sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Livro Novo


Quando 2011 começou, ele era todo seu. Foi colocado em suas mãos...
Você podia fazer dele o que quisesse ...
Era como um Livro em Branco, e nele você podia colocar: um poema,
um pesadelo, uma discussão, uma amizade, uma oração.
Podia...
Hoje não pode mais; já não é seu.
É um livro já escrito...
Concluído.
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será
lido, com todos os detalhes e você não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.
Portanto, antes que 2011 termine, reflita, tome seu velho livro e o
folheie com cuidado.
Deixe passar cada uma das páginas pela sua consciência;
Faça o exercício de ler a você mesmo.
Leia tudo...
Aprecie aquelas páginas de sua vida em que você usou seu melhor estilo.
Leia também as páginas que gostaria de não ter escrito.
Não, não tente arrancá-las.
Seria inútil.
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o
instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa
superfície do seu mundo.
Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije-o.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas
mãos do Criador.
Não importa como esteja...
Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras:
Me DESCULPE e OBRIGADA!
Demonstre humildade!
E, quando 2012 chegar, lhe será entregue outro livro,
Novo, limpo, branco todo seu,
no qual você irá escrever o que desejar,
Apenas lembre-se de não cometer os mesmos erros ou enganos,
lembrando-se que Jesus diz: "Cada um colhe o que semeia”.
Assim, proponha-se desde já, usar seu Livre-Arbítrio para escrever no
Novo Livro o quanto vai amar mais, ser mais paciente, granjear
amizades, relevar atitudes
impensadas como também evitar cometê-las, ser mais compreensivo,
amoroso, dedicado, altruísta;
Enfim... fazer aos outros o que gostaria que lhe fizessem!

FELIZ LIVRO NOVO!!!

* Texto extraído da internet.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Thiago Neves vale muito mais que um hospital


Você tem ideia de quanto vale o dinheiro que carrega no bolso, na carteira ou mesmo na conta bancária? Nem eu. O que sei é que nesse sistema capitalista cada vez mais perdemos a noção de valores. Tanto na ética, na moral, nos costumes, quanto na economia, na sobrevivência.
Digo isso porque fiquei estarrecido – não é de agora – com certos valores financeiros gastos com o futebol brasileiro. E olha que não me refiro ao topo da tabela. Nem muito menos ao pagamento de altíssimos salários de jogadores e técnicos. Mas ontem mesmo li matéria nos jornais dizendo que o Flamengo deverá desembolsar cerca de R$ 18 milhões para contar com o jogador Thiago Neves na temporada 2012. Esse é o valor a ser pago pelo passe que pertence a um time da Arábia. Em seguida, li outra matéria dizendo que o governo do Estado de Sergipe gastou R$ 15.936.019,55 para construir um hospital regional em Estância. E aí?
Aí que a cabeça entrou em parafuso. É claro que o futebol é uma instituição importante para o povo brasileiro. É uma espécie de ópio. Mas há tempos estamos supervalorizando as coisas por aqui. Não é justo investir tanto dinheiro assim para um cara jogar bola. Justo é gastar na construção de um hospital, de uma escola. Ou não? Mas quem é que vai ligar para isso, né.
Em tempo: o hospital regional de Estância inaugurado ontem conta com 107 leitos para internamentos, com salas divididas para adultos, pediatria, UTI, isolamento e puerpério (pós-parto). Como nos padrões internacionais, trabalha com as áreas vermelha, amarela e verde. Possui ainda um bem equipado Centro Cirúrgico com salas para cirurgias, partos, pré-parto e recuperação pós-anestésico. Quanto ao jogador do Flamengo, Thiago Neves, sequer vai ajudar o time a conquistar uma vaga na Libertadores da América do ano que vem. Mas deixe isso para lá.

Gilson Sousa

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O país das faculdades perebentas


A desvairada sede do governo brasileiro em oferecer vagas em cursos de nível superior país afora, está mostrando sua verdadeira cara e obtendo seus reais efeitos. Após mais uma desastrosa avaliação dos cursos através do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que mede o rendimento dos alunos de graduação, ingressantes e concluintes, o Ministério da Educação (MEC) achou por bem punir com medida cautelar 60 faculdades que tiveram o Índice Geral de Cursos (IGC) abaixo de 1,45 em 2010 e conceitos insatisfatórios (1 e 2) nos dois anos anteriores. Algo vergonhoso no mundo do ensino superior.
Sergipe não teve nenhuma de suas faculdades incluídas nesta lista de 60, mas em compensação, na avaliação deste ano, apenas a UFS e Unit obtiveram nora 3, de um total de 5. As demais, entre elas Pio Décimo, Fanese e Fama, ficaram com 2. Ou seja, nada vai bem no ensino superior local. E por que isso acontece? Porque o ensino superior virou uma mercadoria. Para o governo, o que interessa é o número alto de gente matriculada nas instituições. A qualidade do ensino/aprendizagem é o que menos importa. Importa mesmo é sair dizendo mundo afora que ‘tantos milhões’ de jovens brasileiros frequentam o ensino superior. Isso sim pega bem.
Enquanto essa tragédia persiste, constatamos por aí a formação de péssimos profissionais da área de saúde, horríveis advogados, inacreditáveis professores e até espantosos engenheiros. E aí querem chamar esse país de desenvolvido. A propósito, nessa historia toda de reprovação de faculdades, doeu mesmo foi ver o nome de uma das instituições ´perebas’ do Rio de Janeiro incluído na lista: Faculdade Machado de Assis (Fama-RJ), com nota 1,36. “Nosso mestre da literatura, o velho bruxo das letras, não merecia tal decepção”, diria o leitor.
Quanto às punições, segundo o MEC, as instituições incluídas na lista ficam proibidas de aumentar a oferta de vagas em seus cursos de graduação e pós-graduações lato sensu, têm suspensos os recredenciamentos e autorizações de cursos (processos que validam os diplomas dos alunos) e irão ficar sob supervisão do ministério até que sanem as deficiências. Bem feito.

Gilson Sousa

sábado, 19 de novembro de 2011

Atenção: beber cerveja todo dia faz bem e combate até diabetes


Tá vendo aí! Os meus amigos Chico Ribeiro, Cirleide Souza, Adiberto Souza, Isaac, Matheus e tantos outros estão corretíssimos. Beber cerveja todo dia é uma maravilha. E quem disse isso foram respeitados pesquisadores espanhóis após um estudo realizado com 1.249 homens e mulheres acima de 57 anos. Segundo os especialistas, tomar uma caneca da bebida por dia combate diabetes, evita ganho de peso e previne contra hipertensão. Além de ter graduação alcoólica baixa, a cerveja contém ainda ácido fólico, vitaminas, ferro e cálcio - nutrientes que protegem o sistema cardiovascular. Tá ruim, é?
Como se não bastasse a boa notícia, os estudiosos espanhóis dizem que a cerveja não é a responsável pelo aumento da gordura abdominal. A culpa, na verdade, seria dos aperitivos gordurosos, como salgadinhos e frituras, que grande parte das pessoas consome junto à bebida. E a gente bem sabe disso. “Nesse estudo, nós conseguimos banir alguns mitos. Sabemos que a cerveja não é a culpada pela obesidade, já que ela tem cerca de 200 calorias por caneca - o mesmo que um café com leite integral”, confirma a médica Rosa Lamuela, uma das responsáveis pela pesquisa feita em parceria entre a Universidade de Barcelona, o Hospital Clínico de Barcelona e o Instituto Carlos III de Madri.
No caso da gente, cervejeiros convictos, aponto somente um possível problema: nunca ficamos apenas numa única caneca diária. Mas até acho que isso ajuda no fortalecimento dos benefícios. Portanto, como bem disse o cronista Xico Sá, “bebo muito e escrevo socialmente”. Vou ali tomar a minha caneca de hoje.

Gilson Sousa

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Paraíso dos corruptos


E a corrupção não dá trégua nesse país. Parece até que está no sangue do brasileiro que se envolve com política. Principalmente naqueles que são ordenadores de despesas. Isso, é claro, respeitando as exceções. Que são muito poucas, aliás.
Ainda bem que temos uma imprensa investigativa e corajosa na maioria das vezes. Afinal, em apenas 11 meses de governo da presidenta Dilma Rousseff, seis ministros já caíram. E o sétimo está a caminho. Podem anotar.
Segundo a imprensa, a "faxina" comandada na Esplanada dos Ministérios já derrubou Pedro Novais (PMDB-MA) do Turismo, Wagner Rossi (PMDB-SP) da Agricultura, Antonio Palocci (PT-SP) da Casa Civil, Alfredo Nascimento (PR-AM) dos Transportes, Nelson Jobim (PMDB-RS) da Defesa, e Orlando Silva (PCdoB) do Esporte. De todos, apenas Jobim não caiu após denúncias de corrupção. Ele se afastou após a repercussão negativa provocada por declarações polêmicas sobre o governo e colegas de ministério.
O próximo da lista deverá ser Carlos Lupi (PDT) do Trabalho. Quase todos os que caíram por envolvimento em corrupção eram integrantes do grupo de ministros herdados da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, há tempos tinha gente metendo a mão no dinheiro público. Fosse no Japão, muitos deles davam um tiro de revólver na própria cabeça. Mas no Brasil, sabe como é que é, né. Até parece que o crime compensa.

