sexta-feira, 10 de abril de 2009

Silvio Rocha: acordes e lentes a serviço da arte em Sergipe


Música e fotografia. Som e imagem convivendo em harmonia com os acordes e lentes de Silvio Rocha, um artista aracajuano nascido em outubro de 1965 e que hoje sabe conciliar como ninguém o encanto do violão e a força da linguagem fotográfica. Filho do saxofonista Argemiro Ribeiro Oliveira, responsável pela montagem da banda do Corpo de Bombeiros em Sergipe, Silvio se envolveu com a música quando ainda era criança e acompanhava os encontros de um grupo musical liderado por seu pai. “Eles participavam de um regional e todo sábado à tarde ensaiavam lá em casa para tocar nas casas noturnas daquela época, que eram justamente os cabarés”, lembra.
O primeiro instrumento que caiu em suas mãos, curiosamente, foi um tambor, já que o pai também tocava sopro na charanga que acompanhava os jogos do Confiança no Batistão. Em seguida, o menino Silvio Rocha experimentou um piston, mas na adolescência ficou encantado mesmo foi com o som do violão, instrumento que aprendeu a dominar sem muita dificuldade, mesmo sem ter freqüentado escola de música. “Minha mãe, Elvira Rocha, não queria que eu fosse músico, mas sempre gostei de cantarolar e tive que contrariar a vontade dela”, confessa o artista.
Em 1991 gravou o LP Brasa Brasil, seu único trabalho autoral. “Era um vinil que demorou quase dois anos para chegar em Aracaju depois da gravação em Recife e prensagem em São Paulo. Naquele tempo era uma luta”, relembra Silvio. Em 2003 veio o cd ‘emepebeando’, com um repertório eclético da MPB, mas com a irreverência e alegria que caracterizam Silvio Rocha. O disco foi gravado ao vivo no extinto bar Melodia, em Aracaju, e chegou a vender mais de 5 mil cópias. Em 2005 investiu no forró autêntico e gravou a coletânea junina ‘O melhor do pé de serra’.
Hoje Silvio Rocha é um dos mais requisitados cantores da noite aracajuana, mas revela que tudo começou pra valer aos 20 anos de idade, quando foi convidado para tocar no bar A Cabana, na Atalaia. “O problema é que eu só tinha um repertório com 15 músicas, mas o dono do bar me incentivou a aprender outras e eu fui em frente”, diz. Silvio confessa ainda que sua grande influência musical tem base nos músicos locais que faziam sucesso na década de 1980, como Antônio Carlos do Aracaju, Cataluzes, Grupo Repente e outros.
Naquela mesma época, por volta de 1979, Silvio Rocha começava sua vida de fotógrafo profissional com um emprego no Instituto de Identificação, fazendo fotos para carteiras de identidade, além de imagens de cadáveres no Instituto Médico Legal e de presos em delegacias de policia. Mais tarde foi convidado para trabalhar em jornais, com passagens pelo extinto Jornal de Sergipe, Gazeta de Teresópolis (RJ), Jornal da Cidade e Cinform. “Mas nesse tempo todo eu consegui trabalhar com a fotografia e a música. Nunca passei um longo tempo sem trabalhar conciliando as duas coisas. Sempre estiveram muito presentes em minha vida”.
O artista tem planos de gravar em breve um dvd com alguns trabalhos autorais e um bom bocado de músicas conhecidas do público e que fazem sucesso na sua voz, como ‘Avohai’ de Zé Ramalho e ‘Telegrama’ de Zeca Baleiro. Na fotografia ainda sonha com uma nova exposição numa área com grande concentração de pessoas. “Essas duas artes me proporcionam tanta alegria que nos meus trabalhos sempre tento traduzir isso com muita expressividade, muita alegria mesmo. É uma forma de agradecer porque a música é uma das mais sublimes artes que temos e a fotografia é um encanto que marca”.
Silvio Rocha se queixa apenas da falta de locais apropriados em Aracaju para mostrar com mais freqüência o trabalho de músico. “Isso dificulta muito a nossa caminhada. Mas não vamos desistir nunca”, garante, cobrando mais atuação do poder público e mais empolgação do próprio público local. “Os músicos sergipanos estão muito sozinhos. Não tem uma produção, um apoio, mas são todos bons profissionais que enriquecem a nossa cultura”.

Gilson Sousa

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