terça-feira, 17 de julho de 2012

Nossos ídolos estão envelhecendo

Em tempos de modernidade digital, quando a informação e o conhecimento estão a um click da gente, é bom lembrar que nossos ídolos da boa música estão envelhecendo com dignidade. Agora em 2012, o país celebra a longevidade artística de uma turma que completa 70 anos de vida: Jorge Ben Jor (22/3), Gilberto Gil (26/6), Caetano Veloso (7/8), Milton Nascimento (26/10) e Paulinho da Viola (12/11). E graças a Deus, todos eles continuam com a saúde em dia. Tanto a musical quanto as demais. Assim como Gil, Caetano, Milton, Paulinho e Jorge, Tim Maia, que morreu há 14 anos, após um show em Niterói, também faria 70 anos em 2012. Já o incomparável Ney Matogrosso teve o privilégio de completar seus 70 anos no ano passado. Mas outros nomes de peso chegarão em breve à mesma marca, já que neste 2012 Chico Buarque completará 68 anos, e Gal Costa, 67 (a mesma idade que Elis Regina teria hoje). Ou seja, a nata da MPB está mesmo envelhecendo. Na casa dos 80 anos já chegaram, além de outros, João Donato e João Gilberto. Desses, o primeiro se encontra em pleno vigor musical, já o segundo continua enrolando os fãs sempre que pode. Até a turnê que comemoraria seus 80 anos de vida foi cancelada após milhares de ingressos vendidos em várias capitais. Coisas de João Gilberto. Caso estivessem vivos, os lendários Raul Seixas e Gonzaguinha estariam completando 67 anos agora. Morreram em 89 e 91, respectivamente, mas suas músicas continuarão embalando trilhas sonoras diversificadas por muito e muito tempo ainda. Outro que seria um septuagenário a essa altura é Wilson Simonal, que caso estivesse vivo faria 74 anos neste 2012. Ele morreu em junho de 2000. De tudo isso, renovando as graças por esse pessoal existir, fica uma preocupação com o futuro musical deste país. Principalmente quando se fala em qualidade na produção dos trabalhos. É certo que a renovação da MPB, da década de 1970 para cá, se fez com nomes como Djavan, João Bosco, Guilherme Arantes, Zé Ramalho, Fagner e outros. Mas essa tal ‘renovação’ vem ficando cada vez mais escassa. Por último assistimos o surgimento de nomes como Lenine, Chico César, Zeca Baleiro, Vander Lee e mais alguns poucos. Dizem por aí que a mídia desconsertada e a fome capitalista das indústrias fonográficas são as grandes responsáveis pela morte lenta da MPB de boa qualidade. E isso é notório. Cada vez mais o ‘povão’ se afasta das coisas boas. Hoje o que mais interessa é o ritmo cheio de ginga, o penteado invocado, a bunda perfeita, a batida sincopada, o rostinho meigo e o pleno êxito da lavagem cerebral. Nada de letras inteligentes, instigantes, desafiadoras. O que prevê é que a geração Wi-fi, que vive conectada às redes sociais, precisa de algo mais consistente para atravessar sua trajetória. Os “Michel Teló e Cia” da vida não garantem subsistência nem tampouco avanço cultural. Mas é claro que devemos respeitar o gosto de cada um. Só não devemos concordar. Ou alguém aí pensa que essa gente vai chegar aos 70 com essa ‘pegada’ toda? Nem com Viagra. Gilson Sousa