Gilson Sousa

domingo, 6 de novembro de 2011

Morte de cinegrafista no Rio é um alerta aos jornalistas


Lamentável a morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, ocorrida neste domingo enquanto exercia sua atividade profissional no Rio de Janeiro. Bem sei do risco que representa à vida essa nossa profissão de jornalista. Ainda mais em cidades violentas como o Rio, onde a imprensa tem a missão de acompanhar de perto os conflitos entre bandidos e polícia. E foi justamente num desses conflitos que Gelson Domingos perdeu a vida.
Mesmo usando um colete à prova de balas, durante a cobertura da operação policial na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste da cidade, o cinegrafista acabou sendo atingido por um tiro de fuzil que ultrapassou sua proteção. “Foi muito rápido. Ele foi atingido pelos disparos e caiu imediatamente. Não deu nem para tirá-lo da viela. Homens do Bope começaram a atirar contra o grupo. Fiquei no meio do fogo cruzado e deitei no chão. Gelson em nenhum momento parou de filmar. Ele filmou quem o matou”, relatou o repórter Ernani Alves, colega da TV Bandeirantes.
Aqui em Sergipe os riscos na profissão de jornalista não chegam a ser assustadores, mas nunca é bom descuidar. Lembro que em meados da década de 1990, quando eu trabalhava como repórter no jornal Cinform, cheguei a correr de tiros de revólver disparados contra nossa equipe dentro de um laranjal em Boquim. Na ocasião, em companhia do sindicalista Carlos Gato, que pouco tempo depois foi assassinado, eu e o repórter fotográfico Marcos Lopes fazíamos uma reportagem sobre o trabalho infantil nos laranjais da região Centro-sul de Sergipe. Ainda bem que saímos ilesos daquela.
Quanto ao repórter cinematográfico Gelson Domingos, que tinha 46 anos de idade, resta-nos lastimar pela morte, mas também cobrar das empresas de comunicação e entidades da área mais atenção ao profissional que coloca sua vida em risco sempre que vai em busca da melhor imagem, da melhor informação a ser passada para o mundo. Com tanta temeridade em jogo, fica claro que os profissionais da imprensa no Brasil precisam se proteger muito mais, e isso depende de investimentos e treinamentos. O alerta já foi dado.

Gilson Sousa

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A celebração do Domeq


Anota a cultura oriental que no dia de finados, a melhor homenagem que podemos fazer aos entes que se foram daqui, é oferecer-lhes um alimento que era muito apreciado em vida. No caso do nosso eterno amigo/irmão Cleomar Brandi, o incomparável Chico Ribeiro Neto, seu irmão de sangue, não pensou duas vezes. Foi lá no bar de Simeão, comprou uma dose de conhaque Domeq, acondicionou numa garrafinha plástica, pediu um copo descartável e veio para mim com a missão:
- Gilson, não estarei aqui em Aracaju no dia de finados. Mas peço que vá no cemitério e deixe essa dose de Domeq ao lado do túmulo de Babalu (Cleomar). Se o coveiro beber, acho que ele vai ficar feliz. Se não beber, é capaz de ele mesmo voltar pra fazer isso!
Dito e feito. Com uma vela na mão, a garrafa com o conhaque na outra, fui direto à sepultura 14173 na Colina da Saudade. Muita gente ao redor olhava curiosa o ritual etílico pós-vida mundana. Mas ninguém ousava dizer nada. Rapidinho, como um daqueles garçons eficientes que tanto agradavam Cleomar, postei a dose ao pé do túmulo. Tentei acender a vela, mas o vento não deixou, fiz uma oração, agradeci a Oxalá por Ele estar entre nós e me despedi mais uma vez do meu amigo. Minutos depois, tratei de enviar a mensagem ao celular de Chico:
“Tarefa dada, tarefa cumprida. Babalu deve estar agora saboreando essa dose, esteja onde estiver”.

Gilson Sousa

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

João Gilberto super elitizado


Considero extremamente necessário respeitar e cultuar os grandes nomes da arte brasileira. As pessoas talentosas que fizeram e fazem a diferença, enriquecendo nosso universo cultural e abrindo caminho mundo afora para que sejamos reconhecidos como uma Nação rica e evoluída. O problema, muitas vezes, é viabilizar internamente o acesso à produção artística de qualidade e socializar esse conhecimento, aprendizagem, respeito e admiração.
Vejam o que acontece agora com o nosso João Gilberto, talvez o mais talentoso músico brasileiro de todos os tempos. Completou 80 anos de idade em 10 de junho de 2011. Data digna de todas as celebrações possíveis. Pensando assim, a produção do artista baiano que viveu longa temporada em Aracaju, organizou uma série de shows em comemoração ao feito a partir de 5 de novembro. A turnê passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Salvador. Mas vocês pensam que qualquer ser humano comum poderá prestigiar um desses espetáculos? É ruim, heim! Em São Paulo, o ingresso mais barato custa R$ 500, chegando a R$ 1 mil; em Brasília, o mais barato é R$ 600. em Porto Alegre é R$ 700.
Como alento, a assessoria do cantor diz que os shows fazem parte do projeto "80 Anos - Uma Vida Bossa Nova", que ainda deve resultar na gravação de dois DVDs. O primeiro, já acertado, vai registrar os shows em 2011 e o segundo, se houver, trará bastidores, gravações em estúdio e participações especiais. Até lá, ‘arrocha’ para o povão.

Gilson Sousa

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um protesto de peito aberto


Taí um protesto interessante. Pelo menos nos últimos três anos um grupo de pessoas nos Estados Unidos vem se manifestando em Miami Beach, na Flórida, para exigir a igualdade de gênero na hora de exibir seus corpos. É a turma a favor do tão desejado topless feminino. Para justificar o protesto nas ruas, eles usam o argumento que tanto homens como mulheres possam ter o direito de fazer topless nas praias do país. A última manifestação aconteceu há um mês e se estendeu a pelo menos outras 12 cidades americanas, como Los Angeles (em Venice Beach), Califórnia e Nova York.
Na verdade, as mulheres protestantes lutam por direitos iguais em Miami Beach. Consideram o topless, um ato de igualdade com os homens. “Queremos um mundo mais igual, onde as mulheres podem exibir os seios como os homens fazem”, diziam os cartazes expostos durante a manifestação.
É claro que certas ‘aberrações’ da natureza não precisam e não devem ser mostradas em público. Mas acho o protesto americano interessante porque sempre considerei a maior besteira ficar escondendo uma parte tão linda do corpo feminino. Um pudor sem cabimento. Como que não soubéssemos o que exatamente está por trás dos biquínis. A propósito, em muitas praias da Europa, como Ibiza e outras, é muito comum a prática do topless feminino. Isso já se tornou até algo natural e cultural.
Certos estavam, e muitos continuam estando, os índios do litoral americano. Exibiam seus corpos, independente da forma, com a naturalidade abençoada por Deus. Aí vieram os imundos portugueses, espanhóis e holandeses e praticamente obrigaram o uso das vestimentas. Por sorte, muita gente não obedeceu. Como não obedece até hoje. Têm apenas que cumprir ‘regras sociais’, mas na primeira oportunidade jogam fora tudo aquilo que incomoda, seja dentro de casa ou numa praia deserta e/ou restrita, e deixam livres seus seios, pernas, bundas e o que mais quiser.
Portanto, aplausos para o movimento em favor do topless. Que seja realizado mundo afora, principalmente em terras brasileiras, onde a vaidade costuma andar de mãos dadas com o falso moralismo. Em nome da igualdade de gêneros, deixem as mulheres serem felizes. Pelo menos na praia.

