domingo, 5 de abril de 2009

Palpite infeliz – A gafe de Luiz Gonzaga em relação a Djavan



Foi, em minha opinião, a previsão mais errada já feita na história recente da música popular brasileira. No começo da década de 1980, ninguém menos que o Rei do Baião, Luiz Gonzaga (1912-1989), apostou num possível fracasso prematuro na carreira artística de Djavan Caetano Viana, então um jovem alagoano que começava a conquistar espaço na MPB. Isso mesmo. Luiz Gonzaga, que já era à época um dos ídolos musicais de Djavan e inúmeros outros artistas brasileiros que o reverenciam até hoje no cenário da música regional, não botou muita fé no cara que já fazia sucesso com sua ‘Flor de Lis’ e ‘Fato Consumado’.
Aliás, o fato confirmou-se durante uma entrevista concedida a uma emissora de rádio do Recife (PE) em dezembro de 1982. Segundo o Rei do Baião, que ensaiava sua despedida dos palcos, quando o povo acostuma-se com a voz do artista, a tendência dele é migrar em caminho ao fracasso. Uma teoria louca. Senão, o que seria de um Roberto Carlos da vida se isso fosse verdade? Pois muito bem.
Entre devaneios, no meio de uma explicação sobre o fim das parcerias vitoriosas com Humberto Teixeira e Zé Dantas, Luiz Gonzaga achou por bem pegar pesado com Djavan, que naquele ano havia lançado seu quinto LP, Luz. A propósito, um disco apontado pelos críticos como o melhor de todos já feitos pelo alagoano até o momento. Mas vejamos, então, o que disse Gonzagão:
“Nós temos agora um sucesso aqui, surgido recentemente, um nordestino de Alagoas chamado Djavan. É fenomenal, é maravilhoso. Mas ele vai manter esse ritmo de sucesso por cinco, dez ou vinte anos? Não vai. Eu gostaria que isso acontecesse. Mas também o Djavan já começa... primeiro: deixa de viver uma vida simples, já começa a usufruir dos melhores hotéis do país, escolher até o tipo de avião que vai viajar, os empresários, as ‘nêgas’ bonitas que ficam em cima dele. Então começa a cai a coisa”. Pois é. Acreditem se quiser, pois foi justamente isso que expressou Luiz Gonzaga.
Para mim, modesto fã do trabalho de Djavan, além das contradições no pensamento do Mestre Lua, pois ele próprio se beneficiou de várias prerrogativas do mundo artístico, existe uma falta de sensibilidade sem dimensão nessa história contada e gravada para o mundo inteiro ouvir. Luiz Gonzaga começou a fazer sucesso ainda na década de 1950 e até hoje sua voz é querida, respeitada e acalentada pelos brasileiros. A propósito, Gonzagão faleceu em agosto de 1989 e atualmente vende 30% de todos os cd’s de forró em todo o país. E será que ele mesmo apostaria nisso? Certamente não.
Todavia, o que importa dizer é que o palpite infeliz de Luiz Gonzaga em relação a Djavan, que em 2007 lançou Matizes, seu 15º disco, graças a Deus não tem a mínima chance de se concretizar. Vida longa ao mestre das Alagoas.

Gilson Sousa

3 comentários:

  1. que interessante
    nao sabia disso!
    Deixo uma dica muito boa que acabei de descobrir: escute o trabalho deste pianista chamado Rodrigo Andreiuk .
    www.rodrigoandreiuk.com
    www.myspace.com/rodrigoandreiuk

    abração

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  2. Obrigado pela dica do pianista. Vou procurar ouvir sim. Um abraço.

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