quarta-feira, 31 de março de 2010

Pet não merece humilhação


Sou flamenguista, o time hexacampeão brasileiro, desde que me entendo como admirador de futebol. Apoio o time em quase tudo o que faz. Mas pra falar a verdade, acho uma baita de uma sacanagem o que estão querendo fazer com o craque sérvio Petkovic. Principalmente quando está em jogo um tal de Marcos Braz, vice-presidente de futebol do clube. O cartola mais nojento do futebol brasileiro.
Pois bem. Por mais de uma vez, o meia Petkovic já mostrou à imensa torcida que tem amor pelo Flamengo. Já garantiu títulos importantes. Deu muita alegria à nação rubro-negra. Mas agora, só porque está com quase 40 anos de idade e exigindo direitos reais, vem sendo esculachado e odiado por esse anti-flamenguista chamado Marcos Braz. Isso é uma vergonha, como diria Boris Casoy.
O fato é que após ajudar o Flamengo a conquistar o hexa, no ano passado, Pet vem sendo destratado no clube. Seu contrato se encerra em maio e a diretoria está querendo humilhá-lo nas questões salariais. Isso não se faz. Até porque Pet já demonstrou interesse em renovar o seu contrato até 2011, quando encerraria a carreira no próprio Flamengo, time com o qual ele mais se identificou no Brasil. Só que no meio do caminho existe um pulha chamado Marcos Braz.
Aliás, esse tal Marcos Braz é o mesmo que no final do ano passado humilhou de todas as maneiras o técnico Andrade, mesmo após a conquista do Brasileirão. Queria pagar ao técnico salário de gandula do Maracanã, praticamente. A bucha do Marcos Braz é o mesmo que recentemente foi à imprensa abrir o bocão e denunciar Adriano pelo envolvimento com álcool, fato que o jogar desmentiu depois. Ou seja, esse cara é um pentelho na vida do Flamengo. Vai acabar afundando o time.
Portanto, fosse eu o sérvio Petkovic não pensaria duas vezes quando tivesse a oportunidade de cruzar com o tal Marcos Braz novamente na Gávea: mandava tomar no c... e ainda pedia troco. Afinal, flamenguista que se preze tem que agir assim. E viva o nosso Pet 43.

Gilson Sousa

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sujeira debaixo do tapete


Isso é o que todo mundo chama de ‘varrer a sujeira de casa para debaixo do tapete’. Pois bem. É inegável a importância do incentivo dos meios de comunicação ao esporte amador em Sergipe. Até porque profissionalismo é algo que passa por longe daqui. Até no futebol, que cada vez se enterra mais. Então, palmas para a TV Sergipe que promove um torneio de futebol de salão bastante movimentado em cidades do interior.
Todos os dias, no seu telejornal esportivo, quase que 80% do tempo é destinado a reportagens sobre o tal torneio. Isso em detrimento de outras modalidades esportivas. Mas tudo bem, pois o critério é deles. Por isso tem matéria sobre musa, sobre torcidas, sobre famílias de jogadores, sobre coreografias, sobre os jogos – é claro, sobre papagaios, periquitos e cachorros. Só coisas boas, para eles – é claro.
Então, nesta sexta-feira, lendo o blog do amigo jornalista Cláudio Nunes dei de cara com uma nota enviada pela leitora Gildete Resende que me deixou estarrecido. “Ônibus da seleção de São Cristóvão é apedrejado”, diz a nota relativa a uma das partidas de futsal do referido torneio da TV Sergipe. “Torcedores da seleção de Itaporanga apedrejaram o ônibus da seleção de São Cristóvão na saída do ginásio, após o empate por 0 a 0, na noite desta quarta-feira”, continua.
“Três vidros laterais foram quebrados. Um membro da delegação sofreu um pequeno corte no pé, resultado dos estilhaços. Sangrou um pouco, mas nada preocupante.Uma multidão de torcedores, aos gritos, esperou a saída da seleção de São Cristóvão na saída do ginásio e jogavam pedras e telhas no ônibus que conduzia a seleção de São Cristóvão”. Que horror.
“Vale ressaltar que não havia policiamento no ginásio de esportes”, prossegue a nota de Gildete. “Após esperar por cerca de 30 minutos apareceu uma viatura, que acompanhou a delegação de São Cristóvão até a saída da cidade. A comunicação deste lamentável incidente foi registrada na 12ª delegacia de polícia na cidade de São Cristóvão e a federação Sergipana de Futsal, como também a TV Sergipe, que inclusive presenciou o fato, mas lamentavelmente não divulgou”.
Ou seja, sujeira debaixo do tapete não combina com um bom jornalismo. Vamos repensar essa jogada, camaradas. Se o fato aconteceu, por que não divulgar? Até para que situações semelhantes não se repitam. E lembrem sempre: acima do dever profissional de comunicador, está o dever de cidadão. Está o dever da indignação. O dever de saber que todos os dias estamos fazendo a coisa certa.

