quarta-feira, 3 de março de 2010

STF começa a ouvir argumentos contrários e favoráveis às cotas


Muita gente por aqui parece adormecida em relação ao assunto. Mas eu não. Estou atento ao que está acontecendo a partir de hoje no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, com relação às políticas de ações afirmativas neste país de ‘brancos’. Ou seja, começou hoje e vai até a próxima sexta-feira a mais esperada e tensa audiência pública sobre reserva de vagas no ensino superior.
Serão 38 expositores – especialistas no tema, representantes de associações, fundações, movimentos sociais e entidades com as cotas – debatendo o tema para auxiliar os ministros do STF a julgar o mérito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186. A arguição foi ajuizada pelo Partido Democratas (DEM) contra o sistema de cotas da UnB, pedindo a suspensão da matrícula dos alunos cotistas selecionados no último vestibular da universidade.
E já que a ação partiu do DEM (que segundo o jornalista José Simão, da Folha de S. Paulo, significa Dinheiro Em Meias), fica fácil entender o argumento usado pela advogada deles para questionar o sistema de cotas. “Negro rico no Brasil vira branco”, afirmou a moça que contesta cotas raciais. Aí eu pergunto: É pra rir ou pra chorar?
A propósito, o pedido do DEM havia sido devidamente indeferido pelo presidente do STF, Gilmar Mendes. Agora, os ministros do tribunal terão de julgar a outra solicitação do DEM: que o programa seja considerado inconstitucional. O julgamento ainda não tem data para ocorrer, mas o único ministro negro da suprema corte brasileira já mandou um breve recado. “Para mim o mais importante é que este é um tema sobre o qual nem sempre se quis discutir com abertura”, disse Joaquim Barbosa.
Já o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior, que se diz satisfeito com o programa de cotas implantado desde 2003 naquela instituição, está otimista quanto aos rumos da questão. “O programa adotado pela UnB é fundamental e exemplar. Não é possível vencer a distância da exclusão quase ancestral dos negros sem essas políticas”, afirma.
Dito isto, é bom aguardar com cautela o desenrolar dos fatos em Brasília. Afinal, este país ainda é dominado por uma elite sanguessuga que precisará de argumentos fortes para se convencer de que a humanidade precisa ser mais humana nos dias de hoje.

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. Retroceder jamais! Demorou muito para que um mínimo de reparo fosse feito. Que outros também se alertem.

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