariado como a classe libertadora da humanidade está sendo colocado no bolso por uma parte de brasileiros. São intelectuais, politólogos, jornalistas, comentaristas, legisladores e palpiteiros entendidos no assunto.
Trata-se de uma nova categoria ou classe que nos últimos anos no Brasil resolveu sair em defesa dos pobres. Não de todos os pobres genericamente, mas de um tipo especial de pobre que, tudo indica, foi recentemente descoberto: os "brancos" pobres.
Esse sentimento robinwoodiano é curioso, original e novíssimo. Vem somar-se a um outro: a dos solidários com a melhoria do "ensino fundamental" como condição sine qua non, exclusiva até, para a superação de nossas históricas desigualdades. A raiz desses bons sentimentos é facilmente identificável. Nasceu em reação à aplicação no Brasil de políticas compensatórias de ação afirmativa. Por focarem prioritária – mas não exclusivamente, acentue-se – nos estratos sociais formados por negros e indígenas, a nova classe é contra tais políticas. Antes de se falar de cotas e outras medidas reparatórias das injustiças do Estado brasileiro para com os seus afrodescendentes de pele escura, nunca se viu tanta gente congregada em defesa dos pobres. Desde que brancos. Ou do ensino público.
Existiu um país que por quase 400 anos consecutivos trouxe quase 4 milhões de africanos escravizados para cá. Transformados em mercadoria, em objeto de uso e abuso de todas as taras e afazeres, teriam vindo apreciar nossas belas paisagens? As terras, as propriedades, a riqueza, a liberdade, o poder eram atribuições privativas de senhores, sempre brancos. Um dia se viu que a escravidão já não prestava aos propósitos econômicos dos capitalistas industriais.
Que tal pôr fim a isso? Beleza. Criam-se compensações para os senhores escravocratas não saírem no prejuízo. Estes foram indenizados compensatoriamente pelo fim de sua maior fonte de renda. E mantiveram o controle dos poderes. Inclusive do sistema escolar. Quanto aos africanos e seus descendentes, a rua da amargura e as sevícias estatais até hoje em voga.
Cento e dez anos depois da abolição da escravatura, a sociedade brasileira é chamada a confrontar-se com um dos seus cancros. E parte dela reage com falsa indignação. Não pode este rico País permanecer desconhecendo que tem uma dívida histórica e não paga com essa parte do seu povo. Diferentemente de qualquer outro grupo social, incluindo os brancos pobres, somente negros vivenciaram o horror da escravidão de forma sistemática por quatro séculos.
Não se nega, num país capitalista, as desigualdades geradas pela natureza do modelo econômico adotado, que atingem muitos independentemente da cor da pele. Mas misturar alhos com bugalhos nada mais significa que ato de má-fé.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A morte do jornalismo profissional


O mal que o Supremo Tribunal Federal causou ao país neste 17 de junho de 2009 foi algo para ficar na história negativa do Brasil. Um ato calcado na cultura da injustiça. Pois para atender o pleito da classe patronal, oito ministros do STF derrubaram a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. Uma espécie de cassação dos diplomas de milhares de profissionais brasileiros que investiram numa carreira, se profissionalizaram, conquistaram espaço e respeito e até então ganhavam a vida com dignidade, hombridade e, acima de tudo, ética.
Agora, lamentavelmente, qualquer um pode atuar como jornalista. Qualquer um mesmo. E para que isso fosse possível, votaram contra a exigência do diploma de jornalista o relator, ministro Gilmar Mendes, as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, e os ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Celso de Mello. O ministro Marco Aurélio votou favoravelmente à exigência do diploma. Não participaram do julgamento os ministros Menezes Direito e Joaquim Barbosa, ausentes justificadamente da sessão. Lamentável.

