segunda-feira, 31 de maio de 2010

Brasil já arrumou desculpa, caso perca a Copa


Nem começou ainda a disputa da Copa do Mundo e os jogadores da seleção brasileira já mostraram o salto alto que pretendem usar durante o torneio na África do Sul. Certos de que são limitados, passaram a gora a criticar a bola que será utilizada nos jogos. Bobagem. Mas os craques de salto alto e bolsos recheados de dólares e euros não iriam perder a oportunidade.
Pelo menos até agora o goleiro Júlio César, o reserva Júlio Baptista, o atacante Luís Fabiano e o volante Felipe Melo engrossaram o coro contra a bola Jabulani, da Adidas. Bobagem, torno a dizer.
Quando eu era guri – aliás, eu e mais alguns milhões de guris mundo afora -, jogava futebol até com bola de pano, bola de borracha, bola de lata. Só não chutava bola de vidro porque cortava os pés e paralelepípedo porque esbagaçava as unhas. Agora vem esses caras milionários com essa onda de ‘mocinha’. Vê se pode!
A propósito, as criticas à bola Jabulani são bem criativas. Luiz Fabiano, por exemplo, disse que é “sobrenatural”, e Júlio César disse que parece bola de supermercado. Já Felipe Melo, o volante cabeça de bagre, afirmou que bolas normais são “mulher de malandro”, mas a do Mundial parece que “não gosta de ser chutada”. Repare se isso é coisa que se diga.

Gilson Sousa

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A riqueza da MPB nas mãos de desconhecidos


Sabe aqueles espetáculos musicais que você vai assistir despretensiosamente, só porque lhe convidaram de última hora, e que você sequer sabia pronunciar direito o nome do (s) artista (s)? Pois é. Lá fui eu ao Viva Ará Café no sábado passado, pensando apenas no bom papo e na cerveja gelada ao lado de Paulo Lobo, Silvio Rocha e companhia ilimitada. Coisa de costume. Mas eis que a noite nos reservava uma surpresa mais que gratificante. Estava prestes a conhecer dois grandes artistas nacionais que encheram meus olhos e principalmente meus ouvidos com boa e autêntica música popular brasileira.
Era dia de show de Tatiana Cobbett e Marcoliva, uma dupla de Florianópolis que um dia antes havia feito a abertura do show de Moraes Moreira no majestoso teatro Tobias Barreto. Mas no Viva Ará, espaço simples e pequeno, porém não menos importante, Tati e Marco não deixaram por menos. Eu mesmo ajudei até a carregar parte do cenário montado na hora pela própria dupla de artistas. Uma aula de inspiração e dedicação. E a gente ali, acompanhando tudo ao lado das cervejas geladas.
Foi então que chegou a hora do show. Público chegando, pessoas curiosas, umas afoitas, feito Tanit Bezerra, outras acalentadas, feito Joubert Morais. E o calor tomando espaço. Até que no palco, preenchido por duas vozes e um baita violão, Tatiana Cobbett e Marcoliva deram o recado da melhor maneira possível. Cantaram músicas do recente cd autoral ‘Bendita Companhia’, mas agregaram até o nosso Joubert ao repertório. Desfilaram os mais diversificados ritmos brasileiros de jeito bem próprio, passando pelo forró, choro, valsa, samba, rock, baladas. Uma noite memorável.
Depois do show, como o espaço é pequeno e altamente democrático, tivemos o prazer de ter à nossa mesa a própria Tatiana. Aliás, trata-se de uma carioca que é também bailarina formada pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Sua biografia aponta que trabalhou durante 12 anos na companhia paulista Balé Stagium e já produziu inúmeros espetáculos de dança país afora. Uma maravilha. E quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho da dupla acesse:
www.sonoraparceria.com.br/benditacompanhia ou www.clubecaiubi.ning.com/profile/tatianacobbett.


