terça-feira, 16 de junho de 2009

“El paredón” baiano


Chico Ribeiro Neto (chicoribe@gmail.com) é jornalista

Um grupo atacava ferrenhamente Fidel Castro e só um professor defendia o ex-ditador da ilha. Usando os argumentos de que a saúde e a educação de lá são melhores do que aqui, ele era o único na mesa a defender Fidel. O grupo que atacava o regime de Cuba afirmava que o principal não tem lá, que é a democracia.
A cena acontecia no Bar do Chico, na Barra, quando o professor, cercado de ataques por todos os lados, bradou que “deveria ter um paredão na Bahia”. Foi quando um vizinho da mesa entrou em cena e disse que um “paredão” aqui seria impossível, por vários motivos.
Primeiro, porque, no dia marcado para a execução dos dissidentes, o sargento que comandará o fuzilamento não vai aparecer, pois foi pra Lavagem de Itapuã. Seu substituto imediato, o cabo, também não aparecerá, porque foi tentar vender um Chevette para pagar dívidas.
Segundo, porque a notícia de que a execução será às 8 horas se espalhará rápido por Salvador e logo cedo vão começar a chegar vendedores de cerveja com isopor, churrasquinho de gato, baianas de acarajé e o escambau: “Ouvimos dizer que vai ter um tal de paredão e que vai aparecer muita gente”.
Dias antes, alguns donos de blocos, sempre ávidos por dinheiro, criarão o “1º Ensaio do Paredão”, já anunciando a “Ressaca do Paredão”.
No dia da execução, quando foi chegando perto das 8 horas, já havia uma multidão, chegou um trio elétrico, tiraram as algemas dos dissidentes e o couro comeu até de manhã. No dia seguinte, amanheceu escrito no muro onde os presos seriam executados: “Valeu, Primeiro Paredão! Até 2010!”

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