Gilson Sousa

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Jogos Pan-Americanos de Guadalajara serão para poucos


É triste para o telespectador brasileiro essa guerra comercial entre emissoras de grande porte que buscam exclusividade em suas transmissões de eventos. Isso, justamente, irá acontecer agora mais uma vez com a transmissão dos XVI Jogos Pan-Americanos que acontecerão na cidade de Guadalajara, México, entre os dias 14 e 30 de outubro. A Rede Record, segunda maior emissora brasileira, mostrará com exclusividade. Resultado: a Rede Globo, maior emissora, não dará uma só nota sobre o evento. Apesar da importância.
Para o telespectador fica no ar um sinal de frustração. É claro que a Record está investindo pesado no trabalho. Mas muita gente ainda não costuma sintonizar no canal. Aliás, em muitos lugares de Sergipe o sinal sequer chega. E no Brasil afora deve ser assim também. Porque aí entra uma questão de investimento em satélites e coisa e tal. E nisso a Globo é imbatível. Mas vai privar os brasileiros de acompanhar tão importante competição esportiva das Américas. A não ser que seja pra falar mal de alguma coisa, justamente para ‘queimar’ a concorrente.
É bom lembrar que os Jogos Pan-Americanos reúnem os atletas do continente americano em um festival de esportes e amizade internacional. O evento acontece a cada quatro anos, sempre no ano que antecede aos Jogos Olímpicos. O último havia sido no Rio de Janeiro, com cobertura estrondosa da Globo. Nesse agora, quem gosta de Globo Esporte, Esporte Espetacular e até dos programas da Sportv, que é o canal pago da Globo, ficará sem saber de nada do Pan-Americano do México. Lamentável. Talvez apenas emissoras menores como Band, SBT e outras se interessem em divulgar notas e flashs das competições que envolvem atletas brasileiros.
Para quem não sabe, essa guerrinha também alcança as coisas locais. Aqui mesmo no blog eu já havia criticado a pequenez da TV Sergipe (Globo) quando a TV Atalaia (Record) detinha a exclusividade para transmissão do pobre campeonato sergipano de futebol. Era desprezo total à competição por parte dos ‘globais’ nativos. E assim prossegue a guerra das poderosas. Como foi durante o recente Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Como era evento com o dedo da Globo, apesar da dimensão mundial, a Record fazia de conta que não existia. E nisso tudo só quem perde é o telespectador, mesmo ciente de que as emissoras são uma concessão pública, com deveres e obrigações perante o público, pobre público.

Gilson Sousa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tragédia humana é o filé do telejornalismo no Brasil


Pelo visto, mostrar as variadas tragédias provocadas e sofridas por seres humanos é o que há de mais valioso no telejornalismo brasileiro. Basta constatar as principais chamadas diárias: assassinatos, seqüestros, acidentes aéreos ou terrestres, corrupção política, graves problemas administrativos, fome e miséria. Esse é o cardápio diário do telejornalismo que alavanca audiência no Brasil. Falar de coisa boa, só no final da edição. E olhe lá!
Para comprovar essa teoria, mostro a conquista do Jornal Nacional, da Rede Globo, que faturou o prêmio Emmy Internacional, na categoria notícia. Dizem que corresponde ao Oscar da televisão. E com qual notícia a Globo ganhou? Miséria, é claro. Foi com a cobertura da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado. Nesse caso, o Jornal Nacional concorreu com a cobertura da retomada do Conjunto de Favelas do Alemão, pelas forças públicas de segurança. Foi uma bagaceira, sempre evidenciando o poderio da bandidagem diante do Estado.
Na cerimônia de premiação, dia 26, em Nova York, o jornalista William Bonner, editor e apresentador do JN, disse que nos últimos nove anos, o telejornal esteve sete vezes colocado entre os quatro melhores do mundo. E sempre com reportagens enfocando a miséria e a tragédia. Em 2002 havia sido finalista do Emmy com a cobertura dos atentados de 11 de setembro. Em 2005 concorreu com as reportagens sobre a reeleição do ex-presidente George Bush.
Em 2007 com a Caravana JN, que percorreu o Brasil em 2006 mostrando o atraso e a precariedade do nosso país em variados setores. No ano seguinte concorreu com a cobertura do acidente do Airbus da TAM, em São Paulo. Em 2009, a indicação veio com a reportagem sobre o caso da jovem Eloá, sequestrada e morta pelo ex-namorado em Santo André, no ABC Paulista. Um ano depois, o JN chegou de novo à final com a cobertura do apagão de energia em 18 estados que afetou milhões de pessoas. Ou seja, notícia boa não dá Ibope. E muito menos premiação.

Gilson Sousa

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A miss dos sonhos virou realidade para o mundo


Está ruindo o império das bárbies no âmbito do concurso Miss Universo. Neste ano, dentre dezenas de loiras magérrimas que pela enésima vez disputaram o famoso título, uma belíssima negra angolana, não menos magra que as demais concorrentes, levou a melhor. Leila Lopes, a angolana, é a nova dona do cetro e da coroa cobiçada pelas bárbies mundo afora.
No concurso realizado em São Paulo ela era a única negra a estar entre as finalistas - e quarta integrante do continente africano a vencer. Para muitos, isso pode ter sido apenas uma mera escolha de uma mulher bonita entre tantas. Mas não é só isso. Atentem. É uma quebra de paradigma nos padrões de beleza. Aliás, uma quebra de paradigma em certos conceitos humanos.
Lembrem que foi assim quando Naomi Campbel se tornou a modelo mais bem paga do mundo; foi assim quando Barak Obama venceu as eleições para a presidência dos Estados Unidos; assim quando Lewis Hamilton foi campeão mundial de fórmula 1 em 2008; e foi assim agora no Miss Universo com a vitória de Leila Lopes, um exemplo de que beleza e competência não têm cor de pele, assim como tantos outros aspectos pertinentes ao ser humano. Só nos resta, creio, a escolha de um papa negro para comandar o Vaticano.
Quanto à Leila, que é conhecida em seu país como "diamante negro", superou 88 candidatas do mundo inteiro no concurso deste ano. Aos jornalistas, após a vitória, ela falou sobre a questão do racismo no mundo. "Felizmente o racismo não me atinge. Acho que os racistas precisam procurar ajuda, não é normal em pleno século XXI ainda pensarem nessa forma. Devemos todos nos respeitar, independente da raça, do sexo e do meio social", frisou a bela.
Sobre o seu reinado de miss, ela contou que irá trabalhar a favor de causas sociais que envolvem a África. "Minha beleza vai ajudar a todos. Vou lutar contra a AIDS, porque este é o principal projeto em Angola", disse. E para finalizar, eu não perderia a chance de espalhar essa notícia também: Leila é flamenguista, justamente a embaixadora da torcida Fla-Angola. Quem agüenta?

Gilson Sousa

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Uma expressiva contribuição à baixa estima dos sergipanos


Muito pertinente a crítica feita pelo radialista Fernando Cabral, presidente do sindicato estadual de sua categoria, ao programa Terra Serigy, da TV Sergipe, a ser exibido neste sábado. Sem justa causa, a TV irá mostrar num importantíssimo espaço concebido para propagar aspectos da vida sergipana, uma mera ovação a uma turnê da cantora baiana Ivete Sangalo. Coisa indevida.
Para mim, trata-se mesmo de uma expressiva contribuição à baixa estima dos artistas locais. É também, sem dúvida, uma das maiores agressões à sergipanidade já registrada na televisão desse Estado. Isso levando-se em consideração o fato de que o Terra Serigy deveria somente exibir atributos da nossa gente. E não me venham falar em bairrismo, pois isso é justamente o que nos carece.
A propósito, Cabral deixou claro em sua crítica que não tem nada contra a cantora Ivete Sangalo, artista de grande talento e admirada pelo Brasil afora. “Será que algum artista sergipano conseguiria o mesmo espaço na Rede Bahia?”, questiona. “É uma total descaracterização do programa que já não é mais o mesmo desde a chegada do atual diretor de jornalismo”, admite o dirigente sindical.
É claro que o povão irá adorar ver na telinha um vasto noticiário sobre Ivete Sangalo. Ela é querida por muitos. Só que a emissora de tv não precisa sacrificar nossos espaços para exaltar a cultura alheia. Se for falta de pauta, o jeito é baixar a guarda e investir mais na criatividade. No entanto, se o problema for a intencional desvalorização da sergipanidade, o jeito é conclamar a sociedade para o boicote.
Levar ao público as coisas de Sergipe é algo extraordinário e necessário. Nos tempos em que a jornalista Sayonara Hygia, amparada pelo criativo Pedro Carregosa, tocava o programa, a conversa com o telespectador era literalmente outra. Comparado àquilo, somente o programa ‘Descobrindo Sergipe’, da TV Alese, que era apresentado pelo radialista João Jatobá. Ali sim podíamos dizer que eram grandes contribuições à cultura local.
Portanto, sabendo que a TV Sergipe é composta por uma maioria de bons profissionais da comunicação, não custa dizer que é preciso repensar o foco. Necessitamos de uma maior identidade com nós mesmos, daí a obrigação de mudança de rumo em determinados produtos da emissora. Se é que vocês me entendem.


Gilson Sousa

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Salvem as professorinhas!


