segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A Prima na piscina do quintal

Sinceramente, não aguento mais a bagunça que minha prima faz no quintal de casa todo fim de semana quando monta aquela piscina de plástico para se divertir. Não sou obrigado a ficar vendo aquela anarquia toda. Quando veio morar aqui, jurou manter bom comportamento. E foi somente por isso que disse a tio Herinaldo, que já foi pro céu, e tia Malvina, que sequer enxerga mais, que iria acolher a moça. Mas tá ficando abusada. Domingo mesmo, sequer tinha sol, mas ela tava lá. Os vizinhos até ficam pendurados no muro, não sei pra quê. Só sei que essa minha prima adora tirar meu sossego. E como se não bastasse, fica me obrigando a passar bronzeador nas partes dela. Quem já se viu isso? Nem sol tem. Só capricho... só capricho. Gilson Sousa

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Minha Chapeuzinho

Ritinha, que no seu décimo sexto aniversário ganhou de presente uma linda capa vermelha confeccionada por sua avó, adorava atravessar a rodovia perto de sua casa e bater papo com os caminhoneiros estacionados no posto de gasolina. Era desinibida. Tinha uma inteligência admirável e até jogava dominó e xadrez como ninguém. Certo dia, sua mãe lhe pediu para levar alguns doces a avó que morava do outro lado da rodovia, próximo a um pequeno bosque. Ritinha adorou a ideia. Era um dia frio. Mesmo assim a menina não se intimidou. Cesta de doces na mão, capa vermelha no corpo e a cabeça protegida. Já no bosque, enquanto cantarolava em meio às folhas, flores e galhos, encontrou um dos caminhoneiros que cochilava em total despreocupação. Chamava-se, ela lembrava bem, Sr. Paulo Lobo. E mesmo se esforçando para não acordá-lo, o moço despertou do sono e a interpelou: - Para onde está indo, Ritinha? - Vou à casa de minha avó levar essa cesta de doces! - É muito longe daqui?, perguntou o caminhoneiro Lobo. - Não, não. Fica logo ali atrás daquelas moitas. - Sei. Então tudo bem. Nos veremos depois, disse. Ritinha com sua capa vermelha continuou seu caminho, mas sem pressa alguma. Ela adorava contemplar a natureza e até arriscava umas conversas com os bichinhos que encontrava na mata. Coisa de menina. Algum tempo depois, chegou à casa da avó, abriu o portão, anunciou sua entrada e se deparou na sala com o Sr. Paulo Lobo e sua avó prestes a beber um refrigerante. - Ué, espantou-se a menina. – Eu não sabia que vocês se conheciam! - Estamos nos conhecendo agora, respondeu o caminhoneiro. - E como o senhor chegou aqui tão rápido? O que veio fazer? - Nada. Só pensei em proteger você durante a volta para casa. - Pois é, minha neta, esse senhor parece ser uma pessoa muito boa. Trouxe até um refrigerante para nós, disse a avó. – Vou pegar um copo para você também. - Tá bom, concordou Ritinha. Em poucos instantes, após beberem uma certa quantidade do refrigerante, as duas adormeceram ainda na sala. O Sr. Paulo Lobo vibrou. - Esse ‘Boa noite, Cinderela’ nunca falha, gabou-se o homem. E enquanto as duas mulheres – a avó e a criança – dormiam profundamente na sala, o caminhoneiro pôde desfrutar da cama macia e quentinha da avó para o seu cochilo tradicional. Afinal, o efeito da droga no refrigerante só passaria cinco horas depois. Gilson Sousa