Gilson Sousa

quarta-feira, 24 de março de 2010

Notícia não é espetáculo. Ou não deveria ser


Pouca gente neste país com acesso a um aparelho de televisão deixa de ser bombardeada diariamente com informações corriqueiras e minuciosas sobre o caso Isabella, aquele em que uma criança de 5 anos foi jogada pela janela de um apartamento, supostamente pelos pais. O caso aconteceu no dia 29 de março de 2008, em São Paulo, mas repercute até hoje. A vítima, Isabella Nardoni, foi encontrada morta no jardim do prédio em que moravam Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá – pai e madrasta da menina.
Durante meses seguidos, o caso tomou conta do noticiário nacional. Pesquisas especializadas apontam que em número de veiculação nos diversos meios de comunicação brasileiros, só perdeu para a morte do piloto de Fórmula 1, Airton Senna, ocorrida em maio de 1994. Hoje, exatamente dois anos após o crime da menina, eis que a espetacularização da notícia envolvendo o fato volta a tomar conta dos espaços na mídia por causa do julgamento dos dois acusados, justamente o pai e a madrasta que permanecem presos desde maio de 2008.
É bom lembrar que crimes bárbaros, práticas absurdas e até pequenas catástrofes acontecem com freqüência no Brasil. Somos um País de dimensões continentais e tecnologia considerável na área televisiva, e por isso poderíamos muito bem espalhar o foco da informação de maneira mais abrangente. Não faz bem à democracia da informação direcionar boa parte de um noticiário dito nacional, apenas a um fato isolado. Muita coisa de bom e de ruim acontece todos os dias neste País e a população tem o direito de ficar sabendo.
No caso do julgamento em questão, que acontecerá durante cinco dias em São Paulo, 10% a 30% do tempo dos principais telejornais nacionais estão sendo ocupados pelo fato. Nos meios impressos, páginas inteiras são dedicadas às notícias. Já nos portais de informações da internet, galerias de fotos, slides, infográficos, vídeos e textos mostrando a cronologia do caso ganham destaque em quase todos. E isso está correto? A quem interessa essa manipulação da notícia? Certamente não é ao povo brasileiro, que tem muito mais com o que se preocupar no dia-a-dia.
Portanto, enquanto os poderosos veículos de comunicação deste país continuarem fazendo da notícia um espetáculo, como no caso Isabella, muita coisa na política, educação, cultura, ciência, deixará de ser informada ao grande público. Até porque o tempo dos telejornais é limitadíssimo, necessitando de uma melhor distribuição de pautas. E somente assim, quem sabe, nossa gente alcance um nível de conhecimento e conscientização mais adequados a uma sociedade civilizada.

Gilson Sousa

domingo, 21 de março de 2010

A prima


Sinceramente, não sou provocado com facilidade por quem quer que seja nessa vida. Em hipótese alguma. Até me entendo estranho, pois indignação é o que não me falta. Mas parece que nasci com uma espécie de aparelho tranqüilizador dos nervos. Conheço pouca gente assim.
O problema – como toda história necessita apresentar um problema – é que o tempo vai passando e acredito até que o tal aparelho tranqüilizador vai apresentando defeitos. Senão vejamos: agora nesse verão, com um calor desgraçado tomando conta dos ambientes, eis que preciso dividir minha casa com uma prima que chegou do interior pra estudar aqui na capital.
Até aí nada demais. É filha de tio Herinaldo, que já foi pro céu, e tia Malvina, que sequer enxerga mais. A moça é meio arrojada, mas isso é coisa de família, eu entendo. Tem umas manias que estão começando a me deixar atordoado. Por exemplo: não foi com a cara do ventilador do quarto dela e toda noite só quer usar o meu, no meu quarto ainda mais. Pode isso?
A moça é do interior, mas é cheia de sibiteza, sim senhor. Só toma banho com a porta do banheiro aberta. E ainda fica pedindo pra eu levar a toalha. Como é que pode? Fica no sofá esparramada e nem liga se eu ficar por perto. Mas eu, que não saio do sério com facilidade, fico olhando só de soslaio. Afinal, a moça é jeitosa.
Agora, falando do tal aparelho tranqüilizador que já está com o prazo de validade quase vencido, preciso confessar que não vejo a hora desse verão acabar. A moça precisa tomar juízo e economizar água. Assim o bolso não agüenta. E tio Herinaldo lá no céu que me perdoe, mas não vejo também a hora de chegar o inverno. Quem sabe a moça cisme do lençol da cama dela e venha procurar quentura nessas bandas de cá. Aí sou capaz de sair do sério. Sem pestanejar.