Vejam, senhores e senhoras, a que ponto chegamos neste país. Num momento em que tanto se discute através da mídia a valorização do professor e sua conseqüente colaboração para se definir um país desenvolvido, vem um político cavalo e dá uma patada em todo mundo. Senão vejamos: em recente entrevista à imprensa nacional, o governador do Ceará, Cida Gomes, criticou professores da rede estadual, em greve há um mês por melhores salários e condições de trabalho, e disse que quem quer dinheiro deve procurar outra atividade. “Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”, disse o cidadão.
Aí você pergunta: o que é mesmo que ele faz na vida? Será isso uma atividade pública ou privada? E quanto é mesmo o salário dele? Bom. Não deve ser menos de R$ 1 mil, como é o caso de vários professores daquele estado. A propósito, na entrevista o governador enfatizou que “quem desenvolve atividade pública deve colocar o amor pelo que faz na frente do retorno financeiro”. Disse também que “quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Você acredita nisso saindo da boca de um político?
É importante frisar que o Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc) assegura que o governo daquele estado não cumpre a Lei Federal do Piso e o plano de cargos e carreiras dos professores. Mas vejam o que diz o tal Cid: “Isso é uma opinião minha que governador, prefeito, presidente, deputado, senador, vereador, médico, professor e policial devem entrar, ter como motivação para entrar na vida pública, amor e espírito público. Quem está atrás de riqueza, de dinheiro, deve procurar outro setor e não a vida pública”. Sem comentários.
Depois ainda querem dizer que educação é coisa séria.

Gilson Sousa

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Faixa de pedestres: território do ‘salve-se quem puder’


Idealizada por especialistas em trânsito europeus há décadas para garantir um espaço de livre transição de pessoas ante a movimentação de veículos motorizados, a faixa de pedestres em Aracaju é praticamente uma vilã. É um território onde o desrespeito toma conta. Um verdadeiro ‘salve-se quem puder’, principalmente quando se pretende utilizá-la da maneira correta. Por motivos como estes, vira e mexe ouve-se queixas de transeuntes e até notícias de atropelamentos em plena faixa.
É claro que a intenção da pintura destaca nas vias é muito boa, mas certamente só teria serventia em ambientes povoados por comunidades bem educadas. Nada parecido com esses selvagens, incluindo eu, que dominam o trânsito aracajuano. A não ser em determinadas localidades da zona burguesa da capital, como nas proximidades do shopping Jardins, a faixa de pedestres nessa cidade é um instrumento meramente figurativo nas pistas.
Sou testemunho diário do risco de morte de centenas de pessoas que estudam ou trabalham na Faculdade Pio Décimo da avenida Tancredo Neves. Ali é um ‘Deus nos acuda’. Não fosse a presença de um ou outro agente da SMTT em horários de extremo pico de veículos – somente em horário de extremo pico -, essas pessoas demorariam horas plantadas nas calçadas ou canteiros à espera de uma oportunidade para atravessar a rua. Mesmo com as faixas de pedestre fincadas no local. E o mesmo suplício acontece em variados pontos da cidade.
Notadamente há um gritante erro de engenharia de trânsito no que diz respeito à colocação de certas faixas em Aracaju. Algumas delas estão posicionadas em esquinas onde não há semáforo, não há alerta ao motorista, e também não há a devida atenção do pedestre ao atravessá-la. Resultado: constantes atropelamentos. Raros são os motoristas que se sensibilizam com a condição frágil do pedestre pelas vias da cidade. Isso é fato. A maioria, se pudesse, colocava o carro por cima de quem atravessasse seu caminho sem ao menos pedir licença. Duvida?
Dia desses, no salão de cortar cabelo, ouvi de um rapaz sentado ao lado que motoqueiro não precisa respeitar nada no trânsito. Muito menos faixa de pedestre. “Quem tem que parar para dar vez ao pedestre são os carros pequenos ou grandes. Moto não”, ensinava o jumento. Tentei ponderar, mas quase apanhei. Até porque o meu ‘barbeiro’ também é motociclista e pareceu-me que comungava das ideias do rapaz.
Lembro que no início dos anos 2000, o então superintende de trânsito da capital, Henrique Luduvice, investiu pesado na tentativa de educar tantos motoristas quanto pedestre quanto ao uso da faixa. Por alguns instantes a campanha até que pegou. Mas nada muito promissor. Foi-se Luduvice, foi a fugaz educação no trânsito. Portanto, caro pedestre, lhe resta orar muito quando chegar o momento de atravessar uma dessas faixas com segurança. Nada de se jogar no asfalto. Até porque, nesses casos, a lei que impera é a do mais pesado. Entende!

Gilson Sousa

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A importância científica da cachaça


Eu, cervejeiro convicto, afirmo que essa é a pesquisa científica com resultado mais óbvio que já vi em minha vida: “Ciência explica por que álcool faz os outros ficarem mais bonitos”. Já pensou!?.
Segundo a imprensa, teve gente graduada na Universidade de Roehampton, em Londres, que perdeu tempo pesquisando isso. Depois de vários testes, descobriram que o consumo de bebida alcoólica diminui a capacidade de detectar possíveis desigualdades entre os dois lados do rosto do pretendente, além de reduzir a preferência das pessoas por rostos mais simétricos. Ou seja, a bebedeira justifica a ‘momentânea queda no padrão de exigência’.
Aí eu lembro do meu amigo/irmão Harley Pedrosa. Hoje não, pois está um moço muito bem casado com a minha amiga Kátia. Mas tempos atrás, quando saíamos para beber algumas por aí, a coisa era literalmente feia. Depois de muitos goles de cerveja, qualquer bagaçada que aparecesse na frente dele se oferecendo, sem pestanejar ele traçava. E ainda saía dizendo para os amigos que tinha ‘pego’ a maior gata da festa. Coisa de cachaça.
Portanto, só falta agora os cientistas investirem numa outra pesquisa para constatar que não existe no mundo ninguém feio o suficiente: as pessoas é que bebem pouco. “De fato, após entornar alguns copos é comum achar que as pessoas ao redor se tornaram ainda mais bonitas. Mas aquilo que já foi constatado por muitos no dia seguinte agora tem explicação científica”, defendem os pesquisadores britânicos. Coisa de quem não tem muito o que fazer.


Gilson Sousa

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O país dos gordinhos


Que o brasileiro está se alimentando muito mais nos últimos anos está na cara. Aliás, na barriga. Desde que o país retomou um certo crescimento econômico e investiu pesado em programas sociais para tentar reduzir a miséria e colocar comida todos os dias na mesa do povo, muita gente vem perdendo a postura. Sim, o brasileiro está se alimentando em grande quantidade. O problema é a qualidade da comida.
Repleta de hormônios, frituras e produtos ‘explosivos’, essa comida está deixando o povo mais ‘inchado’ do que nunca. Basta observar nas ruas. No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) mostrando que em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e em todas as faixas de renda aumentou consideravelmente o percentual de pessoas com excesso de peso e obesas. Não era para menos.
A pesquisa diz que esse sobrepeso atinge 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. Uma preocupação sem igual. Mas parece que ninguém está ligando muito para isso. E haja sanduíche, miojo, pão, feijão, rabada, feijoada, pizza, buchada e tudo aquilo que a gente adora comer. Que o diga o ex-jogador de futebol outrora chamado de Fenômeno, o nosso Ronaldo. Esse, que deixou os campos no começo desse ano, virou um fenômeno nas estatísticas propaladas pelo IBGE.
“Galera, descobri que a vida de aposentado tem uma coisa muito boa. Agora eu posso tirar foto sem camisa nas férias sem ser detonado na imprensa!”, brincou Ronaldo. “Antes a manchete seria: Acima do peso, Ronaldo.... Agora é: Ronaldo curte praia com a família. Melhorou demais”, disse ele, através do twitter. E viva o país dos gordinhos.

Gilson Sousa

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um legado de positividades


O amarelo dos girassóis o espera em seu próximo caminho. Esse foi o plano traçado por Cleomar Brandi pouco antes de partir. Foi com a certeza de que lutou pela vida até onde pôde. Disso tenham todos a mesma certeza. Mas chegou sua hora. O mistério da morte o atravessou dessa vez, depois, é claro, de várias tentativas em vão.
“Tô indo, Negão”. Foi o que me disse num dos últimos momentos de lucidez plena. E eu vi que estava mesmo. Era ali o senhor dos tempos. O espírito platinado. O cavaleiro blindado. O homem ungido sob a capa de Oxalá. Foi-se o amigo, o irmão, o companheiro, o mestre. Ficaram todas as lições possíveis.
Nesse mundo de Deus, Cleomar amou e foi amado por muitos e muitas. Incompreendido por poucos. Geralmente, homens ciumentos que não entendiam quase nada sobre a arte da conquista feminina. Nada de poesia. Nada de boemia. E tudo isso sim, território extremamente dominado por ele.
O que sei é que Cleomar cumpriu aqui sua missão de ensinamentos. Jamais deixou de lado a mala da dignidade, da tolerância, do afeto, da compreensão, da grandeza espiritual. Era um ser preciso. Calcado na escola da resistência. Vivia sob os afagos da família, dos amigos, dos seus amores carnais. E se alimentava de luz.
Na maioria das vezes, o álcool foi seu fiel companheiro na dor física. Quase ninguém percebia isso, mas as exageradas doses de conhaque ou uísque eram uma tentativa de camuflar incômodos dificilmente suportáveis por qualquer um de nós. No entanto, a ternura era elemento imprescindível nessas horas também. A poesia o tornava um gigante. E disso ele tinha a exata noção.
Claro que vamos derramar lágrimas um, dois, três dias. Vamos chorar de tristeza, sim. Mas depois disso teremos a dimensão do seu legado. Viver intensamente cada instante.
Saber driblar obstáculos com sapiência. Acreditar em tudo o que fazemos de correto. Estender a mão sempre que possível. Mas acima de tudo, dar crédito ao amor, à amizade. Isso é o que importa na vida.
Ficarão as lembranças, Cleomar. Com elas, a certeza de que poderemos sempre brindar à vida em seu nome, mesmo que distante de nós. Até porque, apenas foi-se o corpo cansado de um guerreiro, mas ficou um gigantesco legado de positividades para que possamos prosseguir carregando nossas pedras. Adeus, Cleomar.