Gilson Sousa

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A confissão da bruxa


Peço aplausos para a reportagem da Veja, assinada pelos jornalistas Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima, que trata da atitude covarde e mesquinha da procuradora aposentada Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes, 66 anos. Ela é acusada de torturar com frieza e fúria uma menina de 2 anos que estava sob sua guarda, em regime de adaptação ao lar para possível adoção.
Com o sugestivo título “A confissão da bruxa”, a reportagem de capa praticamente sacramenta a culpa da mulher que vive no Rio de Janeiro e ganha, como aposentada, R$ 23 mil por mês. “... é uma dessas bruxas malvadas de carne e osso. Presa de número 323 010 do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, ela se entregou à polícia depois de passar oito dias foragida”, conta a matéria corajosa, sem maquiagem e principalmente sem hipocrisia, fato que infelizmente domina a maioria das abordagens em nossa imprensa escrita.
A revista Veja diz ainda que a procuradora Vera Lúcia, acusada de tortura, tenta justificar sua crueldade culpando a criança. Só que uma testemunha afirma que ela também batia na mãe. “Como uma bruxa má, não demonstra nenhum arrependimento e sua lógica é a da desrazão”, cita a revista.
Sabida e com dinheiro suficiente para bancar bons advogados, Vera Lúcia admite que não poderá mais sair às ruas tranquilamente no Rio. “Crime que envolve criança tem uma repercussão muito grande. É como estupro. Se saísse hoje para caminhar em Ipanema, sei que não chegaria em casa viva”, disse a ‘bruxa’. Por fim, admite: "Chamei a garota de cachorra mesmo. Mas chamar alguém de cachorro não é ofensa. Os cães são mais amigos e leais do que muito ser humano por aí".
Cadeia nela. Quanto à criança, voltou para o abrigo e vive hoje assustada e sem querer falar com desconhecidos. Parabéns à Veja.

Gilson Sousa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A culpa é da cachaça


Cachaça faz coisa que até o diabo duvida. Na moral. Fiquei impressionado com a história do padre Silvio Andrei, 40 anos, sujeito simpático, que depois de uma bebedeira inconteste, resolveu dirigir seu Fiat Idea quase pelado pelas ruas da pequena Ibiporã, interior do Paraná. Achando pouco esse ato, o padre tentou ainda seduzir os policiais que o abordaram fazendo-lhes uma proposta obscena. Uma espécie de agrado oral, segundo ele próprio. Resultado: foi autuado em flagrante por ato obsceno, embriaguez ao volante e corrupção ativa.
E tem mais. O padre bonitão, quando viu-se acuado pela polícia interiorana, disse ser professor universitário e tentou a tática do suborno financeiro. Não deu. Os ‘tiras’ paranaenses não queriam papo. Levaram o religioso para a delegacia. Ainda mais depois que souberam que o padre safadinho já havia tentado molestar um adolescente pouco antes desse episódio, bem perto de onde foi detido. Isso sem falar na garrafa de cachaça encontrada no interior do veículo.
Já na cela, ainda com sinais de embriaguez, o padre responsável por uma paróquia em São Paulo – estava no Paraná para celebrar um casamento -, apareceu na TV em cenas deprimentes. Estava só de camisa social, sem as partes de baixo, algemado pelos pés na grade da prisão, feito capeta. Para o advogado dele, o episódio não passou de um mal entendido, já que padre Silvio andava deprimido, inclusive ingerindo remédios controlados a boas doses de vinho. Agora resta-nos aguardar qual será a desculpa do bispo, até porque o padre já foi liberado da cadeia.

Gilson Sousa

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Bezerra e o desejo latente de levar uma surra


