quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Adeus a Célio Nunes


São muitos os colegas jornalistas que nesta hora estão com os sentimentos abalados por conta do falecimento de Célio Nunes. É verdadeiramente uma perda irreparável. Um homem como poucos, que viveu intensamente à base da sua inteligência e proporcionou muita coisa boa nesse nosso jornalismo tão carente.
Sim, Célio Nunes morreu hoje. Morreu um dos jornalistas mais influentes e mais queridos neste Estado. Morreu um comunista convicto. Um literato. Um homem que semeou fatos importantes por onde passou. Um profissional apegado à qualidade do que fazia quando entrava numa redação de jornal e decifrava o mundo com suas palavras intrigantes.
Nos seus escritos, Célio era irônico, perspicaz, afável e agressivo ao mesmo tempo. Coisa que só os inteligentes conseguem fazer. Seja na crônica, no artigo, no conto. Por isso vamos ficar órfãos desse estilo para sempre.
Então vamos reverenciar aquele que foi capaz de criar um caderno cultural nesta cidade – o Arte e Literatura -, encartado no Jornal da Manhã, somente para desaguar a enorme produção literária que havia por aqui décadas passadas. Vamos reverenciar com orgulho aquele que brigou nas ruas do país contra o militarismo, foi preso, torturado, mas nunca largou seu ideal socialista de lado.
E Célio nos deixou. Foi juntar-se ao seu pai, Zé Nunes, outro comunista histórico que nos anos 60 e 70 esbravejou contra o regime de ditadura ao lado do meu pai, Luiz Pedro. E agora estão todos lá, não sei onde. Sei que cumpriram bem a missão aqui na Terra. Meu pai, meu amigo Célio, serei eternamente grato a vocês pelos ensinamentos e aberturas.
A propósito, nunca é demais lembrar que toda a minha relação com o jornalismo teve a participação vital de Célio Nunes. Foi o primeiro a me convidar para trabalhar numa redação em 1989. Foi o primeiro a colocar sua assinatura na minha carteira de trabalho novinha em folha. Foi o primeiro a abrir portas para mim. Foi e continuará sendo um mestre.
Que Deus proteja a sua alma, meu amigo Célio.

Gilson Sousa

Na foto, de 1990, estão Jackson da Silva Lima, José Carlos Teixeira, Santo Souza, eu, Jeová Santana e Célio Nunes.

2 comentários:

  1. Célio Nunes foi, além de um excelente profissional do jornalismo e das letras, um ser humano doce e sensível. Também lamentei bastante essa perda!

    ResponderExcluir
  2. Louvável o preito que o jornalista Gilson presta à momória de Célio Nunes, homem probo que pautou sua vida segundo seus ideais. Os que conheceram o notável homem público jamais esquecerão sua luta em prol do verbo livre.

    ResponderExcluir