quarta-feira, 26 de outubro de 2011

João Gilberto super elitizado


Considero extremamente necessário respeitar e cultuar os grandes nomes da arte brasileira. As pessoas talentosas que fizeram e fazem a diferença, enriquecendo nosso universo cultural e abrindo caminho mundo afora para que sejamos reconhecidos como uma Nação rica e evoluída. O problema, muitas vezes, é viabilizar internamente o acesso à produção artística de qualidade e socializar esse conhecimento, aprendizagem, respeito e admiração.
Vejam o que acontece agora com o nosso João Gilberto, talvez o mais talentoso músico brasileiro de todos os tempos. Completou 80 anos de idade em 10 de junho de 2011. Data digna de todas as celebrações possíveis. Pensando assim, a produção do artista baiano que viveu longa temporada em Aracaju, organizou uma série de shows em comemoração ao feito a partir de 5 de novembro. A turnê passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Salvador. Mas vocês pensam que qualquer ser humano comum poderá prestigiar um desses espetáculos? É ruim, heim! Em São Paulo, o ingresso mais barato custa R$ 500, chegando a R$ 1 mil; em Brasília, o mais barato é R$ 600. em Porto Alegre é R$ 700.
Como alento, a assessoria do cantor diz que os shows fazem parte do projeto "80 Anos - Uma Vida Bossa Nova", que ainda deve resultar na gravação de dois DVDs. O primeiro, já acertado, vai registrar os shows em 2011 e o segundo, se houver, trará bastidores, gravações em estúdio e participações especiais. Até lá, ‘arrocha’ para o povão.

Gilson Sousa

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um protesto de peito aberto


Taí um protesto interessante. Pelo menos nos últimos três anos um grupo de pessoas nos Estados Unidos vem se manifestando em Miami Beach, na Flórida, para exigir a igualdade de gênero na hora de exibir seus corpos. É a turma a favor do tão desejado topless feminino. Para justificar o protesto nas ruas, eles usam o argumento que tanto homens como mulheres possam ter o direito de fazer topless nas praias do país. A última manifestação aconteceu há um mês e se estendeu a pelo menos outras 12 cidades americanas, como Los Angeles (em Venice Beach), Califórnia e Nova York.
Na verdade, as mulheres protestantes lutam por direitos iguais em Miami Beach. Consideram o topless, um ato de igualdade com os homens. “Queremos um mundo mais igual, onde as mulheres podem exibir os seios como os homens fazem”, diziam os cartazes expostos durante a manifestação.
É claro que certas ‘aberrações’ da natureza não precisam e não devem ser mostradas em público. Mas acho o protesto americano interessante porque sempre considerei a maior besteira ficar escondendo uma parte tão linda do corpo feminino. Um pudor sem cabimento. Como que não soubéssemos o que exatamente está por trás dos biquínis. A propósito, em muitas praias da Europa, como Ibiza e outras, é muito comum a prática do topless feminino. Isso já se tornou até algo natural e cultural.
Certos estavam, e muitos continuam estando, os índios do litoral americano. Exibiam seus corpos, independente da forma, com a naturalidade abençoada por Deus. Aí vieram os imundos portugueses, espanhóis e holandeses e praticamente obrigaram o uso das vestimentas. Por sorte, muita gente não obedeceu. Como não obedece até hoje. Têm apenas que cumprir ‘regras sociais’, mas na primeira oportunidade jogam fora tudo aquilo que incomoda, seja dentro de casa ou numa praia deserta e/ou restrita, e deixam livres seus seios, pernas, bundas e o que mais quiser.
Portanto, aplausos para o movimento em favor do topless. Que seja realizado mundo afora, principalmente em terras brasileiras, onde a vaidade costuma andar de mãos dadas com o falso moralismo. Em nome da igualdade de gêneros, deixem as mulheres serem felizes. Pelo menos na praia.

