quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A miss dos sonhos virou realidade para o mundo


Está ruindo o império das bárbies no âmbito do concurso Miss Universo. Neste ano, dentre dezenas de loiras magérrimas que pela enésima vez disputaram o famoso título, uma belíssima negra angolana, não menos magra que as demais concorrentes, levou a melhor. Leila Lopes, a angolana, é a nova dona do cetro e da coroa cobiçada pelas bárbies mundo afora.
No concurso realizado em São Paulo ela era a única negra a estar entre as finalistas - e quarta integrante do continente africano a vencer. Para muitos, isso pode ter sido apenas uma mera escolha de uma mulher bonita entre tantas. Mas não é só isso. Atentem. É uma quebra de paradigma nos padrões de beleza. Aliás, uma quebra de paradigma em certos conceitos humanos.
Lembrem que foi assim quando Naomi Campbel se tornou a modelo mais bem paga do mundo; foi assim quando Barak Obama venceu as eleições para a presidência dos Estados Unidos; assim quando Lewis Hamilton foi campeão mundial de fórmula 1 em 2008; e foi assim agora no Miss Universo com a vitória de Leila Lopes, um exemplo de que beleza e competência não têm cor de pele, assim como tantos outros aspectos pertinentes ao ser humano. Só nos resta, creio, a escolha de um papa negro para comandar o Vaticano.
Quanto à Leila, que é conhecida em seu país como "diamante negro", superou 88 candidatas do mundo inteiro no concurso deste ano. Aos jornalistas, após a vitória, ela falou sobre a questão do racismo no mundo. "Felizmente o racismo não me atinge. Acho que os racistas precisam procurar ajuda, não é normal em pleno século XXI ainda pensarem nessa forma. Devemos todos nos respeitar, independente da raça, do sexo e do meio social", frisou a bela.
Sobre o seu reinado de miss, ela contou que irá trabalhar a favor de causas sociais que envolvem a África. "Minha beleza vai ajudar a todos. Vou lutar contra a AIDS, porque este é o principal projeto em Angola", disse. E para finalizar, eu não perderia a chance de espalhar essa notícia também: Leila é flamenguista, justamente a embaixadora da torcida Fla-Angola. Quem agüenta?

Gilson Sousa

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Uma expressiva contribuição à baixa estima dos sergipanos


Muito pertinente a crítica feita pelo radialista Fernando Cabral, presidente do sindicato estadual de sua categoria, ao programa Terra Serigy, da TV Sergipe, a ser exibido neste sábado. Sem justa causa, a TV irá mostrar num importantíssimo espaço concebido para propagar aspectos da vida sergipana, uma mera ovação a uma turnê da cantora baiana Ivete Sangalo. Coisa indevida.
Para mim, trata-se mesmo de uma expressiva contribuição à baixa estima dos artistas locais. É também, sem dúvida, uma das maiores agressões à sergipanidade já registrada na televisão desse Estado. Isso levando-se em consideração o fato de que o Terra Serigy deveria somente exibir atributos da nossa gente. E não me venham falar em bairrismo, pois isso é justamente o que nos carece.
A propósito, Cabral deixou claro em sua crítica que não tem nada contra a cantora Ivete Sangalo, artista de grande talento e admirada pelo Brasil afora. “Será que algum artista sergipano conseguiria o mesmo espaço na Rede Bahia?”, questiona. “É uma total descaracterização do programa que já não é mais o mesmo desde a chegada do atual diretor de jornalismo”, admite o dirigente sindical.
É claro que o povão irá adorar ver na telinha um vasto noticiário sobre Ivete Sangalo. Ela é querida por muitos. Só que a emissora de tv não precisa sacrificar nossos espaços para exaltar a cultura alheia. Se for falta de pauta, o jeito é baixar a guarda e investir mais na criatividade. No entanto, se o problema for a intencional desvalorização da sergipanidade, o jeito é conclamar a sociedade para o boicote.
Levar ao público as coisas de Sergipe é algo extraordinário e necessário. Nos tempos em que a jornalista Sayonara Hygia, amparada pelo criativo Pedro Carregosa, tocava o programa, a conversa com o telespectador era literalmente outra. Comparado àquilo, somente o programa ‘Descobrindo Sergipe’, da TV Alese, que era apresentado pelo radialista João Jatobá. Ali sim podíamos dizer que eram grandes contribuições à cultura local.
Portanto, sabendo que a TV Sergipe é composta por uma maioria de bons profissionais da comunicação, não custa dizer que é preciso repensar o foco. Necessitamos de uma maior identidade com nós mesmos, daí a obrigação de mudança de rumo em determinados produtos da emissora. Se é que vocês me entendem.


Gilson Sousa

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Salvem as professorinhas!


Vejam, senhores e senhoras, a que ponto chegamos neste país. Num momento em que tanto se discute através da mídia a valorização do professor e sua conseqüente colaboração para se definir um país desenvolvido, vem um político cavalo e dá uma patada em todo mundo. Senão vejamos: em recente entrevista à imprensa nacional, o governador do Ceará, Cida Gomes, criticou professores da rede estadual, em greve há um mês por melhores salários e condições de trabalho, e disse que quem quer dinheiro deve procurar outra atividade. “Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”, disse o cidadão.
Aí você pergunta: o que é mesmo que ele faz na vida? Será isso uma atividade pública ou privada? E quanto é mesmo o salário dele? Bom. Não deve ser menos de R$ 1 mil, como é o caso de vários professores daquele estado. A propósito, na entrevista o governador enfatizou que “quem desenvolve atividade pública deve colocar o amor pelo que faz na frente do retorno financeiro”. Disse também que “quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Você acredita nisso saindo da boca de um político?
É importante frisar que o Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc) assegura que o governo daquele estado não cumpre a Lei Federal do Piso e o plano de cargos e carreiras dos professores. Mas vejam o que diz o tal Cid: “Isso é uma opinião minha que governador, prefeito, presidente, deputado, senador, vereador, médico, professor e policial devem entrar, ter como motivação para entrar na vida pública, amor e espírito público. Quem está atrás de riqueza, de dinheiro, deve procurar outro setor e não a vida pública”. Sem comentários.
Depois ainda querem dizer que educação é coisa séria.

Gilson Sousa