Gilson Sousa

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Xô, carroças!!!!




E segue a estranha rotina da moderna cidade das carroças... passa horas, passa dias, passa tempo... lá estão elas, atrapalhando o trânsito, enfeiando a urbanidade e alimentando a nossa ideia de atraso. Será que tem alguém do poder público municipal que acha isso bonito? Sei lá. Sei que já está na hora de acabar com essa burrice. Ou esse pessoal se moderniza e começa a utilizar transporte motorizado no seu trabalho de carga, ou leva tudo na cabeça mesmo. O que não dá é para aceitar tanto atraso, tanto maltrato com os animais, tanto risco de acidentes... Deus é mais.

Gilson Sousa

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Mestrinho e o grande mestre da sanfona


Confessemos: deu um orgulho danado ver o menino Mestrinho, sergipano legítimo, tocando sua estilosa sanfona ao lado de Dominguinhos, o mestre dos mestres entre os forrozeiros da atualidade, no palco do Forró Caju. Aliás, a cara de satisfação de Dominguinhos diante do menino já nos contemplava. “Os jovens não podem deixar morrer a obra do nosso grande Luiz Gonzaga”, determinou o grande mestre, quando chamou Mestrinho para também cantar uma música durante o show.
A propósito, Mestrinho tem DNA de forrozeiro de primeira linha. É filho de Erivaldo de Carira e possui vários outros artistas na família, incluindo o também sanfoneiro Erivaldinho, seu irmão. No ano passado foi convidado para integrar a banda de Elba Ramalho, mas recusou. Logo depois o velho Dominguinhos formulou o mesmo convite e dessa vez ele não recusou. “Dominguinhos é Dominguinhos”, disse ele.
Sendo assim, Mestrinho começa a trilhar o caminho do sucesso com seu instrumento e sua voz. Talento para isso ele tem de sobra. E quem conhece atesta. Já o mestre Dominguinhos, à essa altura do campeonato, anda sofrendo boicotes inexplicáveis. Em outros estados nordestinos, a exemplo de Pernambuco, sua terra natal, Dominguinhos foi excluído dos festejos juninos por conta de suas opções políticas. Um absurdo, mas o bom é saber que a arte dele está acima de tudo isso. Ainda mais agora, com a força jovial do nosso Mestrinho.

Gilson Sousa
Foto: André Moreira

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Gentileza gera gentileza


Não tenho dúvida. A gentileza melhora as pessoas. Melhora o mundo. Gentileza gera gentileza. Era isso o que pregava o profeta que no início da década de 1990 eu sempre encontrava perambulando pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro. O profeta, é bem verdade, tinha uma história triste para contar. Havia perdido toda a sua família num incêndio que acabou com o circo que administrava em turnês pelo interior do Rio. Daí passou a viver nas ruas pregando a paz, o amor a Deus e, claro, a indispensável geração de gentileza. Artistas como Gonzaguinha e Marisa Monte o homenagearam com músicas belíssimas. Mas o que ele e quase todos nós queremos, é que a gentileza humana tome conta do mundo de uma vez por todas. Essa sim seria uma atitude gentil e precisa.

Gilson Sousa

domingo, 12 de junho de 2011

Djavan: isso sim é que é um show




A passagem de Djavan com o show Ária pelo palco do Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, selou de vez a ideia de que o alagoano ainda detém o título de artista pop mais qualificado no cenário atual da MPB. Foi um show como há muito tempo não se vê nessa cidade. Era um Djavan leve, solto, muito dono de si em todos os aspectos.
Subiu ao palco com um formato de banda bastante enxuto, apenas com guitarra (Torcuato Mariano), baixo (André Vasconcelos) e percussão (Marcos Suzano). Mas nem por isso deixou de emocionar e também colocar todo mundo pra dançar em plena estrutura sisuda do teatro mais importante da cidade.
Além de boa parte das músicas que compõem o cd Ária, todos os grandes hits estiveram presentes no show. Fato Consumado, Flor de Lis, Samurai, Lilás, Oceano, Sina, Lambada de Serpente, Pétala. Era algo para satisfazer gregos e sergipanos. “Essa é a melhor parte da nossa turnê. Eu adoro estar pelo Nordeste, a região mais bacana do país”, confirmou Djavan, diante de uma legião de admiradores.
De diferente mesmo no repertório de hits, apenas a canção Transe, do disco Lilás gravado em 1984. Ademais, o público foi ao delírio com as interpretações seguras de Sabes Mentir, Brigas Nunca Mais, Oração ao Tempo, Palco, Disfarça e Chora. Em mais de uma hora e meia de show, Djavan dançou, interagiu com a plateia, fez elogios sinceros à cidade e garantiu uma noite ‘linda, sensual e sexual’ a centenas de casais que lotaram o teatro. Isso sim é que é um show.

Gilson Sousa

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Geraldo Azevedo e a homenagem ao São Francisco


Nenhum rio no Brasil, quiçá no mundo, foi mais cantado que o São Francisco, o rio da integração nacional. Centenas de trabalhos em verso e prosa foram dedicados a ele desde o tempo em que a gente se entende como brasileiros do Nordeste. Só que dessa vez, o outrora caudaloso flúmen ganhou uma homenagem especial vinda do pernambucano Geraldo Azevedo: o cd e dvd ‘Salve São Francisco’.
O trabalho é de uma beleza plástica admirável. Tem uma qualidade musical acima da média. Reúne, para vocês terem uma ideia, além de Geraldo, vários nomes consagrados da MPB como Djavan, Alceu Valença, Moraes Moreira, Fernanda Takai, Ivete Sangalo, Dominguinhos, Maria Bethânia, Robertinho do Recife e outros. Segundo a produção, eles foram buscar artistas representantes de cada Estado por onde o rio passa. Só que esqueceram de Sergipe.
Isso mesmo. Apesar de o rio São Francisco, o homenageado, passar também por Sergipe – aliás, desaguar em Sergipe -, ninguém daqui foi convidado por Geraldo para participar do trabalho. Lamentável. Mas o fato é que o resultado final do disco ficou muito bom e o tributo ao Velho Chico é digno de elogios.
A propósito, Geraldo Azevedo, que é ribeirinho nascido e criado em Petrolina, sempre se mostrou um cidadão defensor do uso consciente da água. No dvd ele aponta que o São Francisco passa por cinco Estados (Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), abastecendo mais de 5 milhões de lares, irrigando mais de 70 milhões de hectares e alimentando mais de um milhão de espécies nativas na caatinga. Portanto, merecida a homenagem ao rio, mas lamentável a ausência de sergipanos no projeto.

Gilson Sousa

terça-feira, 31 de maio de 2011

Djavan e sua Ária em Aracaju


Enfim, após meses de espera, eis que o mestre da MPB, Djavan, circula pelo Nordeste com seu show Ária. Confesso ter sido uma espera um pouco angustiante. Isso porque esse é o formato de Djavan mais inusitado em toda sua carreira. Antes, já havia acompanhado de perto todos os seus shows em Aracaju e até adjacências. Mas esse, em que ele privilegia músicas que não são de sua autoria, com uma banda extremamente enxuta, causa até frisson.
Sei que a gravação do disco Ária durou cerca de 11 meses, de setembro de 2009 a julho de 2010. O lançamento oficial aconteceu em agosto do ano passado. Alguns outros estados brasileiros, além de países estrangeiros, já tiveram o privilégio de ver o show. Mas nós somente vamos sentir esse gostinho agora, justamente no dia 11 de junho, véspera do dia dos namorados, no belo Teatro Tobias Barreto. Que banaca, né.
Djavan começou sua visita à região passando por Natal, Recife e Fortaleza. Agora vem para sua terra natal, Maceió, chegando depois em Aracaju e Salvador. E nunca é demais frisar que pela primeira vez ele lança um disco como intérprete. “Agora senti necessidade de esquecer de mim como compositor”, disse ele, numa das entrevistas que concedeu durante a época do lançamento.
Além de Djavan no violão, Ária tem André Vasconcelos no baixo acústico, Marcos Suzano na percussão, e Torcuato Mariano na guitarra. Ou seja, só fera nos instrumentos. O repertório do disco, que provavelmente estará todo no show, é formado por preciosidades como Oração ao Tempo, de Caetano Veloso; Sabes Mentir, de Othon Russo; Brigas Nunca Mais, de Vinicius e Tom Jobim; Palco, de Gilberto Gil; Disfarça e Chora, de Cartola e Dalmo Castello; entre outras.
Agora é só esperar a hora de subirem as cortinas.

