segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Faixa de pedestres: território do ‘salve-se quem puder’


Idealizada por especialistas em trânsito europeus há décadas para garantir um espaço de livre transição de pessoas ante a movimentação de veículos motorizados, a faixa de pedestres em Aracaju é praticamente uma vilã. É um território onde o desrespeito toma conta. Um verdadeiro ‘salve-se quem puder’, principalmente quando se pretende utilizá-la da maneira correta. Por motivos como estes, vira e mexe ouve-se queixas de transeuntes e até notícias de atropelamentos em plena faixa.
É claro que a intenção da pintura destaca nas vias é muito boa, mas certamente só teria serventia em ambientes povoados por comunidades bem educadas. Nada parecido com esses selvagens, incluindo eu, que dominam o trânsito aracajuano. A não ser em determinadas localidades da zona burguesa da capital, como nas proximidades do shopping Jardins, a faixa de pedestres nessa cidade é um instrumento meramente figurativo nas pistas.
Sou testemunho diário do risco de morte de centenas de pessoas que estudam ou trabalham na Faculdade Pio Décimo da avenida Tancredo Neves. Ali é um ‘Deus nos acuda’. Não fosse a presença de um ou outro agente da SMTT em horários de extremo pico de veículos – somente em horário de extremo pico -, essas pessoas demorariam horas plantadas nas calçadas ou canteiros à espera de uma oportunidade para atravessar a rua. Mesmo com as faixas de pedestre fincadas no local. E o mesmo suplício acontece em variados pontos da cidade.
Notadamente há um gritante erro de engenharia de trânsito no que diz respeito à colocação de certas faixas em Aracaju. Algumas delas estão posicionadas em esquinas onde não há semáforo, não há alerta ao motorista, e também não há a devida atenção do pedestre ao atravessá-la. Resultado: constantes atropelamentos. Raros são os motoristas que se sensibilizam com a condição frágil do pedestre pelas vias da cidade. Isso é fato. A maioria, se pudesse, colocava o carro por cima de quem atravessasse seu caminho sem ao menos pedir licença. Duvida?
Dia desses, no salão de cortar cabelo, ouvi de um rapaz sentado ao lado que motoqueiro não precisa respeitar nada no trânsito. Muito menos faixa de pedestre. “Quem tem que parar para dar vez ao pedestre são os carros pequenos ou grandes. Moto não”, ensinava o jumento. Tentei ponderar, mas quase apanhei. Até porque o meu ‘barbeiro’ também é motociclista e pareceu-me que comungava das ideias do rapaz.
Lembro que no início dos anos 2000, o então superintende de trânsito da capital, Henrique Luduvice, investiu pesado na tentativa de educar tantos motoristas quanto pedestre quanto ao uso da faixa. Por alguns instantes a campanha até que pegou. Mas nada muito promissor. Foi-se Luduvice, foi a fugaz educação no trânsito. Portanto, caro pedestre, lhe resta orar muito quando chegar o momento de atravessar uma dessas faixas com segurança. Nada de se jogar no asfalto. Até porque, nesses casos, a lei que impera é a do mais pesado. Entende!

Gilson Sousa

2 comentários:

  1. Lembro até hoje uma palestra que assisti na UFS do Eng. Luduvice, sobre a preferência dos pedestres nas faixas. Em resposta a uma pergunta de um aluno sobre como iria fazer para educar 100% dos motoristas a parar nas faixas de pedestre, ele respondeu "Não precisa educar 100% dos motoristas, basta 50%, já que se os dois da frente pararem, os demais de trás irão parar também".
    Mas pelo que vejo (leio) nem os 50% deram certo.
    Grande abç.

    Herbert Melo

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  2. Pois é meu amigo Gilson,infelizmente pouco motorista respeita a faixa de pedestre. Não querendo ser o bom, mas eu só faço isso às vezes, até por que tem muito pedestre que também não colabora. Isso só muda com conscientização dos dois lados, o que é um trabalho difícil. Como enbutir consciência em gente adulto? isso leva muito tempo... quanto ao motoqueiro da barbearia... sem comentários, é um jumento triplicado. Não são todos, mas alguns são desse jeito.

    Isaac

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