domingo, 20 de dezembro de 2009

Nosso verão será mesmo dos outros. Paciência!


Por mais que eu queira ser um aracajuano bairrista, não dá para dizer que o governo pode ‘vender’ turisticamente o verão de Sergipe chamando o povo de fora para ver shows de Amorosa, Patrícia Polayne ou Maria Scombona na programação cultural à beira da praia. Seria pedir demais. Ninguém lá fora ouviu falar dessas criaturas, apesar de serem bons artistas. Aí cria-se aquele dilema: ou não são conhecidos porque não têm espaço na mídia nacional ou não têm o que mostrar e portanto não são conhecidos. Resultado: não atraem ninguém.
Tenho parentes e amigos no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Goiânia. Sempre que me perguntam sobre programação de shows no verão sou obrigado a dizer que por aqui vão estar Daniela Mercury, Vanessa da Mata, Olodum, Lenine, Margareth Menezes, Dudu Nobre, Carlinhos Brow, Skank, J. Quest, Martinália e Detonautas. Tudo artista de fora do Estado. Uma tristeza para a gente, mas é o que a realidade nos impõe.
A propósito, quero dizer que tirando o nome do inquieto Carlinhos Brow, temos aqui em Sergipe artistas no mesmo nível dos demais citados. Não no nível de mídia, como já coloquei, mas no nível de talento. Para compor, para tocar e para interpretar. Basta dar ouvidos a Pantera, Paulo Lobo, Joésia Ramos, Nino Karva, Minho San Liver, Rubens Lisboa, Cata Luzes, João Ventura e tantos outros. Mas quem é que já ouviu falar nesse povo, não é verdade?
Então que venha o verão 2010 patrocinado pelo poder público. Com seus artistas forasteiros recebendo cachês milionários e muitas vezes torcendo o nariz para o público local. É o que temos e o que merecemos, por ora. Um dia, quem sabe, não precisaremos mais contratar atores globais, com cachês astronômicos, para divulgar a imagem de governos na televisão. Um dia, quem sabe, olharemos para o próprio umbigo, não como meros bairristas, mas sim como defensores de uma cultura local. Uma cultura própria, quem sabe.

Gilson Sousa

2 comentários:

  1. Concordo com a sua opinião, realmente está longe o dia que veremos os nossos artistas serem valorizados. Talvez se os nossos políticos deixassem de se perocupar com besteiras e olhassem para a cultura sergipana, mudaria...

    Isaac

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  2. Esta é a capacidade de um jornalista de verdade, em sintetizar brilhantemente tudo o que realmente precisa ser dito.

    Mandou ver, Gilson!

    Álvaro Müller

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