terça-feira, 31 de agosto de 2010

O triste fim do Jornal do Brasil


Vocês podem pensar que estou exagerando. Não estou. O fim da edição impressa do Jornal do Brasil é para mim como a morte de um parente, mesmo que distante. Isso mesmo. Hoje, 31 de agosto, circula pelas bancas do Rio de Janeiro e alguns outros poucos Estados a última edição impressa do jornal fundado em 9 de abril de 1891. Um revés na história do jornalismo brasileiro.
Os motivos para o encerramento do jornal, segundo os donos, são as dívidas e a baixa vendagem. Com isso, o JB terá a internet como única plataforma, constituindo-se no primeiro jornal 100% digital do Brasil, após 119 anos de impressão diária.
Disse que é como se fosse a morte de um parente porque em 1995, durante o processo de produção da monografia para conclusão do curso de jornalismo na Universidade Gama Filho, tornei-me freqüentador assíduo do prédio do Jornal do Brasil. À época, visitava com orgulho os jornalistas Victor Giudice e Tarik de Souza, dois dos maiores críticos de música no Brasil.
Ali, no vistoso edifício no início da extensa avenida Brasil, me sentia inteiramente à vontade. Tanto pela história do jornal, quanto pela oportunidade que eu tinha de frequentar tal ambiente e ser recebido na redação por ilustres jornalistas que contribuíram com a minha formação acadêmica e profissional. Por isso a gratidão eterna. E também por isso o lamento de agora.
Além das questões financeiras, o Jornal do Brasil justifica que a migração do papel para o meio eletrônico é a tendência no mundo e procura se apresentar como pioneiro e inovador nessa transição. “Qualidade. Praticidade. Alinhamento com o futuro. Respeito à ecologia, inovação” é o novo slogan do jornal na internet.
Oficialmente, alega também motivos ecológicos para o fim do papel. “Para cada 100 mil jornais que são impressos, 60 mil são vendidos e 40 mil são jogados fora. É um desperdício fantástico”, afirmou Nelson Tanure, um dos diretores do grupo. Segundo ele, uma única edição de domingo do JB corresponde a cerca de 200 árvores, que levam anos para crescer e ocupam 40 mil metros quadrados de florestas.

Gilson Sousa

Fonte: www.ig.com.br

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