sábado, 21 de agosto de 2010

Exagero e corporativismo no judiciário


Admito que o atentado contra a vida do desembargador Luiz Mendonça ocorrido no início desta semana foi um ato repugnante e estarrecedor do ponto de vista social. Mas nada de exageros. Aquilo foi crime de mando, apesar de os pistoleiros fuleiros não terem conseguido eliminar o alvo.
Pois bem. Ontem, através dos telejornais de cadeia nacional, tornei a ficar estarrecido. Desta vez por causa de uma declaração infame do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em relação ao caso de Luiz Mendonça. “Foi o 11 de setembro do judiciário brasileiro”, disse ele, fazendo referência ao atentado terrorista ocorrido nos EUA em 2001.
Pera lá, seu ministro. Deixe de exagero. Aliás, um exagero sem comparações na história do mundo contemporâneo. Eu sei que para muita gente, tanto Luiz Mendonça como George Bush representam o ódio. Mas nunca tinha visto tanta baboseira e corporativismo numa declaração de um ministro.
E olha que o objetivo do atentado nem foi consolidado. Aliás, sobrou para quem não tinha nada a ver com a história. Justamente o motorista do desembargador, que até hoje continua no hospital após receber um tiro na cabeça. Portanto, vou ressaltar aqui o pensamento da minha amiga Ana Maria Valença sobre o que de fato significa um 11 de setembro no Brasil:
“O 11 de setembro está na Cracolândia de São Paulo e em várias outras cidades onde crianças de 12 anos de idade estão comandando o tráfico de drogas; o 11 de setembro é ver nossas mulheres e crianças assassinadas e a nossa justiça lenta e cega; o 11 de setembro são políticos inescrupulosos roubando cinicamente o dinheiro da saúde e da educação das nossas crianças; o 11 de setembro são crianças torturadas e dormindo nas ruas e a nossa "justiça" vedando mais ainda seus olhos”.
Quer mais o quê?

Gilson Sousa

4 comentários:

  1. O seu texto diz tudo. Isso é a imagem do judiciário brasileiro: pomposo, barroco, com seus privilégios, parcial. Imoralmente ligado aos poderosos (que o diga Daniel Dantas) e imoralmente insensível à dinâmica social (são inúmeros casos de representantes da 'patuléia', que ficam meses presos por roubar uma embalagem de biscoito). Triste país...

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  2. "apesar de os pistoleiros fuleiros não terem conseguido eliminar o alvo."
    KKKKKKK
    Muito bom.

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  3. Pois é. Se todos os crimes fossem cometidos contra o judiciário, as pilhas de processos não existiriam.
    Abraço!

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  4. Então... o pior é que a "imprensa nacional" acha que em Sergipe a campanha 'tá pegando fogo' por causa desse episódio. Percebi lá na TV e nos outros meios. Como sabem que venho de Sergipe, logo me chamam pra dizer que foi notícia e o que aconteceu. Como noticiam o fato isolado, vêm essas conclusões. Aí respondo: gente, nada disso. O cara já foi Secretário de Segurança Pública. Isso pode ter sido encomendado por essa época e não por causa das eleições. Enfim...

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