domingo, 6 de novembro de 2011

Morte de cinegrafista no Rio é um alerta aos jornalistas


Lamentável a morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, ocorrida neste domingo enquanto exercia sua atividade profissional no Rio de Janeiro. Bem sei do risco que representa à vida essa nossa profissão de jornalista. Ainda mais em cidades violentas como o Rio, onde a imprensa tem a missão de acompanhar de perto os conflitos entre bandidos e polícia. E foi justamente num desses conflitos que Gelson Domingos perdeu a vida.
Mesmo usando um colete à prova de balas, durante a cobertura da operação policial na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste da cidade, o cinegrafista acabou sendo atingido por um tiro de fuzil que ultrapassou sua proteção. “Foi muito rápido. Ele foi atingido pelos disparos e caiu imediatamente. Não deu nem para tirá-lo da viela. Homens do Bope começaram a atirar contra o grupo. Fiquei no meio do fogo cruzado e deitei no chão. Gelson em nenhum momento parou de filmar. Ele filmou quem o matou”, relatou o repórter Ernani Alves, colega da TV Bandeirantes.
Aqui em Sergipe os riscos na profissão de jornalista não chegam a ser assustadores, mas nunca é bom descuidar. Lembro que em meados da década de 1990, quando eu trabalhava como repórter no jornal Cinform, cheguei a correr de tiros de revólver disparados contra nossa equipe dentro de um laranjal em Boquim. Na ocasião, em companhia do sindicalista Carlos Gato, que pouco tempo depois foi assassinado, eu e o repórter fotográfico Marcos Lopes fazíamos uma reportagem sobre o trabalho infantil nos laranjais da região Centro-sul de Sergipe. Ainda bem que saímos ilesos daquela.
Quanto ao repórter cinematográfico Gelson Domingos, que tinha 46 anos de idade, resta-nos lastimar pela morte, mas também cobrar das empresas de comunicação e entidades da área mais atenção ao profissional que coloca sua vida em risco sempre que vai em busca da melhor imagem, da melhor informação a ser passada para o mundo. Com tanta temeridade em jogo, fica claro que os profissionais da imprensa no Brasil precisam se proteger muito mais, e isso depende de investimentos e treinamentos. O alerta já foi dado.

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. Gilson, ele era nosso colega também aqui da TV Brasil. No momento ele estava a serviço da TV Bandeirantes. Muita gente falou, muita coisa foi dita. Mas ninguém comentou sobre o pq de termos que nos arriscar tanto pra poder dar o furo. Não somos polícia, somos imprensa. Acompanhar tiroteio não é função nossa. Dar a notícia sim. Quantos ainda morrerão por isso? Quantos Gelsons, quantos Tims?

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