
Esses fatos inusitados parece só acontecer ao nosso redor. Estávamos ontem à noite curtindo mais uma edição do Verão Sergipe, evento organizado pelo governo estadual na praia da Caueira, quando o cantor da banda mineira Skank, Samuel Rosa, revelou ao público que sequer sabia onde estava tocando. Acreditem.
Em determinado momento do show confessou que aquela era uma situação de certa forma constrangedora, justamente porque não havia sido devidamente informado sobre a localidade. Aí, com um pedaço de papel na mão, perguntou: “Aqui é o município de Itaporanga d’Ajuda, não é?”. Respondeu o público: “É”. “Praia da Caueira, certo?”, continuou Samuel. “Certo”, devolveu a platéia. “Então tá bom. Já que aqui é uma praia, viremos novamente amanhã pegar umas ondas e beber umas cervejas”, saiu-se o artista.
Ao meu lado, Susyane, a bela e espevitada irmã de Synara Noronha, que inclusive estava hospedada numa pousada local, virou para mim e disse: “Na verdade nem eu sabia que aqui é Caueira. Pensava que estava em Abaís”. “Tem certeza disso?”, perguntei meio espantado. “Ligue não, é que eu sou meio desligada mesmo”, garantiu a moça.
Logo depois, refletindo sobre o episódio notei que a organização do evento havia literalmente escondido a praia da Caueira. Ou seja, colocou um muro metálico entre a calçada e a areia ao longo de toda a área do palco – que ficou de costas para o mar – e os bares. Os desavisados poderiam até pensar que estavam mesmo em Marte.
Todavia, mesmo levando em conta as falhas de produção artística e a pouca importância que Sergipe tem no roteiro desse povo, acredito que as pessoas precisam ter conhecimento da geografia e respeito à autonomia das cidades. Afinal de contas o artista lê, eu creio, sua agenda antes de subir ao palco.
Em tempo: esse problema de produção parece ser geral. Também na Caueira a baiana Daniela Mercury não se cansava de falar em Aracaju quando se dirigia ao público. Em Laranjeiras, recentemente, a mimosa Vanessa da Mata despediu-se da platéia após o show saudando a cidade de Aracaju. Então, é ou não é coisa que só acontece por aqui? Diga.
Gilson Sousa
Foto: Marco Vieira