sexta-feira, 23 de julho de 2010

Falta ao trabalho não é problema


Todos nós estamos cansados de ouvir dizer por aí que deputado no Brasil trabalha pouco e ganha muito dinheiro. E isso não é mentira. Mas também não é regra. Conheço de perto situações em que um deputado trabalha pra caramba a fim de cumprir suas obrigações parlamentares e manter firme sua ideologia política. Conheço até situações contrárias, em que o dito deputado não faz pn e ainda tira onda com a cara do povo sempre que pode. E sempre de bolso cheio.
Mas o fato é que o portal iG (www.ig.com.br) resolveu fazer um minucioso levantamento inédito sobre faltas no Congresso Nacional e descobriu que 35 dos 513 parlamentares federais poderiam ter tido os mandatos cassados. Isso porque faltaram a um terço das reuniões ordinárias da Câmara dos Deputados, em pelo menos uma das três últimas sessões legislativas. Todos foram salvos pelo fato de a Mesa Diretora acolher suas justificativas nem sempre plausíveis. Mas já pensou se isso acontecesse com trabalhadores comuns? Pois, sim.
Juntos, os 35 parlamentares com o maior número de faltas abonadas em sessões ordinárias apresentaram, entre 2007 e 2009, 1.402 justificativas. Entre eles estão os deputados Ciro Gomes (PSB-CE), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Jader Barbalho (PMDB-PA), Nice Lobão (DEM-MA) e Sandro Mabel (PR-GO). Não teve sergipano nesta lista. Todavia, na história da Câmara apenas dois entre 177 parlamentares foram cassados por faltarem a um terço das sessões ordinárias. Foram os deputados constituintes Felipe Cheidde (PMDB-SP) e Mário Bouchardet (PMDB-MG) que perderam o mandato em 31 de maio de 1989.
A propósito, na atual Assembleia Legislativa de Sergipe, fosse feito levantamento semelhante, tenho quase certeza de que um ou outro deputado perderia o mandato. O regimento da Casa é até rigoroso quando o assunto diz respeito às faltas ao trabalho. Mas ninguém jamais foi ou será punido por conta disso. Até porque existe uma enxurrada de licenças médicas ou missões político-partidárias que ‘justificam’ as ausências. E tudo isso sem prejuízo algum aos polpudos contracheques mensais de cada um deles. Mas o fato é que cada um de nós sabe muito bem quem paga essa conta e sempre deixa pra lá. Pra que se estressar, não é verdade?

Gilson Sousa

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