Nos últimos três anos, acompanho com faro de animal felino, olhar de ave de rapina e percepção de bicho roedor todas as sessões plenárias da Assembleia Legislativa. Isso na condição de assessor de imprensa do líder governista, deputado Francisco Gualberto. No entanto, nada me impede que lance minha atenção ao comportamento e atuação plenária sobre os demais 23 parlamentares daquela Casa. Coisa de jornalista.
Pois bem. Dentre tantos aspectos, os que mais chamam a atenção é a astúcia do líder da oposição, Venâncio Fonseca, e a perspicácia de Gualberto para defender um governo mergulhado em falhas miúdas que se transformam em grandes armadilhas para o bom andamento da administração pública. Mas no fim, esse embate político/ideológico entre os dois parlamentares acaba sendo saudável para o parlamento.
Agora, o que não dá para engolir com quietude é o comportamento do senhor Augusto Bezerra. Um homem com nível de cinismo pouco visto na vida real. Um parlamentar altamente qualificado para praticar o mal. Legítimo representante da política do ‘quanto pior, melhor’. Uma espécie de baluarte da imoralidade. Mas esse senhor quer, a todo custo, servir de referencial aos ideais da ética na política. Um acinte à inteligência do povo sergipano.
E escrevo isso para mostrar um pouco da minha indignação por conta do episódio lamentável da quarta-feira no plenário da AL, quando por muito pouco dois parlamentares sérios, Gualberto e Rogério Carvalho, não perderam a cabeça e partiram pra cima de Bezerra. Isso após uma serie de provocações feitas por ele, que o que mais deseja nesse momento crucial de sua carreira política é ser agredido fisicamente e sair como vítima nessa história.
Isso mesmo. Para Augusto Bezerra, levar um tapa na cara seria o equivalente a conquistar um belo troféu. Isso poderia até garantir sua reeleição. Mas só que os deputados do governo jamais irão chegar a esse ponto. Irão, sim, engrossar o discurso contra ele. Mostrar cada vez mais que ele mente descaradamente e pratica uma política rasteira contra o atual governo. Mas tapa na cara dele quem vai dar é o povo. É só aguardar para ver.
Foi lamentável sim o ocorrido durante a sessão, mas admito que é duro de engolir as provocações rotineiras de Bezerra. Creio que até Jó, o personagem bíblico, perderia a paciência diante de um homem desses. E posso afirmar que foi unanimidade entre os jornalistas que presenciaram o fato, que bastava um simples toque no ombro para que ele se jogasse no chão, em cena semelhante às praticadas por jogadores de futebol que sempre tentam ‘cavar’ pênaltis inexistentes. Por sorte ninguém encostou um dedo nele, por mais que ele procurasse.
E antes que eu esqueça, quero dizer ainda que tenho colegas, ex-professores do Unificado, que possuem em mãos um bombástico e horripilante dossiê de maldades praticadas pelo cidadão Bezerra. Aguardam somente ele perder a prerrogativa da ‘imunidade parlamentar’ para tomarem providências judiciais.
E assim vai se desenhando o futuro desse senhor, que carrega no peito o desejo de ser vítima de uma agressão física, mas só que a surra que o deixará cambaleando e gemendo de dor, muito provavelmente, virá das urnas eletrônicas em outubro próximo. Isso tão somente porque pratica uma política equivocada, longe de ser considerada uma ação opositora a um projeto de governo em vigência. É o denuncismo pelo denuncismo, prática que não se sustenta num mundo ideológico. Portanto, façam suas apostas.