Gilson Sousa

terça-feira, 16 de junho de 2009

“El paredón” baiano


Chico Ribeiro Neto (chicoribe@gmail.com) é jornalista

Um grupo atacava ferrenhamente Fidel Castro e só um professor defendia o ex-ditador da ilha. Usando os argumentos de que a saúde e a educação de lá são melhores do que aqui, ele era o único na mesa a defender Fidel. O grupo que atacava o regime de Cuba afirmava que o principal não tem lá, que é a democracia.
A cena acontecia no Bar do Chico, na Barra, quando o professor, cercado de ataques por todos os lados, bradou que “deveria ter um paredão na Bahia”. Foi quando um vizinho da mesa entrou em cena e disse que um “paredão” aqui seria impossível, por vários motivos.
Primeiro, porque, no dia marcado para a execução dos dissidentes, o sargento que comandará o fuzilamento não vai aparecer, pois foi pra Lavagem de Itapuã. Seu substituto imediato, o cabo, também não aparecerá, porque foi tentar vender um Chevette para pagar dívidas.
Segundo, porque a notícia de que a execução será às 8 horas se espalhará rápido por Salvador e logo cedo vão começar a chegar vendedores de cerveja com isopor, churrasquinho de gato, baianas de acarajé e o escambau: “Ouvimos dizer que vai ter um tal de paredão e que vai aparecer muita gente”.
Dias antes, alguns donos de blocos, sempre ávidos por dinheiro, criarão o “1º Ensaio do Paredão”, já anunciando a “Ressaca do Paredão”.
No dia da execução, quando foi chegando perto das 8 horas, já havia uma multidão, chegou um trio elétrico, tiraram as algemas dos dissidentes e o couro comeu até de manhã. No dia seguinte, amanheceu escrito no muro onde os presos seriam executados: “Valeu, Primeiro Paredão! Até 2010!”

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O mundo real de Marco Vieira




“A pessoa é para o que nasce”. Esse é o título de um importante documentário brasileiro que retrata a vida de três irmãs cegas. Elas vivem no interior do Nordeste e esbanjam talento natural, apesar da extrema pobreza que ronda o dia a dia das três. Pois bem. Pisando firme no solo da nossa realidade, acredito mesmo que a pessoa é para o que nasce. Quase sempre.
Nesse contexto, quero falar aqui do repórter fotográfico Marco Vieira. Talvez a grande revelação do fotojornalismo local, já que apesar dos seus 34 anos de vida, entrou no mercado de trabalho profissional há pouco tempo. O menino, posso dizer, tem talento transbordando. Ainda como estudante de jornalismo, conquistou o Prêmio Direitos Humanos Petrobras de Jornalismo, categoria mídia impressa - jornal laboratório. Um grande feito.
“Aos oito anos vi umas figurinhas em um álbum que retratava a seleção brasileira de 82, comecei a imaginar como os fotógrafos conseguiam fazer aquilo, tirar uma foto dos jogadores durante o jogo (só pode ser no intervalo, pensava eu, rsrsr)”, contou-me Marco, certa vez. “Daí o tempo passou e comecei a fotografar eventos sociais. Não tinha grana pra fazer curso de fotografia nem pra comprar equipamento. Fui autodidata. Lia tudo que encontrava sobre o tema e praticava, além de saborear trabalhos de grandes fotógrafos”.
Atento às coisas, conheci o Marquinho como estagiário do semanário Cinform. À época, ele estava ladeado pelos consagrados mestres do fotojornalismo Fernando Seixas e Jairo Andrade. Dois vovôs com bagagens sem igual em terras sergipanas. E isso fortaleceu o trabalho do menino estagiário, é lógico. A propósito, a história dele para entrar no Cinform merece ser contada:
“Eu tinha que conseguir algum estágio pra continuar cursando jornalismo. Solução: fui parar em Cabrobó (PE) e registrei a greve de fome do bispo Luiz Cáppio em 2005. Pra isso enfrentei oito horas numa caravana de religiosos com seus cânticos e mais cânticos (quase me converto). Ficou muito bom o trabalho, e ao retornar fui oferecer ao Cinform, e acabei contratado como estagiário. Passei quase três anos lá”.
Então é isso. Hoje Marco Vieira, que também é cronista, firmou seu nome no rol dos bons fotógrafos sergipanos. Alia simplicidade ao talento, conserva o bom caráter e a postura, alimenta o sonho do socialismo e acredita que suas lentes podem ajudar a melhorar o mundo em que vivemos através da sensibilidade humana. Esse é o menino a quem devemos agradecer e aplaudir. Um profissional determinado e eficiente, digno do que faz, justamente porque nasceu para isso.

