quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A face cruel da insônia


Estou com pressa. Talvez desalinhado com o tempo. Pensando pouco. Querendo muito. Mas com muita pressa. Ontem mesmo dispensei a boemia. Não sei por que. Vi fragmentos de mim sendo jogados no mar. Medo. Sem solidez nada se sustenta. Quase nada. Portanto, não há porta de regresso. Não há canção de boas vindas. O que existe é a pressa. É a retomada do que se perdeu em mim. Um desgoverno. Longe do que é sagrado. Carcará avançando no peito. Olhos de fogo. A necessidade de correr o universo que não há em mim. Talvez por isso a pressa. A manhã que não desaba. Acho até que já ouvi aquele apito antes. Quanta malvadeza. Ao lado, a mulher que me cabe. No berço, a consciência triste. Um dia o Senhor explicará o susto. Agora só quero atravessar o tempo. A mala carregada de pressa. Chego já. Quem sabe?.

Gilson Sousa

2 comentários:

  1. Incrível, você transcreveu o que senti alguns dias atrás: "Pensando pouco. Querendo muito. Mas com muita pressa. É a retomada do que se perdeu em mim. Um desgoverno. Longe do que é sagrado". O cara que escreve é assim mesmo, em algum momento ou situação, algo se encaixa com alguém. Lembra do: "Ei-lo tão iludido carcará...?"

    Isaac

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  2. Isaac, você tem uma memória privilegiada. Muita coisa que escrevi naquele tempo antigo e sofrido, e acho que só você guarda na lembrança. Valeu.

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