Gilson Sousa

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Jogos Pan-Americanos de Guadalajara serão para poucos


É triste para o telespectador brasileiro essa guerra comercial entre emissoras de grande porte que buscam exclusividade em suas transmissões de eventos. Isso, justamente, irá acontecer agora mais uma vez com a transmissão dos XVI Jogos Pan-Americanos que acontecerão na cidade de Guadalajara, México, entre os dias 14 e 30 de outubro. A Rede Record, segunda maior emissora brasileira, mostrará com exclusividade. Resultado: a Rede Globo, maior emissora, não dará uma só nota sobre o evento. Apesar da importância.
Para o telespectador fica no ar um sinal de frustração. É claro que a Record está investindo pesado no trabalho. Mas muita gente ainda não costuma sintonizar no canal. Aliás, em muitos lugares de Sergipe o sinal sequer chega. E no Brasil afora deve ser assim também. Porque aí entra uma questão de investimento em satélites e coisa e tal. E nisso a Globo é imbatível. Mas vai privar os brasileiros de acompanhar tão importante competição esportiva das Américas. A não ser que seja pra falar mal de alguma coisa, justamente para ‘queimar’ a concorrente.
É bom lembrar que os Jogos Pan-Americanos reúnem os atletas do continente americano em um festival de esportes e amizade internacional. O evento acontece a cada quatro anos, sempre no ano que antecede aos Jogos Olímpicos. O último havia sido no Rio de Janeiro, com cobertura estrondosa da Globo. Nesse agora, quem gosta de Globo Esporte, Esporte Espetacular e até dos programas da Sportv, que é o canal pago da Globo, ficará sem saber de nada do Pan-Americano do México. Lamentável. Talvez apenas emissoras menores como Band, SBT e outras se interessem em divulgar notas e flashs das competições que envolvem atletas brasileiros.
Para quem não sabe, essa guerrinha também alcança as coisas locais. Aqui mesmo no blog eu já havia criticado a pequenez da TV Sergipe (Globo) quando a TV Atalaia (Record) detinha a exclusividade para transmissão do pobre campeonato sergipano de futebol. Era desprezo total à competição por parte dos ‘globais’ nativos. E assim prossegue a guerra das poderosas. Como foi durante o recente Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Como era evento com o dedo da Globo, apesar da dimensão mundial, a Record fazia de conta que não existia. E nisso tudo só quem perde é o telespectador, mesmo ciente de que as emissoras são uma concessão pública, com deveres e obrigações perante o público, pobre público.

Gilson Sousa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tragédia humana é o filé do telejornalismo no Brasil


Pelo visto, mostrar as variadas tragédias provocadas e sofridas por seres humanos é o que há de mais valioso no telejornalismo brasileiro. Basta constatar as principais chamadas diárias: assassinatos, seqüestros, acidentes aéreos ou terrestres, corrupção política, graves problemas administrativos, fome e miséria. Esse é o cardápio diário do telejornalismo que alavanca audiência no Brasil. Falar de coisa boa, só no final da edição. E olhe lá!
Para comprovar essa teoria, mostro a conquista do Jornal Nacional, da Rede Globo, que faturou o prêmio Emmy Internacional, na categoria notícia. Dizem que corresponde ao Oscar da televisão. E com qual notícia a Globo ganhou? Miséria, é claro. Foi com a cobertura da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em novembro do ano passado. Nesse caso, o Jornal Nacional concorreu com a cobertura da retomada do Conjunto de Favelas do Alemão, pelas forças públicas de segurança. Foi uma bagaceira, sempre evidenciando o poderio da bandidagem diante do Estado.
Na cerimônia de premiação, dia 26, em Nova York, o jornalista William Bonner, editor e apresentador do JN, disse que nos últimos nove anos, o telejornal esteve sete vezes colocado entre os quatro melhores do mundo. E sempre com reportagens enfocando a miséria e a tragédia. Em 2002 havia sido finalista do Emmy com a cobertura dos atentados de 11 de setembro. Em 2005 concorreu com as reportagens sobre a reeleição do ex-presidente George Bush.
Em 2007 com a Caravana JN, que percorreu o Brasil em 2006 mostrando o atraso e a precariedade do nosso país em variados setores. No ano seguinte concorreu com a cobertura do acidente do Airbus da TAM, em São Paulo. Em 2009, a indicação veio com a reportagem sobre o caso da jovem Eloá, sequestrada e morta pelo ex-namorado em Santo André, no ABC Paulista. Um ano depois, o JN chegou de novo à final com a cobertura do apagão de energia em 18 estados que afetou milhões de pessoas. Ou seja, notícia boa não dá Ibope. E muito menos premiação.

Gilson Sousa