terça-feira, 25 de agosto de 2009

Exercício da sergipanidade


Gilson Sousa (gilson.sousa@ig.com.br)

O 8 de julho que passou, sinceramente, ampliou uma atividade político-social que vem sendo empreendida em terras sergipanas desde que Marcelo Déda enveredou por cargos administrativos. Trata-se do resgate da auto-estima de um povo. Sem falsas modéstias. Nenhum governante de antes havia demonstrado preocupação alguma com este fato. Déda, sim. E aqui não vai nenhum elogio gratuito à sua atuação, pois não fez mais do que sua obrigação de sergipano.
Essa elevação de auto-estima se caracteriza de várias maneiras. Pelo o que sei, o simples ato de beneficiar uma rua de periferia com drenagem e pavimentação de boa qualidade, já ajuda. Os investimentos, muitas vezes exagerados, em espetáculos artísticos abertos ao público também contam. A postura séria e responsável diante das câmeras nacionais é um avanço. O zelo com o bem público representa um alento. E tudo isso sem falar no discurso real da sergipanidade.
A propósito, como escreveu certa vez o historiador Luiz Antonio Barreto, o 8 de julho de 1820, dia em que Sergipe foi emancipado politicamente da Bahia, tem sido convertido no símbolo da liberdade, da independência, da autonomia econômica, da construção da sociedade sergipana. E isso foi o que motivou esta crônica. Neste 2009, constatei um 8 de julho mais movimentado, mais intenso, cheio de significado e chamando a atenção de todos nós em relação ao amor à terra em que nascemos e vivemos. Um progresso.
Confesso que por enquanto sou um dos poucos bairristas convictos que existem por aqui. Aliás, sou um homem afeito a extremidades. Gosto de saborear a palavra auto-estima, quando o assunto é naturalidade. Não engulo com facilidade aquela história de que somos o menor Estado do país e por isso temos pouca ou quase nenhuma representatividade sobre vários aspectos. Isso não cola. A gente sergipana é tão brasileira quanto qualquer outra, de qualquer outra parte deste país continental. Nada a contestar.
Aliás, sei muito bem que vivemos cercados de estrangeiros, no bom sentido da palavra. Não há por aqui quem não tenha na família, seja lá em qualquer grau, um integrante nascido em terras alhures. Nas rodas de amizade há sempre aqueles bacanas que adotaram nossa terra e daqui não arredam pé. Sentem-se confortáveis, estáveis. Chegam a propalar por aí que vivem no melhor lugar do mundo, apesar das deficiências. Então, se é assim, por que nós mesmos não tomamos conta deste orgulho?
Às vezes me pergunto se em outros cantos deste país a situação se repete. Acho até que não. Por muitos anos vivemos imprensados entre culturas forasteiras e praticamente condenados a engolir porcarias que nunca se identificaram com a gente. Agora temos uma chance real de mudar o quadro. E para isso não precisa radicalizar contra ninguém. Basta impor o que temos de bom. Dar ouvidos à nossa música, apreciar nosso folclore, aplaudir nossa dança, valorizar nossa política social, divulgar nossa culinária, elogiar a beleza do nosso povo, preservar nossa história, enfim, exercer a sergipanidade. É saudável.

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