quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Papo de anjo torto


Sou eu. Não canto nem danço. Às vezes toco. Mas de braços cruzados. Sou dependente de mim mesmo. Dragão sem língua, sem olho. Tomei a espada de Jorge para proteger você. Se correu, correu. Pronto. Não era por isso que eu tinha que deixar de ajudar. Já tinha presenciado tanto amor escorrendo pelas mãos. Tinha visto caçadores de fantasmas destemidos atrás de portas. E mesmo assim tudo estava sob controle. Ontem mesmo percebi você dançando. Olhei somente. Já disse. Não canto nem danço.
Mas sempre quero ajudar você. “Por que o amor nunca chega na hora certa?”. Porque o cérebro é viajante. Se cantasse, se dançasse... O olho da vida é rude. Quase ninguém repara nisso. Eu sim. Bronco que sou. Preparado para proteger você. Mas sofro por ser imediatista. Sou eu. Cavaleiro almejante. Espada longe da bainha. Praticamente um gangster apaixonado. Sem mira. Mas com a intenção de proteger você. Afinal, anjo nunca teve face. Sequer sentimento.

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. essa mania da gente, de colocar o alvo do sentimento num pedestal..

    Débora - Povo Bunda

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