quarta-feira, 29 de julho de 2009

Larry Rohter e a cachaça de Lula



Em tempo de discussões acirradas em torno da profissão de jornalismo, um bom livro que conta histórias de um jornalista me chamou a atenção. Trata-se de “Deu no New York Times – O Brasil segundo a ótica de um repórter do jornal mais influente do mundo”. O repórter em questão é Larry Rohter, o polêmico e corajoso americano que quase foi expulso do país em 2004 por escrever uma bela reportagem sobre as bebedeiras do presidente Lula.
Na verdade, o talento de Larry como jornalista é indiscutível. O problema é que ele é declaradamente preconceituoso em relação a Lula enquanto presidente da República. Aliás, no livro deixa claro que é admirador da política de Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente neoliberal e entreguista. Mas nada disso faz do livro algo ruim. Pelo contrário, os textos inéditos e reportagens republicadas mostram um Brasil que muitos de nós desconhecemos.
O americano Larry, sem dúvida, tem uma base cultural espetacular. É fã declarado do Brasil, em vários aspectos. Diz que o resultado do seu livro “é um retrato ao mesmo tempo contundente e apaixonado do país, que passa longe, muito longe, do Brasil ‘para gringo ver’”. Todavia, ele foi pegar logo no pé do PT e acabou se metendo em várias encrencas por aqui.
“Eu tinha me tornado muito mais que uma pedra no sapato deles, atrapalhando, com minhas matérias críticas, os planos para aumentar o prestígio de Lula no cenário internacional. Portanto, eles queriam se livrar de mim”, confessou, sem modéstia, o jornalista. Além da cachaça do presidente, ele foi fundo na história do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Campinas, como também no episódio do Mensalão que escandalizou o país.
E cá para nós. É claro que o problema de Lula com a cachaça não dá para esconder de ninguém. Mas sair reportagem no New York Times foi demais para a vaidade dos petistas. A propósito, até aqui em Aracaju, nos áureos tempos do bar Gosto Gostoso (década de 1980), vez ou outra o então sindicalista Lula aparecia rodeado de petistas e enfiado na cachaça oferecida pelo boa praça Fernando Montalvão. Vai negar?
Além disso, as piadas sobre o assunto são comuns e corriqueiras país afora. Gosto de uma que diz que conselho de mãe nunca é bom seguir à risca. Nesse caso, a mãe de Lula havia dito a ele várias vezes: “Você pensa que sem estudar, sem trabalhar e bebendo cachaça vai ser alguém na vida?”. Pois é. Deu no que deu.

Gilson Sousa

Um comentário:

  1. O velhinho Jairo tem um grande flagrante do nosso presidente embriagado em Sergipe, na década de 80.
    Abraço, Álvaro Müller

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