quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cleomar, irmão de fé, camarada


Chico Ribeiro Neto é jornalista (chicoribe@gmail.com)

Minha amiga Leda Fróes, médica anestesista, depois que conheceu o jornalista Cleomar Ribeiro Brandi, meu irmão, em Aracaju, com as duas pernas amputadas, colostomizado, trabalhando no Jornal da Cidade e na TV Aperipê e com uma imensa vontade de viver, me disse:
"Agora, quando tenho qualquer problema na vida, penso logo em Cleomar. Se ele pode enfrentar todos os problemas dele, o meu agora não é nada".
Cleomar, que virou parâmetro de vida não só para Leda, como para muita gente, lançou no último dia 24 seu primeiro livro, “Os Segredos da Loba”, com 71 crônicas, capa e ilustrações do artista plástico Leonardo Alencar, conhecido internacionalmente. A edição foi promovida pelo Governo de Sergipe e Fundação Aperipê.
Para o poeta e professor Gilfrancisco, professor da Faculdade São Luís de França e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, “Cleomar é um professsor de vida que todo aluno gostaria de ter”, e completa: “Cléo é um poeta sensível, de alma romântica, reflexivo, amigo dos seus amigos, um cultor apaixonado da lealdade, um coração aberto para fazer o bem a todos que transitam no âmbito de sua atuação”.
Há 25 anos em Aracaju, Cleomar conseguiu vender mais de 250 livros na noite de lançamento que contou com a presença de muitas autoridades, inclusive o governador Marcelo Déda, jornalistas, professores e, é claro, boêmios.
O jornalista Marcos Cardoso, que apresenta o livro, diz que Cleomar “é um bem público, um patrimônio que deve ser preservado e cultuado. Um monumento vivo e andante. Ele transmite, acima de tudo, vontade de viver. É ativo, quer estar nos lugares com as pessoas. É atuante e muito mais ativo do que a maioria das pessoas que conheço”.
O jornalista Gilson Sousa, que também escreve na apresentação do livro, afirma que Cleomar “é um autor que bebe em várias fontes, mas é principalmente na vontade de viver intensamente os instantes que Cleomar Brandi encontra forças e sabedoria para produzir tanto”.
Dono de um fantástico senso de humor, quando amputou a segunda perna, já em Aracaju, promoveu a Festa da Meia, onde distribuiu todas que tinha.
Ele foi o melhor lateral esquerdo nos “babas” e me defendia dos meninos mais velhos com os quais eu procurava briga. Não gostava de estudar e foi campeão de natação pelo Vitória.
Em Salvador, dois meninos ainda pescam quatinga numa pedra da Praia da Preguiça onde só se chega nadando. Eles se chamam Chico e Cleomar.


A foto é de Jorge Henrique

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