Gilson Sousa

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Até quando?


Racismo no futebol mais uma vez. Até quando? Essa semana o jogador brasileiro Marcelo, lateral do Real Madrid, da Espanha, divulgou que foi vítima desse crime praticado pelo espanhol Sergio Busquets, meio-campista do Barcelona. Um absurdo que não pode ficar impune.
Segundo o brasileiro, que é negro, o outro o chamou de “mono”, que no português é o mesmo que “macaco”. O fato ocorreu durante uma partida entre as duas equipes no dia 27 de abril. Por enquanto, a Uefa (União das Federações Européias de Futebol) estuda um gancho de cinco partidas para o espanhol.
É dito que o artigo 11 do código disciplinar da entidade impõe que “qualquer um que insulte a dignidade humana de uma pessoa ou um grupo de pessoas (...) incluindo a cor, raça, religião ou etnia, deverá ser suspendido durante cinco partidas por um período específico”. E eu até acho uma punição muito branda.
Afinal, essa é, sem dúvida, uma das piores manifestações agressivas cometida entre seres humanos. A prática do racismo ou qualquer outra revelação preconceituosa, precisa ter um fim. “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?”, já clamava o poeta baiano.

Gilson Sousa

Foto: AFP

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quando o ódio supera até a intolerância


Para falar a verdade, é cruel, mas eu concordo com o pensamento do coveiro carioca Leandro Silva Oliveira, de 25 anos. Hoje pela manhã ele teve que enterrar numa cova rasa do Cemitério do Caju o corpo de Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre de 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, ocorrido no último dia 7.
“O sentimento foi de ódio. Acho que um cara desses não merecia ser enterrado”, atestou o coveiro. Eu também acho. Para mim, não tem distúrbio mental algum que justifique você premeditar o assassinato de crianças daquela forma. Isso é coisa de animal selvagem. E animal selvagem não merece e nem precisa de enterro formal.
A propósito, o assassino teve até muita sorte. Não foi enterrado como indigente porque o seu corpo saiu identificado do IML carioca. No entanto, nenhum parente foi até o necrotério reconhecer o cadáver nem muito menos compareceu ao sepultamento. Foi direto para o inferno.

Gilson Sousa

A foto, do coveiro Leandro, é de Sabrina Lorenzi/iG

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Povo bunda


Argentino é um povo pequeno. Aliás, um povo que se acha grande, mas é miúdo. Em tudo. E isso não é ranço algum. É mera observação comportamental. Uma pequena demonstração disso eles deram no final da partida de futebol entre os times do Fluminense (RJ) e outro time de lá, válido pela Copa Libertadores de América, na noite desta quarta-feira (20).
Na bola, o Fluminense ganhou o jogo por 4 a 2, em pleno solo argentino, e desclassificou o time de lá. E quem disse que eles se conformaram? Partiram para a porrada gratuita no final da partida. Coisa pequena. Típica de argentino. Tentaram até obstruir o trabalho da imprensa brasileira, barrando as entrevistas no vestuário. Coisa pequena.
Confesso que pessoalmente só conheço um único argentino, meu professor de língua espanhola Fabian Piñero. Gente muito boa, mas está vivendo entre nós. Aliás, tenho até pena daqueles brasileiros que vez em quando usam camisas de times argentinos. Para mim, ou eles não têm outra roupa para usar no momento ou são idiotas mesmo. Gente sem noção alguma de patriotismo. Sendo assim, viva o Brasil. Sempre.

Gilson Sousa

PS: obrigado, minha amiga Débora Andrade, pela inspiração para o título do texto.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mortes de motociclistas podem aumentar em Sergipe


Notícia divulgada hoje dá conta do aumento do número de mortes de motociclistas no trânsito de São Paulo em 2010. Segundo relatório da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), 478 motociclistas morreram durante o período na cidade. E isso serve como alerta para uma série de fatores envolvendo o transporte de duas rodas.
Em Sergipe não tenho conhecimento desse número, mas sei que morre muita gente pilotando moto. E os fatores, como disse, são muitos. Vão desde o abuso dos pilotos até a intolerância dos motoristas de automóveis, passando pelo constante desrespeito às regras de trânsito e pelo absurdo aumento na frota de veículos nas cidades sergipanas.
Dados do Detran/SE, no mês de março deste ano, mostram que existem 458.231 veículos legalizados rodando por aí. Desses, 170.515 são motos, divididas aí em motocicletas, motonetas e ciclomotos. Portanto, considerando o alto risco natural oferecido pelo veículo de duas rodas, o número de acidentes não deve ser dos menores por aqui também. E o mais agravante: com forte tendência de crescimento.
Aliás, para mim, o que preocupa mais ainda são justamente as motonetas de até 50 cilindradas. Essas são um terror no trânsito. Não respeitam nada, não se orientam por nada, não ajudam em nada, e ainda circulam feito bicicleta motorizada. Nós motoristas é que precisamos ter atenção redobrada quando passamos ao lado de uma bichinha dessas pelas ruas.
Votando a São Paulo, o relatório de Acidentes de Trânsito da CET diz que as pessoas nas calçadas e atravessando as vias, no entanto, continuam sendo as maiores vítimas, com 630 mortos em 2010. Mesmo assim, o CET também mostra que 41,8% das colisões com mortes envolvem motos e carro, além dos 14,9% que envolvem motos e ônibus.

Gilson Sousa

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Democracia plena no Brasil? E existe?


Eu achei genial o comentário de um leitor do blog jornalístico de Cláudio Nunes relativo a um debate sobre democracia, direitos iguais e cidadania no Brasil:

Você acredita mesmo que o Brasil vive uma democracia plena? Existe democracia plena sem justiça plena? Com imunidade parlamentar, fórum privilegiado? Com pessoas que por serem juízes não podem ser presas em flagrante? Existe democracia plena, quando magistrados comprovadamente cometem atos criminosos, e têm como punição aposentadoria compulsória? E o voto obrigatório? E a privação de liberdade de expressão dos policiais militares? Democracia plena é quando a justiça abraça e pune IGUALMENTE a todos.

J. Carlos.

E eu assino embaixo.

Gilson Sousa

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Erro médico não merece perdão


Gosto muito do quadro ‘Vai dar o que falar’, exibido semanalmente no Jornal Hoje, da Rede Globo. Invariavelmente, são assuntos extraídos de projetos de lei apresentados no Congresso Nacional. Aí o povo opina, especialistas opinam, e o telespectador acompanha. Tudo bacana, jornalisticamente falando.
Nesta semana, o telejornal destacou que um projeto dá chance a médicos que perderam seus registros por erros. Ou seja, cria penas intermediárias como cursos de ética, aperfeiçoamento e especialização. Uma piada, já que erros médicos são casos que revoltam qualquer cidadão. Portanto, ao meu ver, nada de passar a mão na cabeça dessas pessoas que erram e prejudicam a vida alheia.
Aliás, respeitando as raras exceções entre os médicos, posso assegurar que trata-se de um bando de mercenários corporativistas. E no caso do erro durante o exercício da profissão, não dá para dizer que “errar é humano” e pronto. Sou contrário a esse projeto - que prevê a revisão da cassação do registro se o médico provar que estudou mais para voltar ao exercício da medicina -, e solidário com milhares de pessoas que sofreram e sofrem por conta desses erros muitas vezes grosseiros.

