segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fornece-se marmita e aplica-se injeção


Chico Ribeiro Neto (chicoribe@gmail.com) é jornalista

Os cartazes de bares e lanchonetes populares são uma lição de humor e sabedoria. Minha amiga Regina Castro foi supervisora escolar na região de Paulo Afonso, na Bahia. Nos primeiros dias, enfrentou grande reação das professoras, principalmente das mais velhas.
Morando sozinha numa pensão, naquele calor infernal de Paulo Afonso, insatisfeita com o trabalho, foi fazer um lanche e estava espetado num pastel o seguinte aviso: “O sonho acabou”.
Um amigo me conta que viu o seguinte cartaz numa loja do interior baiano: “Internet/ Game/ Xerox/ E aceitamos encomenda de pastel”. Ou então aquele de uma barbearia: “Corto cabelo e pinto”.
Não vender fiado também é motivo para muitos cartazes. O mais famoso, talvez, é o curto e grosso “Fiado só amanhã”. Havia também outro que fazia muito sucesso nos armazéns e bares: “23 já me falaram em fiado. Só falta você”.
Havia um boteco na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, onde uma das principais atrações era o tira-gosto de testículo de boi. O dono, muito preocupado com as mulheres que freqüentavam o local, escreveu num cardápio, que era um pedaço de papelão: “Q. De Boi”.
Perto do Carnaval, na entrada da Roça da Sabina, no Chame-Chame, um cartaz no muro: “Alugo quarto para Carnaval. Tratar com Baco”.
Outro texto fantástico de um cartaz me foi passado uma vez pelo professor Cid Teixeira, um retrato da “viração” da classe média para sobreviver. Na janela de uma casa do bairro do Santo Antônio, também em Salvador, estava lá escrito:
“Fornece-se marmita
Aplica-se injeção
Cobre-se casa
Forra-se botão”.

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