As imagens acima estão no blog http://www.flickr.com/photos/marcovieira

Gilson Sousa

terça-feira, 9 de junho de 2009

Palmas para a Orquestra Sanfônica de Aracaju


O fato é inédito. Enquanto um monte de babaca por aqui fica reverenciando as bandas de axé da Bahia, os músicos sergipanos da pouco prestigiada Orquestra Sanfônica de Aracaju foi convidada para fazer o show de abertura no São de João de Salvador. Fiquei sabendo disso através de e-mail indignado do baiano/sergipano Cleomar Brandi, que não constatou repercussão da notícia na mídia local. “Cadê o bairrismo do
sergipano? Netinho, em plena decadência (alguém aí pode cantarolar, agora, uma música do bombado?), chega em Aracaju e ainda tem tapete vermelho”, queixou-se o jornalista.
Pois bem. O show da Orquestra Sanfônica de Aracaju será amanhã, dia 10, quarta-feira, no Terreiro de Jesus, às oito da noite. “Cadê os fogos para os integrantes da Sanfônica? É capaz de voltarem para Aracaju, depois de muitos aplausos em Salvador, e ninguém notar aqui em Aracaju. Tá dado o recado”, disse Cleomar.
Pelo o que apurei, a orquestra sergipana abre a festa em Salvador. Logo depois os forrozeiros Elba Ramalho e Targino Gondim sobem ao palco principal. Enquanto isso, as televisões daqui, com a síndrome da autopromoção, continuam dando ênfase somente aos seus concursos de quadrilhas juninas e outras coisas semelhantes. A propósito, é bom lembrar que o grupo de sanfoneiros aracajuanos irá abrir pela terceira vez consecutiva o Forró Caju, no dia 18.
Só para reforçar: a Orquestra Sanfônica de Aracaju foi criada em 2007 pela Prefeitura de Aracaju e é formada por músicos e professores da Escola Oficina de Artes Valdice Teles. O objetivo foi incentivar novos acordeonistas e levar para a sociedade o que há de mais representativo na cultura sergipana. O grupo é um encontro de três gerações, com integrantes com idades entre 17 e 75 anos, e conta com a participação de duas mulheres. São 29 artistas, entre os quais 25 sanfoneiros, três percussionistas e um baixista.

Gilson Sousa

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fornece-se marmita e aplica-se injeção


Chico Ribeiro Neto (chicoribe@gmail.com) é jornalista

Os cartazes de bares e lanchonetes populares são uma lição de humor e sabedoria. Minha amiga Regina Castro foi supervisora escolar na região de Paulo Afonso, na Bahia. Nos primeiros dias, enfrentou grande reação das professoras, principalmente das mais velhas.
Morando sozinha numa pensão, naquele calor infernal de Paulo Afonso, insatisfeita com o trabalho, foi fazer um lanche e estava espetado num pastel o seguinte aviso: “O sonho acabou”.
Um amigo me conta que viu o seguinte cartaz numa loja do interior baiano: “Internet/ Game/ Xerox/ E aceitamos encomenda de pastel”. Ou então aquele de uma barbearia: “Corto cabelo e pinto”.
Não vender fiado também é motivo para muitos cartazes. O mais famoso, talvez, é o curto e grosso “Fiado só amanhã”. Havia também outro que fazia muito sucesso nos armazéns e bares: “23 já me falaram em fiado. Só falta você”.
Havia um boteco na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, onde uma das principais atrações era o tira-gosto de testículo de boi. O dono, muito preocupado com as mulheres que freqüentavam o local, escreveu num cardápio, que era um pedaço de papelão: “Q. De Boi”.
Perto do Carnaval, na entrada da Roça da Sabina, no Chame-Chame, um cartaz no muro: “Alugo quarto para Carnaval. Tratar com Baco”.
Outro texto fantástico de um cartaz me foi passado uma vez pelo professor Cid Teixeira, um retrato da “viração” da classe média para sobreviver. Na janela de uma casa do bairro do Santo Antônio, também em Salvador, estava lá escrito:
“Fornece-se marmita
Aplica-se injeção
Cobre-se casa
Forra-se botão”.

sábado, 6 de junho de 2009

Covardia tem preço, sim senhor!