Gilson Sousa

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sistema de cotas na UFS apresenta resultados positivos


Os defensores do sistema de cotas para ingresso na única universidade pública de Sergipe, UFS, estão rindo à toa. É que foi divulgado agora o resultado comparativo entre alunos cotistas e não cotistas no que diz respeito à média ponderada nos principais cursos da instituição. O estudo foi feito pelo professor Paulo Neves, coordenador do Programa de Ações Afirmativas da UFS, e revela boas surpresas para aqueles que torcem o nariz para a questão das cotas.
Vamos lá: comparando a média ponderada obtida entre todos os alunos matriculados em 2010, cotistas e não cotistas, o estudo mostra que os universitários sergipanos precisam se esforçar um pouco mais para obterem conhecimentos razoáveis. A média geral é apenas 5,8. E destrinchando isso, os alunos não cotistas, geralmente oriundos de escolas privadas, ficaram com média 5,9; os alunos da cota B (oriundos de escolas públicas, independente da raça), obtiveram média 5,5; Já os alunos da cota C (afro-descendentes oriundos de escola pública), chegaram à média 5,7; os da cota D (deficientes), ficaram com média 4,3.
Ou seja. Está tudo muito nivelado no âmbito da universidade. A ideia de que os alunos cotistas iriam nivelar por baixo os variados cursos, principalmente os mais disputados, cai por terra com esse estudo do professor Paulo Neves. “São os primeiros resultados obtidos de uma série de análises sobre os reais impactos da adoção das cotas sobre a vida universitária”, diz o relatório.
Aliás, nos dois cursos mais disputados na UFS pela elite financeira de Sergipe, Medicina e Odontologia, os resultados surpreendem de forma estarrecedora. Pasmem, senhores incrédulos, mas em Odontologia a média ponderada dos cotistas é maior que a dos alunos não cotistas. O relatório mostra 7,2 para cotistas B e apenas 6,5 para não cotistas, cujo 97% dos alunos vêm de escolas como Amadeus, Máster, Arquidiocesano e outras desse porte.
Já no curso de Medicina, o carro-chefe para propagandas de várias dessas instituições privadas de Aracaju, a média ponderada de não cotistas e cotistas é extremamente equilibrada. Não cotistas obtiveram média 8,2 e cotistas B ficaram com média 8,1. Ou seja, lá dentro da universidade, com a cara enfiada nos livros, não existe diferença de raça na hora de obter resultados. E essa deveria ser uma regra para toda a sociedade, quem dera.
Portanto, o que se quer com esse sistema de cotas, que é temporário, é simplesmente oferecer oportunidade de estudo para quem antes era completamente excluído da possibilidade de ingressar em determinados cursos. É uma forma de distribuir melhor as vagas na universidade pública e nivelar inclusive o campo de trabalho para negros, pardos e brancos deste Estado. Nada mais justo. E as primeiras provas estão aí.

Gilson Sousa

sexta-feira, 25 de março de 2011

A culpa é do apagão


Minha prima ficou de mal de mim. Não teve jeito. Cantei pra ela uma música de Djavan, comprei perfume e sabonete da Natura, ofereci um passeio pelas praias da Linha Verde, prometi ensinar-lhe a dirigir automóvel, paguei adiantado a academia dela, fiz feijoada light para o nosso almoço de sexta, troquei os lençóis da caminha dela, dei dois ingressos para o show da Matruz com Leite, depositei mais grana na sua poupança, ajeitei seu secador de cabelo, e até acendi uma vela pra ela. Por pura precaução.
Não sei o que essa menina tem. Já voltou de Capela assim, depois da festa do mastro. De bico fechado. Mal olha para mim. Será que tio Herinaldo, que já foi pro céu, e tia Malvina, que sequer enxerga mais, têm a ver com isso tudo? Não acredito. Essa menina é que é birrenta mesmo. Só porque é minha prima pensa que pode fazer o que quiser comigo. E pior. Pensa que eu sou empregado dela. Não sou não.
Mas o problema é que não consigo ficar de mal. Até tento. Só pra mostrar pra ela que também sou sentimental. A questão é que quando faço cara feira, ela, sem querer, dá uma piscada. Aí eu fico sem entender nada. O que é que essa menina quer? Ela precisa deixar de ser mimosa. Não tem cabimento ficar de mal de mim. O que é que eu fiz? Aliás, alguém precisa dizer a ela que naquele dia do apagão em Aracaju eu só não pude ficar a noite toda no quarto dela porque temia que a vela apagasse de vez. Mas isso não é motivo pra ficar com raiva de mim. Ou é?

Gilson Sousa

domingo, 13 de março de 2011

O tédio e aquilo que chamam futebol


Sabe você o que é realmente tédio? Eu sei. Tédio é sair de casa e ir ao Batistão numa tarde de domingo ensolarada, pagar ingresso e assistir Confiança e Estanciano. Eu pensava que seria um jogo de futebol válido pelo campeonato. Mas que nada. Era uma pelada indigna. E acabou em 0 a 0. Pense!?
Eu e mais umas duzentas pessoas, incluindo aí os vendedores de amendoim, picolé, rolete de cana, pipoca e água mineral, fomos ao estádio acompanhar o jogo. De cara, vi que seria uma doideira. O Confiança, meu time, entrou em campo com três zagueiros, três cabeças de área, dois laterais fixos e dois meia-atacantes que não penetravam na área adversária. Medo de quê?
Medo de fazer gol. E sequer latinha de cerveja pode vender mais no interior do estádio. Ai que tédio! A única diversão, eu juro, era um senhor de uns 70 anos que estava com um radinho de pilha colado no ouvido. Toda hora ele xingava os jogadores do Dragão. Aí soltava seu bordão: “Eu jogo melhor”. Deve jogar mesmo.
E o tempo foi passando. De animador, apenas a pequena charanga de Estância. Não parou de tocar marchinhas um segundo sequer. De moderno, apenas o carrinho-maca que apanhava jogador caído no meio do campo toda hora. Aliás, nem é tão moderno assim, mas é a única coisa que posso destacar.
Nem placar tem no Batistão. Plaqueta eletrônica para anunciar substituição de jogador e acréscimo de tempo de jogo? Aí é querer demais. A coisa era manual mesmo. E um jogo desses só poderia acabar em vaias. E acabou.

Gilson Sousa

sexta-feira, 11 de março de 2011

Oração a São Jorge


Hoje vesti a capa de Jorge e empunhei sua espada de glórias. Do alto de sua proteção, agradeci a Deus por estar assim. Senti-me elevado. Aqui é o meu lugar. Essa força é a minha vida. Agora arrebento correntes, atravesso tempestades, espanto medos, enfrento a escuridão e ofereço amor. São Jorge é a minha estrada. Somos todos filhos de Deus. E sendo assim, com as armas de Jorge em punho, rogo ao Pai para que meus inimigos tenham pernas mas não me alcancem; tenham mãos mas não me toquem; tenham olhos mas não me vejam; tenham pensamentos, também, mas não me atinjam. Assim vive quem está com Jorge. O cavaleiro do bem. Assim vive quem está com Deus. Amém.

Gilson Sousa

quarta-feira, 2 de março de 2011

O River cumpriu bem seu papel


Eu estava certo: o Botafogo (RJ) sofreu, sofreu, e acabou derrotando o River Plate (SE) somente na disputa de pênaltis. O jogo de volta pela Copa do Brasil, no Engenhão, acabou 1 a 0 para os cariocas. Em Aracaju, há uma semana, o River havia vencido o confronto também por 1 a 0. Hoje, nos pênaltis, o time do Botafogo fez 4 a 1 e levou a melhor. Mas valeu River Plate. Pelo menos deixou o minguado futebol sergipano em evidência nacional durante uma semana.

Gilson Sousa

A promessa


Ela prometeu um bocket daqueles. Não fosse isso, dificilmente eu faria aquela trapaça novamente. O serviço nunca me apeteceu. Mas ela sim. Desde a última vez, no fundo do barraco, não parei mais de pensar naquela boca. Os amigos dizem que eu sou tarado, mas quem não seria? Eu só não gostava do serviço. Essa história de fazer gente pobre igual a mim sofrer não me agrada. A cada assalto, um perrengue. Um aperto na mente. Mas agora estou aqui nessa cadeia. Com muito tempo para devaneios. Só sei que o dinheiro do último roubo ficou todo com ela. O desejo ficou todo comigo. E tá difícil parar de pensar naquela boca. Tá difícil.

Gilson Sousa

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

River sacudiu o Botafogo


Muito engraçada a chamada grande imprensa nacional. O Botafogo do Rio de Janeiro, o tal Glorioso, veio a Aracaju nesta quarta-feira e tomou um sacode do modesto River Plate, de Carmópolis, no Batistão, pela Copa do Brasil. Sim, o Botafogo, time da estrela solitária, com Loco Abreu e tudo, perdeu por 1 a 0 e saiu de campo vaiado. Aí sabe o que a imprensa ‘sulista’ estampou nas manchetes da internet logo após a partida? “Botafogo joga mal e perde para o River Plate-SE na Copa do Brasil”.
Quanta balela. Por que ninguém de lá tem a coragem de escrever que o River foi melhor em campo e mereceu a vitória nesta partida, apesar da clara diferença de nível técnico entre as equipes? Aliás, a vitória do River poderia ter sido mais elástica, não fossem as chances desperdiçadas pelos sergipanos. De qualquer forma, o River Plate foi melhor, sim, e a partir de agora merece mais respeito por parte do Botafogo e da imprensa nacional. E não se enganem. Para continuar na Copa, os cariocas terão que vencer no Engenhão por dois gols de diferença no jogo de volta.
Portanto, eu sei, você sabe, e todo mundo por aí sabe que no futebol tudo pode acontecer. O Botafogo pode até se classificar diante do River na próxima quarta-feira, às 19h30, no Rio de Janeiro, mas já tomou um susto daqueles por aqui. Sabe que vai ter que suar muito a camisa para reverter o resultado. Uma vitória pelo placar mínimo leva a partida para os pênaltis. Caso o Botafogo vença por 2 a 1, por exemplo, o River Plate se classifica, já que o gol fora de casa é critério de desempate. E aí eu quero ver e ler o que vai estampar nas manchetes a imprensa do lado de lá.

