terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sou favorável às cotas na UFS. E você?


Há tempos venho prestando atenção nessa acirrada discussão da sociedade sobre cotas nas universidades públicas. Sou favorável às referidas reservas de vagas para negros, índios e estudantes de escolas públicas, sim. Com muita convicção. Mas ouço sempre as ponderações. Afinal, nascer com pele branca e viver nas benesses da classe média neste país é tarefa fácil, diante das dificuldades que enfrentam os irmãos de cor. Diga que não é!
Ontem, num telejornal local, vi o reitor da Universidade Federal de Sergipe, Josué Modesto, fazendo uma explanação e defendendo categoricamente o sistema que começa a ser adotado na instituição este ano. Por aqui, 50% das vagas no vestibular estão destinadas aos alunos oriundos de escolas públicas, sendo que desses 50%, 70% vai para negros e índios. Muito bacana, isso. Aplausos para a UFS.
Curioso foi ouvir o argumento de uma moça contrária ao sistema de reservas de vagas. Segundo ela, nos últimos dez anos vem se sacrificando ao máximo para pagar as mensalidades dos filhos nas melhores escolas particulares de Aracaju. Gasta cerca de R$ 1,5 mil por mês e por isso não se conforma com a possibilidade real de ter que ver seus filhos disputando apenas 50% das vagas em medicina. Ora, bolas. Mande seus filhos estudar mais um pouquinho, minha senhora. Afinal, estão nas melhores escolas da cidade.
Então é isso. O que sei é que na história da humanidade, nenhuma revolução foi levada à prática rodeada em louros. Ainda mais quando se trata de uma revolução no campo das injustiças sociais. As contestações, as intolerâncias, as incompreensões e as agressões sempre fazem parte do cardápio daqueles que se dizem contrários. Em geral, são pessoas que não conseguem enxergar um palmo sequer à frente do nariz. Não pensam na coletividade e vivem buscando argumentos para justificar a necessidade de satisfazer o auto-ego.
A propósito, falando em cotas para negros, toda aquela história de que se trata de uma reparação por causa dos incontáveis anos de exclusão das minorias no Brasil tem sentido. Só não entende quem não quer entender. Aliás, meu amigo Fernando Conceição, um respeitado estudioso e militante da causa negra no país, defende uma política afirmativa muito mais ampla, incluindo a reparação financeira para afro-descendentes. Isso, é claro, porque já foi comprovado que nossos ancestrais foram forçados a vir para o Brasil na época da escravidão e seus descendentes jamais foram indenizados por isso. Será que não bastou?

Gilson Sousa

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