Gilson Sousa

sábado, 20 de março de 2010

Beijando e passando


Chico Ribeiro Neto (chicoribe@gmail.com) é jornalista


Sexta-feira da Paixão no interior da Bahia. Como sabe todo bom cristão, nesse dia não tem missa, apenas a exposição da imagem do Senhor Morto. Os fiéis fazem fila para beijar os pés do Senhor Morto, agradecer umas graças e pedir outras.
Sem jantar, o padre começa a ter pressa empurrado pela barriga. Vê que a fila está dando voltas em torno da igreja e que tão cedo não estará liberado. O pior: há umas beatas que parecem querer contar a vida toda aos pés do Senhor, que pegam, abraçam e lambuzam de beijos e lágrimas.
“É pra ter fé, mas aí também já é abusar; temos que dar oportunidade aos outros que estão atrás na fila. Eles também merecem receber as graças”, diz o padre ao microfone enquanto o estômago dá o primeiro ronco. Lembra da moqueca de peixe, com vatapá e caruru, feita por Dona Lourdes, velha cozinheira da paróquia, quem faz o jantar do arcebispo de ano em ano, quando a cidade toda é uma festa.
As beatas continuam adorando o Senhor Morto, e demorando demais. Depois do segundo ronco, o padre resolve dar uma providência naquela demora toda. Vai para junto do Senhor, bem perto de quem se ajoelha para beijar a imagem. Quando a próxima beata ajoelha-se, ele toca na cabeça dela, empurrando-a levemente, mas com firmeza, e diz: “Beijando e passando”.
Daí em diante nenhuma delas conseguiu mais ficar choramingando e implorando graças aos pés do Senhor. Mal se ajoelhavam e lá vinha a mão do padre empurrando-as: “Beijando e passando, beijando e passando...”.

terça-feira, 16 de março de 2010

Parabéns, meu lugar!


Minha cidade vai ficar um pouco mais velha amanhã, dia 17. Fará 155 anos. Jovem ainda, nos termos geopolíticos que norteiam a literatura deste país. Mas avançada, quando o assunto é qualidade de vida. Essa é a melhor cidade do mundo para bem viver a mente e o coração.
A propósito, antecipo-me à comemoração por conta da felicidade declarada. Sim, sou feliz por viver aqui. Já vivi fora, já perambulei, já passeei bastante. Mas é aqui que finco minhas raízes. É aqui que me encanto a cada dia. Aqui meu lugar de entusiasmos e satisfações.
Desde já, quero desejar parabéns à minha cidade. Canto do mundo que como qualquer outro apresenta seus defeitos e qualidades. Mas que também sabe acolher com maestria. Sabe envolver com naturalidade. E assim sejamos todos felizes por aqui.

* A bela imagem acima foi feita pelo amigo César de Oliveira

segunda-feira, 15 de março de 2010

O endereço do diabo, segundo o exorcista do Vaticano


Depois vocês ficam dizendo por aí que eu gosto de falar mal desse modelo de igreja católica que sobrevive até hoje no mundo. Vejam só a notícia que foi publicada neste final de semana no jornal italiano La Repubblica: “Exorcista-chefe da Igreja diz que há bispos ligados ao diabo”. Será?
De acordo com o tal exorcista, padre Gabriele Amorth, que comanda o Departamento de Exorcismo em Roma há 25 anos, “o diabo reside no Vaticano e muitos bispos estariam "ligados" a ele”. Pergunto novamente: será?
Na entrevista ao diário, o padre disse que o ataque ao papa Bento XVI na noite de Natal e os escândalos de pedofilia e abuso sexual envolvendo sacerdotes seriam provas da influência maléfica do demônio na Santa Sé. O sacerdote, de 85 anos, disse ainda que há, na Igreja, "cardeais que não acreditam em Jesus e bispos ligados ao demônio".
Sei não. Para mim isso está parecendo piada. Afinal, se a igreja está repleta de santos, como é que pode o diabo arranjar uma brechinha e ainda tirar onda com a cara daqueles religiosos do Vaticano? Deus é mais. Muito mais.

Gilson Sousa

quinta-feira, 11 de março de 2010

Não aos 10% em conta de bar. Imaginem 20%!