Gilson Sousa

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Cânion encantado

Tenho acompanhado com satisfação os textos dos amigos jornalistas Dílson Ramos e Rosangela Doria no blog ‘Um olhar atento’ (http://www.dilsonramosjc.blogspot.com), descrevendo as belezas naturais de Canindé do São Francisco, e a partir daí resolvi levar amigos meus do Rio de Janeiro para desfrutar também desse encanto. Pena que o tempo era curto e o único passeio possível foi mesmo o tradicional Cânion de Xingó, um dos maiores espetáculos da Terra.
Partimos, então, eu, Marco e Leila Parada. Ela, jornalista experiente que atualmente trabalha na Câmara Municipal do Rio. Ele, cinegrafista não menos experiente que hoje trabalha no departamento de dramaturgia da Rede Globo. Está escalado, inclusive, para filmar cenas da novela global que terá Canindé como cenário, Cordel Encantado.
Dito isso, a única coisa que cansa mesmo é a viagem. Principalmente para quem vai em veículo próprio, pois são cerca de 420 quilômetros de estradas entre ida e volta. No entanto, o bom é afirmar que o passeio de catamarã pelas águas do Rio São Francisco rumo ao cânion supera e compensa qualquer sacrifício. E foi o que aconteceu com a gente. O casal carioca, principalmente, chegou a chorar de emoção durante o percurso pelo Velho Chico. Muito lindo.
E tudo muito profissional. Desde o restaurante até os serviços de bordo no catamarã. Para mim, o único pecado ainda é não poder pagar o passeio (R$ 50,00 por pessoa) com cartão de débito. Um atraso, que deve ser logo corrigido pelos empresários do setor. Mas o que importa mesmo é que o passeio vale à pena para qualquer turista desse mundo. Méritos, eu diria, para Silvia Oliveira, secretária de Turismo de Canindé, e sua equipe de trabalho. E viva o Brasil.

Gilson Sousa

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A prima churrasqueira


Assim já é muita provocação. Domingo de sol, resolvi convidar uns amigos para um churrasco na casa de praia que alugamos na Aruana. Levei minha prima, é claro. Depois que veio do interior para morar no meu apartamento em Aracaju, não desgruda mais de mim. Um saco. Mas tenho que agüentar, afinal é família.
Então tá. Durante a farrinha, cerveja e MPB rolando à vontade, deixei-a encarregada de preparar o fogo na churrasqueira para começar a colocar as carnes. Todo mundo despreocupado. Afinal, é bom ter uma mulher habilidosa nesse tipo de preparativo festivo. E nisso minha prima é nota 10, imaginava eu.
Imaginava, pois sim. Passados vários minutos desde que a ordem foi lançada, eis que fui verificar em que ‘ponto’ estava o churrasco. Qual o quê! Nada de churrasco. A prima, exibida que só ela, estava era se bronzeando perto da churrasqueira. Meteu um biquíni daqueles e ficou lá... Tudo isso para delírio dos meus amigos e ira da minha pessoa. Nada de churrasco. E agora?
“A gente come outras carnes”, sugeriu um gaiato. Eu fiz que não entendi. Estou ficando cheio dessas presepadas da prima. Tio Herinaldo, que já foi pro céu, e tia Malvina, que sequer enxerga mais, também não aprovariam isso. Fiquei p da vida e resolvi ser duro com aquela menina de Capela. “Se continuar me desobedecendo, mando você de volta para o interior”, eu disse. “Você não tem coragem”, ela respondeu. É mole?
Sei não. Só sei que depois pensei direito e deixei a bichinha ficar curtindo o bronzeado dela. Ainda mais depois que pediu, com tanto dengo, para eu passar o óleo bronzeador nas costas e em outras partes do corpo que ela não podia alcançar direito. Quanto ao churrasco, chamei o Bugildo e determinei que tomasse conta da churrasqueira. É trabalho demais para a prima. Além do mais, não quero deixá-la exausta jamais.

Gilson Sousa

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Lula, o doutor


O bando de preconceituoso desse país teve que engolir a seco o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receber na Universidade Federal de Viçosa (MG), o seu primeiro título de doutor honoris causa. Logo ele, um homem tão criticado pelos imbecis por não possuir um diploma universitário. Pois bem.
Nesta sexta-feira, 28, o nosso histórico ex-presidente, que já havia dito que só aceitaria receber esse tipo de honraria após deixar o governo, foi homenageado pela universidade mineira e a partir de agora tem que ser tratado da mesma forma como os que obtiveram doutorado acadêmico. Ou seja, é um doutor sim senhor. Doa em quem doer.
“Vocês não têm dimensão de como um homem que já passou por todas as emoções que um homem pode passar se sente emocionado ao receber hoje o meu quarto diploma: o primeiro diploma do primário, o segundo diploma do Senai, o terceiro diploma de presidente da República e o quarto diploma, de doutor honoris causa aqui da Universidade Federal de Viçosa”, disse o ex-presidente Lula.
E completou: “Vocês não imaginam o que vai acontecer neste mundo agora, quando as pessoas olharem para mim com desdém, porque eu não tenho diploma universitário, e eu vou mostrar aquela foto, vestido como doutor honoris causa de Viçosa”. Muito bom.
Certamente outras homenagens virão por esse Brasil afora. Nada mais justo. Afinal, o homem sem diploma universitário foi o responsável pela significativa transformação da realidade do ensino superior no Brasil. Não há quem conteste.

Gilson Sousa
Fonte: www.ig.com.br

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Filho de político tem que estudar em escola pública


Quando se trata de parlamento no Brasil, a produção de ideias originais para mudar de forma significativa a qualidade de vida do povo desse país é um desastre. No entanto, um projeto de lei apresentado em 2007 pelo senador Cristovam Buarque merece atenção máxima e até manifestações favoráveis pelas ruas do país.
Trata-se de uma lei que obriga políticos eleitos a matricularem seus filhos em escolas públicas. De acordo com a proposta do senador, todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, etc.) seria obrigado a colocar os filhos na escola pública.
As conseqüências, segundo ele, seriam as melhores possíveis. Isso porque quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil, é verdade.
Hoje não tenho conhecimento do andamento do projeto no Senado. Sei apenas que diz respeito ao Projeto de lei nº 480, de 2007, e o texto deixa claro que o assunto deverá estar em vigor em todo o país, no máximo, até janeiro de 2014. Vale à pena ler o conteúdo do projeto através do link: http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/getPDF.asp?t=51480.
E ainda que você acredite que não pode fazer nada a respeito da aprovação ou não do projeto no Senado, pelo menos passe adiante o assunto e busque uma discussão com alguém que possa fazer algo de mais concreto. Essa seria uma gigantesca contribuição para o desenvolvimento cultural e educacional desse país.

Gilson Sousa

sábado, 8 de janeiro de 2011

Flamengo das grandes besteiras


De uma coisa eu tenho certeza: o Flamengo é um time tão grande que não se contenta com pouca besteira. Não basta ser campeão brasileiro em um ano e no seguinte brigar para não ser rebaixado. Não basta trazer o eterno ídolo Zico para integrar a diretoria e meses depois enxotá-lo feito cão vira-lata. Não basta ocupar páginas policiais na imprensa mundial e fazer de conta que está tudo bem. Não, nada disso basta.
Agora o Flamengo, o maior e mais desorganizado time do futebol brasileiro, quer contratar o veterano Ronaldinho Gaúcho para aumentar suas dores de cabeça. Ou melhor, as dores de cabeça da torcida. Disso não tenham dúvidas. O cara é bom de bola, sim. Mas é marrento. É uma espécie de garoto-problema. Só joga bola quando quer jogar. Tem dinheiro demais. Vai ganhar dinheiro demais. Sem delongas, vai criar clima de insatisfação no elenco do time. E no final das contas, não vai render muita coisa.
Escrevam aí: o cara vai ficar tanto tempo entregue ao departamento médico, que a torcida vai começar a exigir sua saída. O único ponto positivo nessa história toda, e é por esse ângulo que estão enxergando a coisa, é o chamado investimento de marketing. Espera-se, pelo menos, que com ele no elenco seja possível vender ainda mais camisas oficiais, assim como outros produtos temáticos do Flamengo. Talvez seja o que resta para amenizar o tamanho da primeira grande besteira de 2011.

Gilson Sousa