Estão sem rumo os policiais militares que buscam melhorias salariais para a categoria de trabalhadores, mas que não sabem conduzir com precisão os seus pleitos junto ao poder executivo estadual. O episódio deprimente desta semana, quando dezenas deles que estavam na Assembléia Legislativa deram as costas ao deputado Francisco Gualberto, líder do governo, é o sinal mais evidente disto. Aliás, não custa nada frisar que historicamente os covardes sempre dão as costas. Isso é fato.
Dar as costas a quem está falando com você ou pra você faz parte do processo de interesses, mas está no campo da covardia. Integra a índole daquele que não tem coragem de ouvir, de olhar nos olhos, de suportar seja lá o que for, e até de reconhecer seu papel de momento. Mas o bom é saber que a atitude insana daqueles poucos militares não incomodou o parlamentar que já fez história nos movimentos sociais e sabe muito bem enfrentar cara feia, xingamentos, cusparadas, porradas e outras coisas mais.
A propósito, o deputado desprezado sabe reconhecer bem a luta dos militares. Acha justa. Ajudou em muitos aspectos nos últimos dois anos e abriu caminho para ganhos salariais históricos na corporação de 2007 para cá. E nada disso é levado em conta. “Quem passou vinte anos tendo suas carreiras destruídas, logicamente vai ter que lutar muito pela recuperação. Isso nós temos compreensão. Mas o que não concordamos, e podem ficar de frente, de lado, de costas, de bandinha, é que se bata palma para inimigo e transforme aliado em adversário”, foi o recado de Gualberto.
Pela história do deputado em favor dos trabalhadores, posso afirmar que os militares cometem injustiça. Usam a tática errada. Se querem avanços, precisam pensar melhor nos atos. Principalmente quando buscam aliados para a briga. Mas se não agüentam ouvir as verdades colocadas por quem conhece o processo de negociação, então não percam tempo indo às galerias da Assembléia Legislativa para fazer somente número e uma pressão sem nexo. Muitas vezes deixando a sociedade à mercê dos bandidos e fugindo de sua responsabilidade estatutária e moral.

Gilson Sousa

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Democratização da internet é isso aí, ó...


Alguém por aí ainda se espanta quando vê pelas ruas carroceiros, garis ou indigentes portando aparelhos celulares e outros equipamentos eletrônicos de relevante valor. Não é verdade? Pois bem. Hoje ao navagar pela internet dei de cara com uma informação inusitada, muito bem ilustrada e difícil de acreditar, caso fosse no Brasil, é claro.
Pelas ruas de grandes cidades dos Estados Unidos da América, dezenas de mendigos, desabrigados e desafortunados utilizam laptops próprios para se comunicar com o mundo ou simplesmente passar o tempo, enquanto aguardam migalhas dos transeuntes. Tá pensando que é mentira?
Segundo a notícia, “parece cena de filme ou montagem, mas não é. Para quem não sabe, nos EUA, alguns sem-teto habitualmente utilizam abrigos sociais e bibliotecas públicas para manterem-se ligados ao mundo virtual. Usando laptops, eles acabam criando imagens pouco convencionais”.
E mais: “Um exemplo disso é o Sr. Pitts (foto). Segundo o The Wall Street Journal, o sem-teto afirma que conhece vários “locais secretos” ao redor da cidade de São Francisco, onde consegue obter sinal de internet gratuitamente, como no metrô, por exemplo. Surreal? Vários deles possuem blogs, twitter, gerenciam fóruns na internet e mantém-se em contato com amigos através de e-mail”.
Então, você ainda vai duvidar do poder da tecnologia? Então confira no blog http://colunistas.ig.com.br/obutecodanet/2009/06/05/jornal-divulga-inusitadas-fotos-de-mendigos-online-usando-notebooks/

Gilson Sousa

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O “HOMO ETILICUS”


Paulo Lobo (paulolobo@infonet.com.br)


