sábado, 2 de janeiro de 2010

Essa São Silvestre está ficando sem graça


Vou começar o ano fazendo um elogio à postura da mídia televisiva – diga-se rede Globo – em relação à cobertura feita após os resultados da corrida de São Silvestre, em São Paulo. De fato, está ficando sem graça ver essa prova de rua. Uma chatice, já que nos últimos anos somente os africanos conquistam os primeiros lugares, tanto no masculino quanto no feminino.
Acontece que os jornalistas da Globo não pensaram duas vezes este ano. Deixaram de lado a festa queniana e ajustaram o foco das reportagens nos fatos inusitados da corrida. Por exemplo: o Globo Esporte, principal programa do gênero na emissora, preferiu mostrar que tinha gente correndo os 15 quilômetros pelas ruas de São Paulo de sandálias, ao invés de tênis; que tinha muita gente fantasiada, gente descompromissada, descontraída, enfim.
A Globo sabiamente mostrou também a chegada da última colocada, uma senhora gordinha de Brasília, que cruzou a faixa sendo muita aplaudida pela multidão que já estava na avenida Paulista à espera da festa de réveillon. Uma beleza de matéria. Quanto aos vencedores africanos, a emissora limitou-se a mostrar flashes das chegadas e dizer o nome de cada um. No masculino foi o queniano James Kipsang Kwambai, que venceu pela segunda vez consecutiva. No feminino ganhou a queniana Pasalia Chepkorir. Tudo muito sem graça.
Aí, meu amigo Paulo Lobo, músico dos bons, foi logo defendendo mudanças no regulamento da corrida. Para ele, com todo respeito, deveria haver uma categoria específica para os quenianos. Acha que somente assim um brasileiro teria chances de ganhar e alegrar a nação, já que trata-se de um dos maiores eventos esportivos do mundo. “A gente fica fazendo festa para aqueles caras. Assim não dá”, reclama o músico, dublê de desportista.

Gilson Sousa

Nenhum comentário:

Postar um comentário