segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Assessor de imprensa é jornalista?



Acabo de voltar do 17º Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação (Enjac), realizado em Goiânia até ontem, domingo. Cerca de 400 pessoas, entre jornalistas profissionais, professores da área de comunicação e estudantes participaram do evento que teve o apoio da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Muitas palestras bacanas, incluindo as dos professores Manuel Chaparro (USP) e Josenildo Guerra (UFS). Os dois debateram com a platéia sobre ‘o conhecimento do Jornalismo na Assessoria de Imprensa’.
Pois bem. A partir destas palestras, algumas pessoas levantaram o questionamento sobre a identidade real do assessor de imprensa no contexto de um órgão público ou privado. Ou seja, começaram a questionar se um assessor de imprensa é mesmo um jornalista. Uma coisa meio absurda, mas que tomou conta do encontro durante muitos instantes. Ainda mais quando o veterano jornalista Armando Rollemberg, sergipano que hoje dirige a TV Senado, em Brasília, colocou mais pimenta no tempero.
Também como palestrante, Armando ficou em cima do muro nessa questão. Citou vários exemplos de países que não consideram o assessor de imprensa como jornalista e nas entrelinhas apoiou uma declaração absurda do colega Ricardo Noblat, de O Globo. Segundo Armando, Noblat defende a tese de que assessor não é jornalista porque não trabalha na linha do denuncismo. Apenas divulga o interesse do patrão. Mas vem cá: desde quando jornalismo é só denúncia? Quanta ignorância desse Noblat.
Enfim, para mim, que sou jornalista sim e no momento assumo a função de assessor de imprensa, essa discussão deveria estar superada há tempos. O fato de isso acontecer em outros países não significa que no Brasil tenha que ser assim. Nossa cultura comunicacional é outra e precisa respeitar suas particularidades. Até porque a imprensa por aqui não sobreviveria sem a produção das assessorias de comunicação. Tenham certeza disto.
A propósito, uma colocação do professor Chaparro me chamou a atenção. Para ele, mais que uma assessoria de imprensa, o que existe hoje é uma ‘assessoria de fonte’. Sábias palavras. E tanto ele quanto Josenildo Guerra defendem que há jornalismo nas assessorias de imprensa sim. Os dois enxergam avanços no processo de comunicação a partir da estruturação das assessorias. E eu digo: num momento em que a luta da categoria precisa ser focada no restabelecimento da exigência do diploma para o exercício da profissão, debates como esses não contribuem em nada.

Foto 1 - Palestra de Chaparro e Guerra
Foto 2 - Jornalistas questionando Armando Rollemberg

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. Se assessor pode ser considerado jornalista? deixo a discussão para o mundo acadêmico. O que eu sei é que tem muito 'assessor' de imprensa por aí, pior do que um inimigo. Hoje em dia qualquer formando pensa que escrever um release cheio de adjetivos é assessorar. Trata mal a imprensa, não divulga nada na hora certa. é Um caos.

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