Gilson Sousa

terça-feira, 11 de maio de 2010

O passeio de Dunga e seus convocados pela África


Tenho plena consciência de que esse time montado pelo dublê de técnico de futebol Dunga para disputar a Copa do Mundo da África do Sul não tem chance alguma de trazer o título. E isso não é pessimismo nem muito menos anti-patriotismo. É visão lógica.
Um time que tem Josué, Gilberto Silva, Doni, Júlio Batista, Michel Bastos, Felipe Melo, Grafiti e mais meia dúzia de perna de pau, não vai pra lugar nenhum. Não senhor. Aliás, diz Dunga que esse Grafiti “joga com o coração”. E deve ser mesmo. Porque com os pés é coisa rara de se ver.
No caso dos que ficaram de fora da convocação, apesar do intenso clamor popular, como Neymar, Ganso, Pato e Ronaldinho Gaúcho, a coisa fica mais lógica ainda. Pra que levar para a África esse pessoal bom de bola se a seleção vai lá só passear? Não acredita? A sorte é que os bilhões envolvidos com as transações comerciais país afora durante o período de copa não podem ser desprezados pela economia local e até mundial.
Quanto ao pessoal que até agora resmunga pela não convocação do Adriano, do Flamengo, esse deveria tomar chá de maracujá. O próprio jogador, antes considerado um Imperador, fez de tudo para não estar na lista da seleção. Simplesmente não quer mais jogar bola. Nem aqui nem em lugar nenhum do planeta. Quer mais é ser feliz e viver tranquilamente na favela onde nasceu. Diz aí se não é?
Mas vamos à lógica. O fato é que a FIFA, entidade mais retrógrada do mundo, em pé de comparação com a igreja católica fincada no Vaticano, já tem tudo planejado para esta copa na África. E o Brasil não fará parte do pódio dos vencedores. Para o nosso país, diga-se, está reservada a “grande emoção” de conquistar o título em casa, lá em 2014.
Afinal, uma seleção penta-campeã do mundo, é bom lembrar disso, não pode se dar ao luxo de perder a copa duas vezes em casa. Em 1950, todos sabem, a seleção brasileira foi derrotada na final do torneio pelo Uruguai com o placar de 2 a 1 em pleno Maracanã. E você acha que a FIFA deixaria isso acontecer novamente em tempos mercadológicos?

Gilson Sousa

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Meu amigo, meu herói


Era dezembro de 1980 quando meu pai, amigo e herói, deixou essa terra. Eu era apenas um menino de 12 anos tentando entender o funcionamento da vida. Mas meu pai, Luiz Pedro Silva, até então era quem mais entendia dessa área. Sim, até porque foi um socialista convicto, pensava no bem comum a todos e trabalhava por esse ideal de vida numa época em que a ditadura militar tolhia impiedosamente muitos dos nossos direitos.
É imprescindível dizer que somente os comunistas não se intimidavam àquela época. E meu pai era um deles. Criado no interior de Sergipe, Siriri, quando colocou os pés na capital,nos anos de 1950, descobriu-se um jovem corajoso e idealizador. Sua origem humilde não lhe impedia de sonhar. E sem objetivos politiqueiros, como acontece em dias atuais, juntou-se a outros idealistas na tentativa de mudar o mundo.
Sim, mudar o mundo. Era tudo o que aqueles jovens queriam até então. E Luiz Pedro não arredou pé dessa idéia. Para tanto, integrou o Partido Comunista e por esse motivo pagou um preço alto. Mesmo contra sua vontade fez minha mãe, dona Marita, sofrer um bocado quando foi preso e torturado pelos militares. Isso já no final da década de 1960, quando o Quartel do 28 BC abrigava os temidos porões da ditadura.
Mas nada que o tirasse dos trilhos convictos do socialismo. Até porque Luiz Pedro teve amigos fantásticos durante a militância política, entre eles, José Nunes, pai do saudoso Célio Nunes e avô do meu amigo jornalista Cláudio Nunes. Foi camarada também do velho Gervásio Careca da banca de revistas. Outro comunista histórico e avô do meu amigo Max Prejuízo. Seu irmão, José Pedro, foi outro camarada iluminado e que lhe estendeu a mão em vários momentos difíceis da vida.
A propósito, todos esses personagens já partiram daqui, mas construíram uma história exemplar para todos nós. Ou melhor, constroem. Digo isso porque um personagem chave dessa história, graças a Deus, continua entre a gente. É Antônio Bittencourt, contemporâneo do meu pai e companheiro em várias batalhas. Dia desses tive o prazer de conversar um pouco com ele e ouvi relatos comoventes de um velho comunista. Parecia meu pai sussurrando ao meu ouvido.
“Esse modelo de vida que as pessoas têm hoje está na hora de acabar. O mundo é injusto para muita gente. O socialismo, como ideal de vida, não de politicagem, precisa ser implantado, e eu ainda tenho esperança de que isso vai acontecer”, disse-me o senhor de 84 anos. Aí eu vi os olhos de Luiz Pedro brilhando para mim feito estrela no céu em noite de espetáculo natural.