Silvio Rocha, além de bom amigo e fotógrafo competente, é também um conhecido cantor das noites sergipanas. É figurinha carimbada em vários bares de Aracaju com seu violão educado, repertório eclético e uma indisfarçável simpatia.
Como a maioria dos músicos da noite, Silvio gosta de tomar uma cervejinha gelada e de bater um bom papo numa mesa de amigos. Até aí nada demais.
Acontece que a coisa vem tomando proporções preocupantes de uns tempos pra cá. A cervejinha eventual do fim de semana tem se transformado em coisa do passado. Agora o consumo é diário e em proporções cavalares. Os amigos estão preocupados.
Até o jornalista Cleomar Brandi, um dos maiores consumidores de conhaque de que se tem notícia por estes costados, anda fugindo do Silvio Rocha como o diabo da cruz.
- Silvio ta vindo aí! – Diz Gilson Sousa, com semblante preocupado.
- Êêpa, então bora se picar daqui! - Anuncia Cleomar, quase levantando da cadeira de rodas.
Também pudera. Onde Silvio chega não sobra uma mísera cerveja e a farra se estende até o sol nascer. Diversos amigos perderam reuniões importantes ou ganharam cefaléias homéricas por conta das tertúlias silviorocheanas.
Não obstante os protestos dos companheiros de bar, Silvio desenvolveu uma técnica ainda mais sofisticada: para evitar as reclamações dos garçons e donos de bares que cansados da noitada, ameaçam fechar seus estabelecimentos, Silvio já passa num deles com uma caixa de isopor, manda preparar alguns tiragostos, feito isto, põe toalha de banho e escova de dentes num bornal e chega de surpresa na casa de um amigo.
Lá, abre a cerveja, põe os petiscos na mesa e começa a dedilhar o violão. Como a pessoa já está em casa mesmo e o arsenal de comes e bebes já está garantido, Silvio fica tranqüilo. Sabe que a casa dificilmente será fechada e a farra não será interrompida. Qualquer coisa é só cochilar alí no sofá mesmo. No último domingo eu fui vítima da “Silvio Delivery”, a nova técnica deste verdadeiro “Homo Etilicus”. Todo cuidado é pouco!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Tiro o chapéu para o Samu 192


Graças a Deus continua eficiente esse Samu - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência -, em Aracaju. Fui testemunha disso hoje pela manhã. Da varanda de casa, em frente ao Extra, presenciei um motociclista atropelar um ciclista bem na faixa de pedestre que fica na saída do viaduto do DIA, sentido Centro. Foi um corre-corre. O moço da bicicleta estatelado no asfalto quente e um monte de gente parando ao redor. Logo, as pessoas mais sensatas sacaram o celular e ligaram 192.
Dali da varanda fiquei atento a tudo. Em menos de 10 minutos – não contabilizei com precisão o tempo – a ambulância do Samu chegou ao local, fez os primeiros atendimentos e logo depois removeu a vítima para um hospital. Achei bacana. Não conheço números oficiais sobre atendimentos na cidade feitos pelo Samu, mas também não procurei. Creio que são muitos, pois nosso trânsito é uma loucura. Principalmente nos últimos anos, com a entrada em circulação de milhares de motocicletas e motonetas que são vendidas até em supermercados.
É importante dizer que agentes de trânsito também chegaram rápido ao local e conseguiram organizar o vai-e-vem de veículos que cruzavam a parte de baixo do viaduto na hora de pico. Já o motoqueiro que causou o acidente, bem na faixa de pedestres, ficou no local com um dos guardas da SMTT esperando pela perícia. Aí demorou bastante. Bem feito.

Gilson Sousa

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Liberdade de imprensa é a nossa meta


Valeu à pena se juntar a alguns colegas profissionais de comunicação e participar de uma manifestação ordeira que lembrava o Dia da Imprensa, hoje, 01/06. Não éramos muitos na Praça Fausto Cardoso, mas éramos significantes. À frente da manifestação estava o presidente do Sindijor, George Washington, de microfone em punho e alertando a sociedade para os riscos e perrengues da nossa profissão.
Estávamos ali, na tarde ensolarada aracajuana, para defender as seguintes pautas: Em defesa da Liberdade de Imprensa, e não "de empresa"; Contra a Criminalização dos Jornalistas; Em favor da Democratização das Comunicações; e em defesa do Diploma de Jornalista. Tudo muito justo, considerando a importância da nossa atividade profissional.
Boa parte dos colegas diretores do sindicato marcou presença. Representantes de outras categorias profissionais também marcaram presença no ato, a exemplo de bancários, policiais militares, agricultores, radialistas. Todas as emissoras de televisão daqui passaram por lá e registraram nossa manifestação, assim como emissoras de rádio e jornais impressos. Enfim, valeu Sindijor. Vamos continuar na luta por uma imprensa mais livre, mais democrática, mais responsável e sempre parceira da ética.

Gilson Sousa