Sempre fui desfavorável à sugestiva obrigação de pagar adicional de 10% em contas de bares e restaurantes a titulo de ‘taxa de serviço’, ‘gorjeta’ ou sei lá o quê. Um absurdo considero. Ainda mais porque nem sempre você é atendido adequadamente nestes estabelecimentos em questão. Portanto, pagar o extra deveria ser uma opção do consumidor, e não uma imposição do comerciante.
Pois bem. Para piorar a situação ouvi hoje num telejornal nacional que o Senado aprovou em discussão preliminar um projeto de lei aumentando para 20% essa taxa extra na conta, caso o cliente permaneça no bar das 23h às 6h. Parece piada de mau gosto. Até porque esse Senado da República deveria procurar algo mais interessante para fazer.
Neguinho neste país quer tirar proveito de tudo, meu irmão. Aliás, o Código de Defesa do Consumidor é claro quando diz que um cliente jamais pode ser obrigado a pagar valores que não correspondam ao seu consumo. Ou seja, por lei ninguém é obrigado a pagar a mais do que aquilo que consome num bar ou em qualquer outro lugar. E pelo o que eu sei ninguém anda por aí consumindo garçons. Pelo menos no sentido gastronômico.
Ademais, tenho alguns amigos garçons, cativados ao longo dos anos em que freqüento barzinhos, e já ouvi vários depoimentos dando conta de que nem sempre o dinheiro dos 10% acaba no bolso deles. Muitas vezes entra como complemento salarial ou até mesmo salário integral. Caso de polícia, eu diria. Até porque, a não ser que exista no estabelecimento um self-service, o dono lá está obrigado a colocar alguém para lhe servir. E com isso, é claro, pagar a esse alguém chamado garçom.
Jamais essa obrigação trabalhista de pagar o garçom deve ser repassada para o cliente. A lei é clara. O problema é que a própria sociedade praticamente institucionalizou essa prática. Um erro, mas que pode ser corrigido moderadamente. Afinal, se existe por aí comerciante que não gosta de pagar trabalhador com o dinheiro do seu próprio lucro, o fato vira assunto para a Delegacia Regional do Trabalho. Tô certo ou errado?

Gilson Sousa

terça-feira, 9 de março de 2010

Cachaça não combina com esporte: deixem para mim


Nisso é que dá disponibilizar rios de dinheiro para pagar salários de pessoas que levam a vida correndo atrás de uma bola em campos de futebol. O caso de Adriano, o Imperador, envolvendo o álcool e as conseqüentes noitadas, é emblemático. Mas essa história vem de longe. Desde os temos do genial Mané Garrincha, ou mesmo antes, que a maldita se relaciona com os atletas.
Um dos grandes culpados desse envolvimento, dizem os conhecedores de causa, é a fulminante ascensão social em muitos dos casos. Aliada à falta de preparo psicológico, essa ascensão é o caminho mais curto para a perdição dos jogadores de futebol que recebem cem, duzentos, quinhentos, e até um milhão de reais por mês para defender um clube. Algo fora do real, considerando que um cientista qualquer, com PhD e o escambal, tem salário que não passa de dez ou quinze mil nas universidades públicas desse país.
Mas voltando à questão do Adriano, fica difícil passar a mão na cabeça de um cara assim. Por mais alegria que ele tenha dado a milhões de flamenguistas. O cara está doente. E precisa ser visto como tal, já que o alcoolismo é coisa séria. Portanto, a confissão dele sobre os problemas com o álcool já foi uma boa iniciativa. A questão agora é ele querer sair dessa, já que dinheiro para tratamento não é problema. Não é não?
Aliás, por aqui, onde dinheiro é problema sim senhor, já tivemos casos marcantes de envolvimento de jogadores com o álcool. O do ex-jogador Enágio, que chegou a vestir a camisa do 10 do Flamengo no final da década de 1980 e depois se acabou na cachaça, é um deles. Recentemente vários jogadores do Confiança, sob o comando do zagueiro Valdson, que também jogou em grandes clubes do Brasil, eram vistos frequentemente nos bares agarrados em garrafas de cachaça. Uma pena.
Para mim, atleta tem que se comportar como tal. Nada de exageros nos consumos. Por mais dinheiro que tenha. Até para não fazer como o Ronaldinho Gaúcho, do Milan, que chega a esnobar companheiros de clube e dirigentes somente pela sua condição de ‘estrela’. Prefiro ficar com o exemplo de Kaká, do Real Madrid, que não bebe, não fuma nem f..., mas prefere distribuir seu gordo dinheiro entre integrantes de uma igreja evangélica para que encham os seus bolsos também. Menos mal.