Gilson Sousa

Na foto, de 1978, estamos eu, meu pai e meu irmão mais novo, Ricardo, na avenida Coelho e Campos, local onde residíamos à época.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A prima é meu castigo


Confesso que estou chateado com minha prima. Desde que chegou do interior para morar aqui em casa, praticamente só me dá dor de cabeça. Agora, tio Herinaldo, que já foi pro céu, e tia Malvina, que sequer enxerga mais, que me desculpem. Mas essa semana botei a moça de castigo lá na cozinha. Podem ir ver. Ela vai ter que obedecer, se não mando embora pra Capela. Não quero nem papo nem choro.
Vejam vocês que petulância. Domingo de noitinha, essa prima se atreveu a ir para a cozinha, sem a minha autorização, e bulinando nas coisas acabou estragando uma panela cheinha de feijão que eu tinha preparado para a semana toda. Aí não dá para aguentar. Quando percebi fiquei louco. Mas ela veio cheia de dengo e sonsice me pedir desculpas. Disse que faria comigo o que eu quisesse, só para lhe perdoar. Mas não perdoei. A moça é sibite demais.
Botei foi de castigo. Era um feijão tão lindo, com charque, bacon, abóbora e até quiabo. A cabrunquinha botou tudo a perder. Acendeu o fogo para requentar e esqueceu a panela lá. Também pudera, fica dentro de casa só de calçola, ouvindo música e me atrapalhando nos estudos. E agora, tia, pegou a mania de querer morder minha orelha toda hora. Disse que é pra me dar sorte, mas me dá é zanga. Não quero não.
Queimou meu feijão e ainda vem com conversa mole. Pois tá. Mandei ficar de castigo lá mesmo na cozinha. Eu disse: “fique ali na janela em pé, a tarde toda, só olhando pra rua. Se olhar pra trás, eu mando você embora”. Ela até que obedeceu, tia. Ficou lá um tempão, só olhando pela janela. Eu é que fiquei meio estabanado. Não sei porquê. Afinal, castigo é castigo.


Gilson Sousa

terça-feira, 4 de maio de 2010

O desestressante Pica-Pau


Sempre gostei dos desenhos animados que passavam na minha época de guri (Manda Chuva, Zé Buscapé, Os Jetsons, Scooby doo etc). Todos divertidos e com um certo quê de inocência. Aliás, inocência até demais em certos casos, mas em geral, a esperteza de alguns personagens-chave é que chamava a atenção nos filminhos. E esperteza, camarada, é o prato principal do personagem que mais admiro desde então: o irrequieto Pica-Pau.
A propósito, trata-se de um desenho estressante, mas que em muita gente causa um efeito anti-stress impressionante. É como aquela velha história de beber mais uma no dia seguinte à ressaca, só para curar de vez o mal estar provocado pela cachaçada do dia anterior. Com o desenho funciona mais ou menos assim: se estiver estressado, sente na poltrona para assistir as peripécias estressantes do passarinho de cabeça vermelha e logo seu problema vai embora. Receita infalível.
Tenho uma sobrinha pequenininha que adora o desenho. Passa horas em frente à TV, nos finais de tarde, acompanhando os episódios repetidos mais de dez mil vezes nos últimos anos. Sinceramente, acho melhor do que aqueles exibidos na Globo e que só mostram porrada e mais porrada. Com o Pica-Pau, apesar de a porrada também correr solta, a simbologia é outra. O lúdico fala mais alto e a criançada acaba se divertindo pra valer com o personagem que adora sair sempre por cima em todas as situações.
E fuçando a Wikipédia, que traz várias informações sobre o personagem, incluindo filmografia, premiações e curiosidades, descobri que o bicho foi criado em 1940 pelo artista de storyboard Walt Lantz. Está bem velhinho. Mas continua sendo até hoje um pica-pau antropomórfico (animal com corpo e características humanas), considerado um dos personagens mais notáveis do gênero. Em tempo: o Pica-Pau é um dos poucos astros de desenho animado que possui uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywwod. Muito bacana.

Gilson Sousa