quinta-feira, 27 de maio de 2010

A confissão da bruxa


Peço aplausos para a reportagem da Veja, assinada pelos jornalistas Ronaldo Soares e Roberta de Abreu Lima, que trata da atitude covarde e mesquinha da procuradora aposentada Vera Lúcia de Sant’Anna Gomes, 66 anos. Ela é acusada de torturar com frieza e fúria uma menina de 2 anos que estava sob sua guarda, em regime de adaptação ao lar para possível adoção.
Com o sugestivo título “A confissão da bruxa”, a reportagem de capa praticamente sacramenta a culpa da mulher que vive no Rio de Janeiro e ganha, como aposentada, R$ 23 mil por mês. “... é uma dessas bruxas malvadas de carne e osso. Presa de número 323 010 do Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, ela se entregou à polícia depois de passar oito dias foragida”, conta a matéria corajosa, sem maquiagem e principalmente sem hipocrisia, fato que infelizmente domina a maioria das abordagens em nossa imprensa escrita.
A revista Veja diz ainda que a procuradora Vera Lúcia, acusada de tortura, tenta justificar sua crueldade culpando a criança. Só que uma testemunha afirma que ela também batia na mãe. “Como uma bruxa má, não demonstra nenhum arrependimento e sua lógica é a da desrazão”, cita a revista.
Sabida e com dinheiro suficiente para bancar bons advogados, Vera Lúcia admite que não poderá mais sair às ruas tranquilamente no Rio. “Crime que envolve criança tem uma repercussão muito grande. É como estupro. Se saísse hoje para caminhar em Ipanema, sei que não chegaria em casa viva”, disse a ‘bruxa’. Por fim, admite: "Chamei a garota de cachorra mesmo. Mas chamar alguém de cachorro não é ofensa. Os cães são mais amigos e leais do que muito ser humano por aí".
Cadeia nela. Quanto à criança, voltou para o abrigo e vive hoje assustada e sem querer falar com desconhecidos. Parabéns à Veja.

Gilson Sousa

3 comentários:

  1. Sem comentários tamanha foi a crueldade. Também li a reportagem, mas acho que infelizmente, essa FDP não vai ficar muito tempo presa (se chegar a ser presa), no Brasil a justiça só funciona para os pobres. Quanto a xingar alguém de cachorro não ser ofensa, depende do propósito, no caso dela, foi pior do que uma ofensa.

    Isaac

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  2. Não entendi o paralelo existente entre o fato de ela ganhar um salário estratosfético e ser má mãe...vi um certo preconceito...posso estar errado.

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  3. Quando em vez a VEJA dá uma dentro. Neste exato momento em que teclo esse comentário, existe um número significativo de crianças sofrendo algum tipo de violência doméstica no Brasil. São em média 18 mil casos por dia. Os agressores são em sua maioria, aqueles do convívio familiar da criança, pais (biológicos ou adotivos), padrastos, madrastas... Um ato cruel, covarde e de ausência total de humanidade que não deve passar impune pela sociedade. Tá aí um trabalho permanente para impressa, denunciar barbaridades dessa natureza.

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