Gilson Sousa

quarta-feira, 3 de março de 2010

STF começa a ouvir argumentos contrários e favoráveis às cotas


Muita gente por aqui parece adormecida em relação ao assunto. Mas eu não. Estou atento ao que está acontecendo a partir de hoje no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, com relação às políticas de ações afirmativas neste país de ‘brancos’. Ou seja, começou hoje e vai até a próxima sexta-feira a mais esperada e tensa audiência pública sobre reserva de vagas no ensino superior.
Serão 38 expositores – especialistas no tema, representantes de associações, fundações, movimentos sociais e entidades com as cotas – debatendo o tema para auxiliar os ministros do STF a julgar o mérito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186. A arguição foi ajuizada pelo Partido Democratas (DEM) contra o sistema de cotas da UnB, pedindo a suspensão da matrícula dos alunos cotistas selecionados no último vestibular da universidade.
E já que a ação partiu do DEM (que segundo o jornalista José Simão, da Folha de S. Paulo, significa Dinheiro Em Meias), fica fácil entender o argumento usado pela advogada deles para questionar o sistema de cotas. “Negro rico no Brasil vira branco”, afirmou a moça que contesta cotas raciais. Aí eu pergunto: É pra rir ou pra chorar?
A propósito, o pedido do DEM havia sido devidamente indeferido pelo presidente do STF, Gilmar Mendes. Agora, os ministros do tribunal terão de julgar a outra solicitação do DEM: que o programa seja considerado inconstitucional. O julgamento ainda não tem data para ocorrer, mas o único ministro negro da suprema corte brasileira já mandou um breve recado. “Para mim o mais importante é que este é um tema sobre o qual nem sempre se quis discutir com abertura”, disse Joaquim Barbosa.
Já o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior, que se diz satisfeito com o programa de cotas implantado desde 2003 naquela instituição, está otimista quanto aos rumos da questão. “O programa adotado pela UnB é fundamental e exemplar. Não é possível vencer a distância da exclusão quase ancestral dos negros sem essas políticas”, afirma.
Dito isto, é bom aguardar com cautela o desenrolar dos fatos em Brasília. Afinal, este país ainda é dominado por uma elite sanguessuga que precisará de argumentos fortes para se convencer de que a humanidade precisa ser mais humana nos dias de hoje.

Gilson Sousa

segunda-feira, 1 de março de 2010

Farinha pouca, meu pirão primeiro: a era digital em SE


Confesso que achei engraçada a guerra de vaidades entre as duas principais emissoras de televisão em Sergipe, TV Atalaia e TV Sergipe, para mostrar ao telespectador quem detém o título de ‘1ª a transmitir o sinal digital no estado’. Nos telejornais noturnos que foram ao ar hoje, o desejo de ser o chamado ‘pai da criança’ ficou latente. Mas quem está com a razão?
A transmissão do sinal digital da TV Sergipe (Rede Globo) começou hoje mesmo, com direito a festa na sede da emissora reunindo dezenas de políticos e seus puxa-sacos. Teve até uma espécie de teleconferência com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que falou através de um telão e parabenizou a TV pelo feito. Ao vivo, o governador Marcelo Déda fez o mesmo. Tudo lindo.
Só que minutos depois, no telejornal da concorrente, a TV Atalaia (Rede Record) fez questão de colocar no ar reportagem afirmando ser ela a detentora do título em questão. Disse aos telespectadores que desde o dia 23 de janeiro de 2009 já transmite sua programação com o novo sistema. Pelo menos é o que mostrou a matéria com depoimentos, inclusive, do mesmo Hélio Costa e do governador Marcelo Déda. Uma beleza.
E foi aí que fiquei em casa a matutar. Na boa. Coisa de tabaréu mesmo, já que nem 5% dos aparelhos de TV em Sergipe estão aptos a receber o sinal digital: o que vai mudar na minha vida e na de milhares de sergipanos caso tenha sido a TV Atalaia ou a TV Sergipe a primeira a emitir o tal sinal digital em suas respectivas programações? Sei não.
A propósito, basicamente a TV Digital é uma nova tecnologia de transmissão de sinais de televisão que proporciona gratuitamente ao telespectador melhor qualidade de imagens e sons e uma série de novos benefícios, tais como ver televisão quando em deslocamento e interagir com os programas. Com as transmissões digitais, a televisão terá uma imagem sem fantasmas ou chuviscos, nítida, com som comparável ao de um CD.
O problema é que para receber Alta Definição é necessário ter um televisor FULL HD com conversor embutido. E mais: todos os atuais televisores de tubo e os de LCD ou Plasma sem os conversores necessitam de um aparelho externo para sintonia dos novos canais digitais, os chamados conversores digitais. Então, levante a mão quem já tem isso tudo aí.

Gilson Sousa