terça-feira, 15 de setembro de 2009

A melancólica volta da censura em jornal


Com tristeza, vi ressurgir no âmbito da imprensa local a famigerada censura à informação. Não aquela nefasta dos tempos de ditadura militar, mas uma bem caseira, talvez mais cruel ainda. Explico: há duas semanas, fui comunicado por amigos policiais militares que o comando geral havia acabado de nomear para o posto de sub-ouvidor geral da PM/SE um cidadão chamado Geraldo José Leão de Oliveira, coronel. Até aí nada demais.
No posto, o citado oficial será encarregado, de certa forma, pela moralização da instituição e principalmente pelo feedback com a sociedade sergipana. Tarefa muito nobre, por sinal. Acontece que segundo meus amigos militares, o moço está envolvido até o pescoço com processos judiciais, indo da acusação pela utilização de viatura policial para interesses particulares até um envolvendo com estupro. Acreditem. Esse será o homem que irá ‘moralizar’ a instituição, aconselhar soldados e oficias, recomendar boas práticas e até orientar o comando.
Como homem da comunicação, passei a sugestão de pauta para o ex-aguerrido semanário Cinform. Nada de fazer a matéria. Dias depois passei para o Jornal da Cidade. Também nada. E com um agravante, já que não alegaram publicar a informação porque pessoas ligadas ao oficial trabalham no diário. Um absurdo. Até porque a nota sairia numa das colunas devidamente assinada, de inteira responsabilidade do jornalista. E mesmo assim foi censurada.
O que acho é que é profundamente lamentável o episódio. Em todos os sentidos. Fatos que interessam diretamente à sociedade sendo varridos para debaixo do tapete por motivos fúteis. Imaginem então quantas informações mais foram barradas nesse contexto.
No entanto, tenho certeza de que a sociedade merece ter essa informação sobre o coronel sub-ouvidor. Os próprios oficiais que integram as associações dos militares já fizeram questão de se manifestar contrários ao fato. “Não tenho nada pessoal contra o coronel Leão, mas se for para moralizar a tropa, ele não é o exemplo a ser seguido”, confessou o sargento Vieira. O alento é que na cola do coronel também estão o promotor de justiça Jarbas Adelino e o juiz Diógenes Barreto. Ótimas companhias.

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. Bem, é com um poudo de tristeza que leio esta postagem, mas felizmente existem pessoas de coragem que não se entregam as sujeiras no porão, como se fazia na Ditadura Militar... ÃO À CENSURA, NÃO MESMO!!!


    PARABÉNS GILSON, PELO EXEMPLO E PELA CORAGEM!!!

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